Boato – O arroz da China feito de resina que causa câncer já chegou ao Brasil. Está sendo vendido no DF e derrete quando pega fogo.
Análise
O que não tem faltado na internet são mensagens falsas com ataques à decisão do governo de importar arroz para baratear o preço do produto (que pode ter variação por conta das enchentes no Rio Grande do Sul).
A mais nova mensagem que põe em xeque a qualidade do produto importado é uma reciclagem de outros conteúdos já desmentidos. Um vídeo de uma mulher desesperada após o arroz queimar ao ser colocado diretamente no fogo está circulando junto com uma mensagem que aponta que o produto seria da China, feito de resina e já teria chegado ao Brasil. Leia a mensagem:
Confira o desmentido em vídeo:
*Utilidade pública !!!* DENÚNCIA GRAVÍSSIMA ARROZ DA CHINA DISTRIBUIDO NA CDA DE ALIMENTOS EM ANÁPOLIS GO É VENDIDO BARATO NO DF E É FEITO DE RESINA E CAUSA CONSTIPAÇÃO AGUDA E CÂNCER A MÉDIO PRAZO!!!
Checagem
O que não faltou na internet foi gente compartilhando a história. Assim como nos casos que citavam o “arroz de plástico” e o “sintético”, trata-se de um absurdo. Por isso, vamos realizar a checagem do conteúdo respondendo a algumas perguntas. São elas: 1) É verdade que há algum arroz da China feito de resina que chegou ao Brasil? 2) O vídeo em questão mostra, de fato, um arroz feito de plástico ou de resina? 3) Qual será o produto que será importado pelo governo brasileiro?
É verdade que há algum arroz da China feito de resina que chegou ao Brasil?
Não. Trata-se de mais uma acusação absurda envolvida com o tema. Primeiro: já mostramos que não há “arroz de resina” feito para consumo. Há, de fato, uma máquina criada para produzir o tal arroz artificial, que pode ser feito com outros cereais e arroz (principalmente, com grãos quebrados). Porém, não se trata de um produto de resina ou plástico.
Segundo: este produto não foi importado pelo governo do Brasil. Ainda não foi definido de onde será importado o arroz que será vendido a baixo custo. O pregão do leilão foi cancelado. Vale apontar que o edital deixa bem claro que o produto importado será o “de verdade”, mais exatamente do tipo 1.
O vídeo em questão mostra, de fato, um arroz feito de plástico ou de resina?
Também não. Isso foi desmentido aqui. Apesar do desespero da mulher do vídeo, não é possível comprovar que o arroz seja de plástico. O vídeo não mostra o alimento “derretendo”. Na realidade, ele mostra o produto sendo queimado (o que acontece quando as coisas são colocadas no fogo).
Qual será o produto que será importado pelo governo brasileiro?
Voltando ao edital. Como falamos, ainda não há a definição em relação ao país que vai enviar o arroz para o Brasil. Porém, há definição do produto. Veja o que está previsto no edital da Conab que trata de importação:
Até momentos antes de publicarmos este conteúdo, a Conab havia publicado regras para o leilão que prevê a compra do arroz para ser vendido no Brasil.
Apesar de o leilão ter sido suspenso, o edital nos ajuda a ter uma ideia de como será o produto comprado. Entre as regras, está de o arroz ser de “tipo 1” (ou seja, o de melhor qualidade possível), não deve ser aromático e vai passar por inspeção para controle de qualidade.
Não está permitida a compra de “arroz artificial”. Vale apontar que o próprio site chinês aponta que o “enriquecido” acaba sendo mais caro do que o comum, o que também não seria rentável.
Como o leilão não foi feito, não é possível saber de que país o arroz será importado. Pode ser que seja do Mercosul, de países asiáticos e de qualquer outro lugar. Só uma coisa é fato: não vai se tratar de um produto artificial. Vai ser “real” (só que com preços mais competitivos).
É importante que se tenha ciência que todo o arroz importado pela Conab vai passar por uma rígida inspeção. Logo, um “produto de plástico” (ou sintético) não poderia ser comprado.
Conclusão
Fake news ❌
Temos mais um episódio da besteira imensa que está circulando na internet. O arroz que será importado pelo Brasil não será sintético, de plástico ou de resina. A mensagem que está circulando é falsa e o vídeo não comprova que o produto não seja “natural”.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610).