Boato – Criança se perde dos pais, fica assustada e fala que é de Campo Grande. Foto mostra menina chorando e internet procura pela família.
O mundo das fake news nem sempre é apenas recheado de maldade e objetivos ruins. Muitas vezes, algumas histórias acabam viralizando com a intenção de ajudar o próximo. Por conta disso, muitos criadores de fake news acabam se aproveitando da empatia de boas pessoas nas redes sociais.
Nos últimos dias, a história não foi diferente. Uma publicação que dava conta do suposto sumiço de uma menina que aparentava ter cerca de 7 anos viralizou nas redes sociais e comoveu muitas pessoas.
De acordo com a publicação, uma criança teria se perdido em Campo Grande. Segundo a história, a menina estaria assustada e só conseguia dizer que era de Campo Grande e que havia se perdido dos pais. “Essa menina está perdida só fala que é de campo Grande , dá uma compartilhada aí pra ver se chega até aos familiares”, diz a publicação.
Confira o desmentido em vídeo:
Menina perdida que só fala que é de Campo Grande e chora procura os pais?
A informação logo viralizou nas redes sociais e muita gente compartilhou a história no intuito de encontrar os pais da criança. O engajamento foi tanto que um das publicações tem mais de 541 mil compartilhamentos em um dia. Apesar disso, a grande verdade é que a história é falsa!
Publicações envolvendo imagens de supostas crianças perdidas merecem uma reflexão. É preciso ter muito cuidado. Não são raros os casos em que a história é completamente inventada ou, até mesmo, que a história, de fato, tenha ocorrido, mas a criança já foi localizada.
A falta de checagem, aliada às características da publicação, contribuem para a viralização da história (e, consequentemente, com a dificuldade para um fim dela). Geralmente, são histórias que não possuem locais exatos (cidade e estado, por exemplo) e sempre apelam para um senso de urgência (a pessoa precisa ser encontrada o quanto antes ou até mesmo que a criança está assustada e chorando).
Na história do Boatos.org, nossa equipe já desmentiu inúmeras publicações envolvendo supostos casos de crianças perdidas, como a que dizia que uma menina teria sido sequestrada na Fundação Osório (no Rio) e estaria desaparecida. Também a que indicava que Laura Sita, uma jovem de 16 anos, estaria desaparecida em São Paulo e, por fim, a que apontava que Laisla Aparecida da Silva estaria desaparecida e sendo procurada pelo Seu Divino.
Assim como nos outros casos, existem dois tipos de informação: uma desatualizada e outra inventada. O caso tomou uma proporção tão grande que, nos comentários da publicação, é possível ver pessoas acreditando que a situação estaria acontecendo em Campo Grande (MT) e até em um bairro chamado Campo Grande, em Lisboa (Portugal). Ao que tudo indica, a publicação se referia ao bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro (RJ).
Após mais buscas, encontramos publicações mais antigas que davam conta que a história, na verdade, teria acontecido no Parque Leopoldina, um sub-bairro de Bangu, no Rio de Janeiro (RJ). Nessa publicação, inclusive, uma mulher que se identifica como irmã da menina informa que ela foi encontrada na mesma noite em que se perdeu dos pais (no dia 24 de agosto de 2020), já estava em casa e passava bem.
O que ocorreu depois é o mesmo de sempre. Alguém pegou a imagem da criança, mudou a localização e começou a compartilhar a informação falsa nas redes sociais. Vale ressaltar que o homem que fez a história viralizar possui publicações de péssima qualidade em sua timeline. De acordo com internautas, é comum ver postagens de pessoas já encontradas e até mesmo mortas nas redes sociais do homem. Ou seja, já temos um bom motivo para não confiar na publicação da menina.
Em resumo: a história que diz que uma menina está perdida e só sabe dizer que é de Campo Grande é falsa! A criança, de fato, se perdeu, mas já foi encontrada. Uma mulher que se identificou como irmã da menina informou que ela foi encontrada na mesma noite em que se perdeu (no dia 24 de agosto de 2020), já estava em casa e passava bem. Ainda segundo ela, tudo teria acontecido no Parque Leopoldina, um sub-bairro de Bangu, no Rio de Janeiro (RJ). Ou seja, a história ocorreu, mas hoje, não passa de balela. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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