Boato – Crítico do governo, Diogo Mainardi escreveu história sobre lição de educação de um pai ‘reaça’ a filho petista.
A saída do PMDB do lado do Governo foi mais uma pitada de tempero no ensopado da política nacional. Com o fim dessa relação que já durava 14 anos, a presidente Dilma Rousseff fica cada dia mais isolada no Planalto e a possibilidade de Impeachment é cada vez maior.
Nisso, as críticas ao PT também continuam em alta, o que deixa o cenário perfeito para propagar cada vez mais histórias – verdadeiras e falsas – relacionado a política. Uma das mais ‘bombadas’ do momento envolve o escritor Diogo Mainardi.
Segundo a história que circula pelo Facebook, Mainardi escreveu uma lição de educação de pai para filho. O enredo, basicamente sobre o pai usar a ironia para educar o filho petista, já foi compartilhado por mais de 30 mil pessoas e esse número não para de crescer.
Confira:
O pai senta-se ao lado do filho e explica:
– Pois é… cansei de discutir contigo e passei a achar que você tem razão. Por falar nisso, lembra do Luís, aquele que te pediu dois mil reais da tua poupança emprestado para dar entrada numa moto?
– O que tem ele? Pergunta o filho…
– Pois é… Liguei pra casa dele e perdoei a dívida. E fiz mais! Falei que ele não precisa se preocupar com as prestações, pois vou usar oitenta por cento da sua mesada para pagar o financiamento!
– Pai!!!!! Você ficou louco? Pirou?
– Filho, lembre-se que agora nós somos petistas” Perdoar dívidas e financiar o que não é nosso com o que não é nosso é a nossa especialidade! Temos que dar o exemplo! E tem mais! Agora 49% do seu carro eu passei para sua irmã. Vendi pra ela quase a metade do seu carro! […]
– Mas o carro é meu, papai! Não podia fazer isso! Não pode vender o que não é seu!
– Podia sim! Nossa Presidenta fez isso com a Petrobrás e você foi o primeiro a apoiar! Só estamos seguindo o caminho dela! Outra coisa! Doei seu computador, seu notebook e seu tablet para os carentes lá do morro. Agora eles vão poder se conectar!
– Pai! Que sacanagem é essa?
– Não é sacanagem não, filho! Nós petistas defendemos a doação do que não é nosso, lembra? Doamos aviões, helicópteros, tanques… O que é um computador, um tablet e um note diante disso? […]
– Filho, lembra daquele assaltante que te ameaçou de morte, te espancou e roubou teu celular? Vou agora mesmo retirar a queixa e depois para a porta da penitenciária exigir a soltura dele, dizendo que ele é inocente!
– Pai… pelo amor de Deus… Você não pode fazer isso… O cara é perigoso!
– Perigoso nada! É direitos Humanos que nós pregamos, filho! Somos petistas com muito orgulho!
– Mas o cara me espancou! Me roubou, pai!
– Alto lá! Não há provas disso! Isso é estado de exceção! O rapaz é inocente! Nós fizemos a mesma coisa com os companheiros acusados no mensalão!
– Mas ele estava armado quando a polícia chegou!
– E daí????? Ele estava armado, mas quem prova que a arma era dele? A revista Veja? Isso é coisa de reaça, filho!
– Papai, você ficou doido! E o pai finaliza:
– Fiquei doido, ô seu filho da […]? Na hora de defender bandido que roubou uma nação você é petista, mas se roubarem você, deixa de ser. Na hora de doar, perdoar dívidas e fazer financiamentos com o que é dos outros, você é petista. Mas se fizer o mesmo com você, deixa de ser. Na hora de dilapidar o patrimônio nacional, vendendo o que é mais precioso e não pertence ao PT e sim ao povo, você é petista, mas se vender metade do que é seu, você deixa de ser! Dito isso, tirou o cinto de couro grosso e mandou a cinturada no moleque!
[…] PEGA AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI!
– Vou pra onde, papai? Perguntou chorando…
– […] Agora você é um dos sem-teto que você defende, seu moleque cagão! E vai se consultar com médico cubano, porque eu cancelei teu plano de saúde!
Dois dias depois o moleque bateu na porta curado. Não era mais petista e não havia mais DCE ou JPT. E nem chamava o pai de “reaça”.
E o milagre da educação aconteceu.
(Diogo Mainardi)
É uma baita lição, certo? Pode ser (ou não) e não vamos discutir opinião aqui. Apenas esclarecer que não foi Diogo Mainardi quem escreveu essa história. Apesar dos anos como colunista na revista Veja, de seus inúmeros textos contrários ao governo e de já ter sido considerado pelas lideranças do PT um ‘pitdbull da grande mídia’, não há um indício sequer de que Mainardi tenha escrito esse texto.
No entanto, essa história circula já há alguns, algumas com a ‘assinatura’ do escritor, outras sem crédito. Procuramos por todos os lados, até mesmo no blog que Mainardi mantém com o jornalista, ex-chefe de redação da Veja, e nada.
Além disso, não precisa habilidades especiais para perceber que o texto não foi escrito por um colunista renomado. A quantidade de palavrões que, claro, retiramos do texto, já prova isso. Uma comparação rápida com o estilo de crítica de Mainardi já permite perceber que mesmo muito ‘raivoso’ ele não utiliza palavras de baixo calão.
Ou seja, informação errada mesmo. E lembrando, o nome de uma pessoa no final do texto não necessariamente quer dizer que ela escreveu. Que o digam os estudiosos de Clarice Lispector sobre as citações sem fim que fazem ‘dela’ no Facebook.