Boato – Juíza federal bêbada acusa populares de terem estacionado em local proibido, discute no meio da rua e ameaça denunciar o caso ao Ministério Público.
Fevereiro já começou, mas a procura pelo litoral catarinense não diminuiu. Com a chegada do Carnaval e muitas crianças ainda em recesso escolar, as praias continuam bombando e cada vez mais cheias de turistas.
Com isso, uma coisa se torna essencial para aproveitar bem as férias sem grandes problemas: paciência. Praias cheias não significam apenas o aumento do número de pessoas na areia e no mar. Entre outras coisas, são restaurantes e ruas lotadas de turistas.
E parece que, em Balneário Camboriú, os ânimos se exaltaram por conta de infrações de trânsito. De acordo com um vídeo que está circulando nas redes sociais, uma juíza federal aparece discutindo com populares na rua. Ela ameaça denunciá-los ao Ministério Público. O motivo? Estacionamento irregular. Quando as pessoas pedem para que a mulher dê o exemplo, já que é juíza, ela afirma que não precisa, pois está “de férias”.
Um texto diz o seguinte: “Juíza Barraqueira Bêbada de Joenville SC, faz abuso de poder e estaciona em lugar irregular em Balneário Camboriú SC. O mau exemplo que vem de cima”. Outro aponta o seguinte: “Juíza barraqueira de Joinville estaciona em lugar irregular em Balneário Camboriú e ainda xinga quem a critica. “Sou juíza mas tô de férias”. Confira o vídeo:
Juíza federal estaciona em lugar proibido e “arma barraco” em Balneário Camboriú (SC)?
As praias de Balneário Camboriú são bastante procuradas durante o verão e isso acaba gerando uma grande concentração de turistas na cidade, o que pode proporcionar mais discussões e desentendimentos. Porém, é preciso destacar duas coisas em relação ao vídeo: ele é real, mas a história contada pela tal juíza é falsa. Quer saber o motivo? Então, continua lendo.
Se você prestar bastante atenção nas imagens, vai ouvir que a mulher se auto-intitula como “juíza, juíza de porta de cadeia”. Isto é, a expressão “advogado/juíz/etc de porta de cadeia” é usada para menosprezar o profissional do direito, significando que ele não é digno de confiança perante colegas, juízes, clientes e outros cidadãos. A expressão também é usada para indicar atitudes reprováveis ou que o profissional não respeita os valores do Direito e da Justiça.
Só o fato dela se auto-intitular como “juíza de porta de cadeia” (termo repudiado pela classe e que pode, inclusive, gerar processo) e também deixar claro que não precisava dar exemplo, porque estava de férias, já causava desconfiança.
Mas a verdade só veio à tona quando o vídeo viralizou nas redes sociais e chegou ao conhecimento da Associação de Magistrados Catarinenses (AMC). Em nota, a AMC garantiu que a mulher não faz parte do quadro de magistrados de SC. A Associação também afirmou que irá tomar providências sobre o caso (vale lembrar que falsa identidade é crime previsto no Código Penal). Confira a nota na íntegra:
“A Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) esclarece, quanto ao vídeo que circula nas redes sociais em que uma mulher em veículo com placas de Joinville/SC discute com populares por conta de motocicletas estacionadas irregularmente em via de Balneário Camboriú/SC, que tal pessoa não integra a Magistratura do Estado de Santa Catarina. Ainda, destaca a existência de sérias dúvidas quanto à real atividade profissional exercitada por essa mulher, estando toda a Magistratura estadual consternada com o episódio. Os procedimentos necessários já foram adotados e, verificada a falsa identificação, medidas judiciais serão tomadas. Juíza Jussara Schittler dos Santos Wandscheer, primeira vice-presidente da AMC (Associação dos Magistrados Catarinenses)”.
E se você acha que essa história acabou por aí, senta que vem mais bomba. Alguns veículos de comunicação catarinenses dizem que conseguiram descobrir a verdadeira identidade da mulher. De acordo com eles, ela mora na cidade de Balneário Piçarras, litoral catarinense, e é ré em processos criminais, na comarca de Joinville, por roubo e furto.
E, bom, sendo juíza ou não, estacionar em local proibido gera multa e pontos na carteira. Se você observar bem, vai ver que o local que serviu de estacionamento para as pessoas no vídeo (inclusive pra mulher que se dizia juíza) é uma área de carga e descarga. Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), estacionar em vaga de carga/descarga é uma infração grave, com multa de R$195,23 e 5 pontos na CNH.
Portanto, a mulher que aparece no vídeo não é juíza. Ela tenta jogar uma história para ganhar a discussão, mas foi desmascarada pela AMC. Além de não ser juíza, também estava estacionada em local proibido. Cuidado ao sair por aí dizendo ser quem não é. Falsa identidade é crime! Até a próxima.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 994325485.