Boato – Engenheiros, médicos e policiais conquistam no Supremo a garantia de desconto em carros 0 km, direito que já é de taxistas.
Em tempos são tão confortáveis para os trabalhadores, a notícia da conquista de um direito que garante o desconto de 30% na compra de um carro 0 km chama a atenção de diversas pessoas.
Nas últimas semanas, a informação de que engenheiros, médicos e policiais conseguiram no Supremo a garantia de direitos iguais a taxistas – o desconto na compra de um carro novo – invadiu o Whatsapp. Confira um trecho da história que anda circulando pela rede social (editamos para colocar as três versões que vimos em um texto só):
Engenheiros (ou médicos ou policiais) ganham no SUPREMO Direitos iguais a TAXISTAS. A partir de agora os Engenheiros ou médicos ou policiais de todo Brasil, terão os mesmos descontos (30%) que os taxistas para compra de carro zero km. O PLC 146/2015 que estava bloqueada no Senado Federal foi votada esta semana e aprovada por unanimidade após decisão do Supremo. Mais uma conquista da Classe. Confira a lei na integra.
Engenheiros, médicos e policiais ganharam o mesmo direito dos taxistas?
Slow down! Detesto ser a pessoa que vem trazer as más notícias, mas gostaria de informar às classes de engenheiros, médicos e policias que a tal história não passa de história mal contada. É isso aí que vocês ouviram: boato.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o Supremo Tribunal Federal (STF) não vota projetos de lei (PL). A principal função do STF é guardar a Constituição. Ou seja, fiscalizar se os poderes legislativo, executivo e judiciário não estão atropelando a Constituição. Ou seja, cabe ao STF julgar se um projeto de lei é constitucional ou não, podendo ser votado ou não, mas não cabe ao STF votar e aprovar projetos. Essa é função dos poderes legislativo e executivo.
Também vale lembrar que uma pesquisa nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ajuda a enquadrar a história como um verdadeiro boato. No site da Câmara, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 146/2015 fala sobre uma alteração na competência do Banco Central do Brasil. Já no site do Senado Federal, o projeto de mesmo número fala sobre a fixação de um percentual mínimo para jovens nas eleições proporcionais.
Por fim, a própria história faz uma pegadinha com aqueles que desistem da leitura na metade do caminho. Acontece que a história apresenta um link no final do texto, supostamente para as pessoas terem mais informações sobre o fato. Quando você clica no link, surpresa! Então, nada passou, mais uma vez, de boato. A lição que fica é: leia até o final antes de compartilhar.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de diversos leitores por WhatsApp. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99331-6821.