Boato – Por causa de decisão de Alexandre de Moraes, os caminhoneiros de todo Brasil resolveram realizar uma greve geral no dia 18 de novembro de 2022.
Os movimentos golpistas que pedem que uma intervenção militar ocorra no Brasil (algo que não é previsto na Constituição) sofreram um duro golpe após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes de bloquear contas de empresas suspeitas de financiar os atos.
A reação já surgiu em grupos bolsonaristas e está na forma de uma ameaça de “greve geral dos caminhoneiros no Brasil” que iria ocorrer no dia 18 de novembro de 2022. Áudios e mensagens apontam que a classe de todo o Brasil resolveu se unir e parar. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Versão 1: Greve Geral!!! Após ordem de Alexandre de Moraes para bloquear contas físicas, jurídicas e multar caminhoneiros que estão se manifestando pacificamente em Brasília, profissionais do setor se unem e prometem estacionar os caminhões e não transportar nada em todo território nacional! Versão 2: Caminhões em GREVE A partir de 18/11/2022 BRASIL PARADO #SOSForças Armadas #ForaDitaduraSTF
Greve geral de todos os caminhoneiros do Brasil vai ser deflagrada em 18/11/2022?
Desde 2018, quando, de fato, ocorreu uma greve de caminhoneiros no Brasil (com pautas relacionadas à categoria e demandas negociáveis), periodicamente aparecem ameaças de greve de caminhoneiros que vão parar o Brasil. Por isso, cá estamos para dizer que não haverá greve de caminhoneiros no dia 18 de novembro de 2022 e explicar que o movimento de pessoas com caminhões que pede intervenção não pode ser chamada de “greve dos caminhoneiros”.
A expressão “greve dos caminhoneiros” tem sido utilizada como um mantra, principalmente pela extrema-direita, por conta de os brasileiros já terem experimentado uma greve de verdade da classe. Porém, nenhum dos movimentos que ocorreram após a greve de 2018 e ocorrem com pessoas em caminhões pode ser considerado um movimento de classe.
Na realidade, são movimentos políticos orquestrados por algumas pessoas em que os caminhões (e alguns caminhoneiros) são utilizados duplamente como ferramenta. Primeiro, porque um caminhão bloqueia mais facilmente uma estrada e causa mais impacto (por conta do tamanho). Segundo, porque a manifestação golpista ganha uma “cara” de movimento de classe.
Já falamos inúmeras vezes que movimentos como esse não têm adesão das principais entidades de classe e, muito menos, de caminhoneiros. Ao contrário do que muitos imaginam, o caminhoneiro está mais preocupado com questões como o preço do combustível e do frete (isso sim poderia resultar em uma greve) do que com quem é o presidente.
Isso pode ser visto em algumas reações de entidades e caminhoneiros de verdade. Quando os “patriotas” (outra nomenclatura falsa para estes grupos) resolveram se manifestar contra o resultado das eleições, entidades se posicionaram contrárias ao movimento e deixaram claro que não se trata de uma greve. Veja o que a CNTA apontou:
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) vem a público esclarecer sobre as manifestações em rodovias pelo País. Primeiramente este não é um movimento dos caminhoneiros autônomos tampouco uma greve da categoria. Tratam-se de manifestações individuais de cidadãos brasileiros, sem coordenação setorizada da sociedade civil, sendo que nenhuma entidade de representação do sistema CNTA (sindicatos e federações de caminhoneiros autônomos) estão envolvidas em qualquer ponto de concentração no País.
A categoria foi surpreendida por interdições e bloqueios improvisados no seu local de trabalho, ou seja, as rodovias. Não houve qualquer planejamento ou convocação prévia, e assim, não foi dada a oportunidade aos caminhoneiros de escolherem estar presentes ou não nos pontos de manifestação, uma vez que transportam e abastecem ininterruptamente o País. Dessa forma, a presença de caminhões nas estradas não reflete a participação efetiva da categoria nos movimentos. Este não é um movimento orquestrado por uma categoria e não há nenhuma pauta de reivindicação referente ao trabalho dos caminhoneiros autônomos, por isso não deve ser caracterizado como uma greve.
A CNTA afirma que sempre estará ao lado dos caminhoneiros autônomos defendendo a decisão da maioria. Diante de tudo isso, a entidade ressalta ainda que a categoria não deve ser responsabilizada pelos bloqueios e por suas possíveis consequências à sociedade brasileira. Por fim, a CNTA reforça para a opinião pública a responsabilidade e a seriedade dos caminhoneiros autônomos no trabalho incansável para movimentar e abastecer o País mesmo diante de grandes crises mundiais como pandemia, oscilação do preço do diesel e a guerra, estando sempre ao lado da ordem e do estado democrático de direito.
Agora, isso tem sido reforçado por outras lideranças. Um representante do Sindicam, por exemplo, ressaltou que não haverá greve dos caminhoneiros no dia 18 de novembro de 2022. Detalhe: ele chegou a apoiar as manifestações após as eleições de 2022.
É importante lembrar que não foram poucas as vezes que tentaram incitar caminhoneiros a não trabalharem com anúncios de greves que não ocorreram. Isso ocorreu, por exemplo, próximo ao 7 de setembro de 2021, durante a pandemia e até no “pedido de aprovação da reforma da Previdência”.
Resumindo: é falsa a informação que aponta que haverá uma greve dos caminhoneiros no dia 18 de novembro de 2022. Além de o movimento de pessoas com caminhão não condizer com uma “greve de classe”, essa ameaça já é um clássico em termos de fake news na internet.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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