Boato – Gás conhecido como “Inferno Azul” está sendo usado por policiais para conter manifestações de rua.
Periodicamente, a polícia está envolvida em casos de notícias falsas ou mal entendidos que circulam na internet. Bastante criticada por algumas devido a atos mais violentos, a polícia é alvo frequente de reclamações na internet. Uma dessas acusações é de que as tropas de choque têm entrado, literalmente, para matar durante os protestos.
Uma foto mostra uma operação realizada pela tropa de choque, onde os policiais lançam um sinalizador com fumaça azul para dispersar os manifestantes. Claro que a imagem viralizou no Facebook. Segundo a postagem, a fumaça seria letal e poderia causar câncer a longo prazo. Junto a foto, foi publicada a seguinte mensagem:
Gás azul: esse é LETAL.Conhecido como inferno azul, bomba de gás foi lançada em grande quantidade nos manifestantes.Foto: Guilherme Carvalho 07/10 Cinelândia
Logo descobrimos que a história não era bem essa. A tal bomba letal, na verdade, trata-se de um sinalizador com fumaça colorida. Eles são geralmente usados para auxiliar na comunicação dos policiais, utilizando cada cor para determinado código. Além disso, não possuem gás lacrimogêneo, que pode causar irritação nas narinas e olhos.
Nessa matéria veiculada pela Gazeta do Povo, podemos observar o mesmo sinalizador. Nesse caso, usado pelo BOPE para marcar o fim da ocupação de nove morros cariocas. Então, se o gás fosse mesmo letal, por que a própria polícia estaria se arriscando dessa maneira? Vale pensar.
A tropa de choque utiliza sim outras granadas mais fortes, mas não letais. Mas a fumaça desses dispositivos é branca e se chama “Rubberball”. A bomba de fumaça azul é conhecida como bomba de distração e não causa nenhum efeito nocivo à saúde.
Portanto, a tal granada letal, de letal não possui nada. É um artefato utilizado para demarcar distância ou para a comunicação entre os policiais. Nesse site, o autor explica um pouco sobre a bomba utilizada pela polícia e diz que, inclusive, ela é usada em shows para compor a cenografia.
Quando digitamos no Google “bomba blue hell” ou “granada blue hell”, não encontramos muitas informações e, as notícias que encontramos, estão ligadas à postagem inicial dos manifestantes e geralmente localizadas no Facebook. Ou seja, não há nenhum site especializado falando ou desmentindo o assunto.
O que se observa é sempre uma história com a mesma lógica: “os manifestantes disseram”, “as pessoas que estavam lá comprovaram”, “os manifestantes reclamaram”. Ou seja, pelo menos desta vez, a polícia não tem nada com isso.
PS: esse artigo foi uma sugestão do leitor Gabriel Mendes Giacomelli. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site ou pelo Facebook.