Pular para o conteúdo
Você está em: Página Inicial > Brasil > Morte indeterminada não foi usada pelo IML do RS para camuflar vítimas

Morte indeterminada não foi usada pelo IML do RS para camuflar vítimas

IML está colocando mortes das enchentes do RS como indeterminada para camuflar número de vítimas, diz boato (Foto: Reprodução/X)

Boato – IML está apontando mortos pelas enchentes como mortes indeterminadas no Rio Grande do Sul

Análise

A tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024 deixou um rastro de destruição e tristeza. Após o nível dos rios baixarem, muitas pessoas estão conseguindo voltar para casa e as autoridades seguem contando os mortos.

Mas de acordo com uma história que está sendo compartilhada nas redes sociais, o IML do Rio Grande do Sul estaria colocando mortos pelas enchentes como mortes indeterminadas. Segundo a história, o IML do Rio Grande do Sul estaria fazendo tudo isso para camuflar o verdadeiro número de mortos pela tragédia. Ainda segundo a história, o IML não estaria permitindo que os familiares identifiquem os corpos de seus parentes e ainda estaria exigindo que eles assinassem um termo, afirmando que a morte é suspeita. Confira:

Versão 1: “Você sabe, ou alguém sabe por que não querem permitir o reconhecimento dos corpos no Rio Grande do Sul? Se não morreram afogadas, como faleceram então? Ou nao querem reconhecer que houveram milhoes de mortos?  Na outra situação era tudo “duvid -19”. -Agora é tudo “n a t u r a l” -O sistema é seu inimigo”.

Versão 2: “Tem acontecido muitos casos cujo laudo do IML dá causa morte “indeterminada”. ATENÇÃO familiares dos mortos pelas enchentes no RS. Exijam reconhecimento do corpo (é obrigatório), o laudo da necrópsia deve estar assinado digitalmente pelo profissional, deve estar registrado no documento causa externa, isso pode dar diferença no seguro de vida. Tudo que ficar “indeterminado” favorecerá a maquiagem dos números das vítimas”.

Checagem

A partir dessas informações, checamos toda a história de hoje e, agora, vamos te explicar os motivos para não acreditar nela: 1) Qual é o contexto do vídeo que fala do IML de Canoas? 2) É verdade que o IML está contabilizando os mortos das enchentes do Rio Grande do Sul como causa indeterminada? 3) Há subnotificação de mortes nas enchentes no Rio Grande do Sul?

Qual é o contexto do vídeo que fala do IML de Canoas?

O vídeo já circula há alguns dias na internet e é uma reclamação. De acordo com o homem que aparece nas imagens, seu irmão teria sido vítima das enchentes em Eldorado do Sul (RS). Segundo ele, o corpo do seu irmão estaria no IML de Porto Alegre aguardando liberação.

Entretanto, segundo o homem, o IML de Porto Alegre não teria permitido que a família fizesse a identificação do corpo. Ainda segundo o homem, o IML teria solicitado que a família assinasse um documento, afirmando que a morte estava sendo tratada como indeterminada.

É verdade que o IML está contabilizando os mortos das enchentes do Rio Grande do Sul como causa indeterminada?

Não. O nome do irmão do homem que aparece no vídeo consta na lista dos mortos pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Além disso, o governo do estado do Rio Grande do Sul também desmentiu a história. De acordo com um comunicado, o governo estadual explicou que os Postos Médico-Legais (PMLs) não fazem necropsia e, portanto, não podem atestar a causa do óbito.

A nota ainda aponta que o corpo é examinado pelo médico legista e, posteriormente, caso seja necessário, ele solicita a realização de exames complementares. E enquanto o resultado não é divulgado, a causa da morte é tratada como indeterminada.

É falsa a informação disseminada em vídeo sobre o Posto Médico-Legal (PML) de Canoas atestar que a causa da morte de vítimas das enchentes é indeterminada. O Instituto-Geral de Perícias esclarece que o PML de Canoas não faz necropsia e só funciona como clínica.

As necropsias são feitas no Departamento Médico Legal em Porto Alegre. A causa da morte depende da avaliação do médico legista no momento do exame. Se não forem constatados sinais inequívocos de afogamento, exames complementares são requisitados. Até que saia o resultado definitivo, a causa é indeterminada.

Há subnotificação de mortes nas enchentes no Rio Grande do Sul?

Não. A história de hoje serve apenas para reforçar a tese de que o governo do Rio Grande do Sul está escondendo o número de mortes. Isso não tem a menor lógica. Até o momento, todos os dados oficiais estão corretos, tanto o número de desaparecidos durante as enchentes quanto o número de mortos pela tragédia. Além disso, as autoridades seguem trabalhando para localizar todas as pessoas.

Nenhum óbito está sendo tratado como morte indeterminada de forma intencional. Todas as mortes que ainda não tiveram sua causa determinada ou ainda esperam o resultado de exames são tratadas como indeterminadas.

Conclusão

Fake news ❌

O IML do Rio Grande do Sul não está colocando mortos pelas enchentes como morte indeterminada para camuflar o número de vítimas. A morte indeterminada é usada para designar casos onde a causa da morte ainda não foi determinada ou quando o resultado dos exames do corpo ainda não ficaram prontos. Na região de Porto Alegre (RS), apenas o Departamento Médico Legal, em Porto Alegre (RS), realiza as necropsias e determina a causa da morte. Então, até lá, a morte é tratada como indeterminada.

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610).