Boato – Nova safra de arroz foi infectada com vírus e bactérias que podem levar a morte por estudantes universitários. Governo quer esconder informação.
Em 2015, o texto mais lido do Boatos.org foi o que dizia que o feijão estava infectado e diversas pessoas haviam morrido por causa disso. Agora, em 2016, o feijão ganha uma companhia nos boatos online. Desta vez, um texto aponta que o arroz brasileiro está infectado.
É isso mesmo. Um texto que circula com força pelo WhatsApp e Facebook dá conta que estudantes teriam infectado a nova safra de arroz com “vírus e bactérias” que podem causar a morte. Pior, como o Ministério da Saúde não tem dinheiro para tirar a bactéria, o governo está escondendo a informação. Leia:
ATENÇÃO ⛔
O governo brasileiro está escondendo uma informação da população. A nova safra de arroz referente a colheita do mês de Outubro foi infectada com vírus e bactérias por estudantes universitários em visitas nas plantações. Esses vírus e bactérias causam infecção no estômago podendo levar a morte. O Ministério da Saúde não tem dinheiro para tirar a bacteria dessa safra de arroz.
☑☑ REPASSEM para o maior número de pessoas, não deixe que elas comam arroz das marcas Carreteiro, Máximo, Ouro e Tio João pelos próximos meses. Vamos nos prevenir e denunciar. Parem de comer arroz!
Arroz está infectado com vírus e bactérias e pode matar?
É claro que a história chamou atenção online e muita gente ficou preocupada com a informação. Mas será mesmo que o arroz está contaminado e matando as pessoas? A resposta é não. Vamos aos fatos.
Como você deve imaginar, o próprio caráter da mensagem já denuncia que a história é falsa. Uma leitura já nos faz perceber que, assim como a maioria dos boatos que circulam na internet, ele é um tanto quanto vago. Se você acha que não, olhe quantas perguntas ficam sem resposta no texto:
De onde saiu esta informação? Quais foram os estudantes que infectaram? E como estudantes conseguiram infectar tudo? Quais vírus são? Quais bactérias? Por que o governo prefere autorizar arroz infectado a proibir se não ganha nada com a venda dos produtos e ainda teria que enfrentar uma crise de saúde se fosse verdade?
Tem outras perguntas, mas essas são só para você raciocinar sobre o assunto. Para além disso, há outras informações erradas no texto. A primeira é que o Ministério da Saúde não teria o mínimo de obrigação de tirar uma bactéria do arroz. A Anvisa teria apenas que proibir a venda das tais marcas. E como podemos ver aqui, não há nenhuma proibição ou aleta. Sequer uma notícia sobre o assunto existe.
Além disso, o texto aponta para algumas marcas de forma errônea. Ok, Tio João e Carreteiro (que foi comprada pela Camil) até existem. Agora o arroz “Ouro” seria o “Ouro Branco” e o “Máximo” seria o “Sabor Máximo”. A não ser que existam marcas com esse nome sem um registro sequer na internet.
Junte a tudo que falamos antes com o fato do texto ter muitas características de boatos (caráter alarmista, falta de fontes, pedido de compartilhamento) e temos mais uma história falsa circulando por aí. Pode comer o seu arroz tranquilamente porque não tem problema algum com vírus e bactérias.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão dos leitores Eloa Gonçalves, Verônica Pardo e quatro pessoas que não se identificaram por WhatsApp. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato pelo site, Facebook ou envie uma mensagem para o número (61) 99331-6821 no WhatsApp.