Boato – ONG diz que ser gay é mais difícil do que ser negro na escola e quer 25% de reserva de vagas em universidades para LGBTs. Homossexuais quer cota.
Nos últimos anos, grupos minoritários têm conquistado direitos que até então eles imaginavam distantes. Tendo seus direitos respeitados, esses grupos ganham representatividade e mais ânimo para continuar lutando por uma sociedade, de acordo com a opinião deles, mais justa e igualitária.
Recentemente, a aprovação de cotas raciais em duas das principais universidades do país, Unicamp e USP, causou comoção e alegria entre os grupos de que atuam em defesa do direito dos negros. Mas também causou revolta, principalmente entre aqueles que são extremamente contra qualquer tipo de cota na universidade. Esse fato, é claro, fez surgir na internet diversas notícias sobre outros tipos de cotas que poderiam ser aprovadas nas universidades públicas. Confira:
A decisão da USP de abrir cotas raciais e sociais em seu processo seletivo não agradou os homossexuais que se sentiram excluídos e querem também obter a reserva de vagas para vestibulandos declaradamente homossexuais. Em decisão inédita, o Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou, nesta terça-feira (4), a reserva de vagas para alunos vindos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI) nos cursos de graduação a partir do próximo ano. É a primeira vez que a USP irá adotar um sistema de cotas sociais e raciais. […] A decisão não agradou em nada os grupos de defesa dos homossexuais. Fernando Gottardi Neves, presidente da ONG Homoafetivismo Brasil, afirmou que “é uma palhaçada sem tamanho. Por que só os negros possuem reserva de vagas? E nós homossexuais? Vamos ficar de fora outra vez? Queremos pelo menos 25% das vagas para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros”.
Afinal, os homossexuais querem mesmo cotas em universidades?
Para os desavisados que pensam que os grupos minoritários querem dominar o mundo com base em cotas e coisas do tipo, a história pode até fazer algum sentido. Mas, na verdade, a informação é mais falsa do que nota de R$3.
A notícia de que gays querem cotas em universidades é derivada de outra matéria: a de que “homossexuais querem cotas para concursos públicos”, que já foi desmentida pelo Boatos.org. Além disso, ambas as notícias foram publicadas pelo mesmo site, que é conhecido por divulgar informações falsas.
No caso da matéria sobre as cotas para o grupo LGBT em universidades, os dois primeiros parágrafos da notícia são cópias de um texto da Agência Brasil, que relatava a aprovação de cotas raciais na USP. Do terceiro parágrafo em diante, as informações são inventadas. A ONG Homoafetivismo Brasil bem como o presidente Fernando Gottardi Neves, citados na matéria, não existem. Por sinal, Qualquer busca sobre o assunto na internet retorna apenas para a matéria do site em questão.
Vale ressaltar que o termo correto para se referir a atração de pessoas do mesmo sexo é homossexualidade. O termo homossexualismo deixou de ser utilizado após a homossexualidade não ser mais considerada uma doença mental e ser retirada da Classificação Internacional de Doenças (CID), no início dos anos 90.
Resumindo: a notícia é só mais um boato com o intuito de propagar ódio contra o grupo LGBT. Cuidado com o que você compartilha na internet.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de Flávia Regina e de diversos leitores via WhatsApp. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99331-6821.