Boato – Garota que aceitou carona do paquera depois da balada foi salva por PMs. Policiais encontraram o rapaz cavando a cova dela.
O mundo é um lugar perigoso para mulheres (é para muitos outros grupos, mas particularmente neste texto nos focaremos nas mulheres). Não precisa ser expert em causas sociais para saber. Basta prestar atenção nos noticiários onde vez e sempre aparecem histórias absurdas de crimes misóginos, muitos deles mortais. É uma realidade triste.
E como se não bastasse ter de lidar diariamente com olhares, cantadas, ofensas, agressões e desrespeitos contínuos, também é preciso lidar com histórias falsas que tem como propósito só reforçar um pensamento universal – a culpa é sempre da mulher.
Essa história que está se espalhando pela web fala do caso impressionante da jovem que aceitou uma carona e foi milagrosamente salva por policiais militares. O suposto ‘paquera’ da garota já estava preparando a cova onde a jogaria se a PM não aparecesse.
Confira a história ‘de arrepiar’:
‘Um grupo de seis amigas estava semana passada numa casa noturna badalada em Floripa quando foram convidadas para ficar no camarote ocupado por alguns rapazes. Foram, viram e gostaram. Mas foram embora mais tarde. Uma delas ficou a convite de um deles. E saíram juntos rumo à Lagoa da Conceição. No morro, o cara parou seu carro, disse que ia fazer xixi e que ela esperasse no carro. Só que ele começou a demorar.
Quando de repente apareceu uma viatura da PM e parou ao lado do carro, perguntando o que a moça fazia ali naquele horário e sozinha? Ela respondeu que seu acompanhante estava fazendo xixi, mas que também estava estranhando a demora. Então a polícia foi ver o que se passava. Para a surpresa dos PMs, o rapaz foi encontrado cavando uma cova. Ao checar a ficha dele, descobriu-se que o rapaz da balada era autor de dois assassinatos. A terceira vítima foi salva por um milagre. Ou melhor, pela polícia.
Não tenho, ainda, elementos para dizer que é mentirosa ou verdadeira essa história. […] Mas, pelo sim, pelo não, recomenda-se evitar caronas com homens que não se conhece nas baladas. Pelo menos pelos próximos dias’.
Que caso impressionante, não? Não. Sem muitos rodeios, essa história não procede. Apesar de ter sido publicada no começo de março por um colunista no site do Diário Catarinense, esse ‘causo’ já rodou a web muito antes disso.
Em uma postagem feita no Facebook em agosto de 2015, mais de 1400 pessoas curtiram, compartilharam e/ou comentaram o ocorrido. Porém, nesta versão, a garota salva era de Porto Alegre.
Mas não tinha acontecido em Florianópolis? É provável que não tenha acontecido em lugar nenhum, ocorrências idênticas que aparecem em lugares completamente diferentes geralmente são falsas. O espaço de tempo entre as postagens também corrobora isso.
Portanto, é um boato, inventado para tentar alertar às pessoas, só que pelo viés errado. O mote da coisa deveria ser – ‘o mundo é tão misógino que uma mulher pode acabar morta ao aceitar uma carona’, não o ‘não aceite carona depois da balada’. Tão importante quanto não repassar balela por aí, é rever os próprios conceitos.