Boato – Karla Dias Baptista entrou na Justiça e processou Antônio Chagas Dolores após descobrir que ele não era dotado.
No meio dos milhares de processos que correm na Justiça brasileira, sempre há alguns casos bizarros que fazem a gente acreditar que “tudo é possível”. Se aproveitando disso, algumas “lendas” enganam muitas pessoas (principalmente na internet) e acabam se tornando verdadeiros virais. A seção “Embuste” do site Não Entendo Direito que o diga.
Pois bem, a nova história que circula online nada tem a ver com o site citado acima, mas também é impressionante. Ela dá conta que uma mulher, moradora do município de Porto Grande (AP), processou o marido por causa do tamanho do órgão genital dele. A história foi publicada por diversos blogs e sites e voltou à tona na web em 2016. Leia (não conseguimos cortar a história porque ela é muito boa):
Mulher pede indenização na justiça por ter casado com homem de p… pequeno
Karla Dias Baptista, 26 anos, advogada e residente no município de Porto Grande no Amapá decidiu processar seu ex-marido por uma questão até então inusitada na jurisprudência nacional. Ela processa Antonio Chagas Dolores, comerciante de 53 anos, por insignificância p….
Mulher processou o marido por causa do tamanho do dote?
Não precisa dizer que a história viralizou online. Mas será mesmo que existe um processo de uma mulher do Amapá por “insignificância p…”? Claro que não, né? Vamos aos fatos.
A história foi tão replicada na web que ficou difícil encontrar a verdadeira origem dela. Mas descobrimos que foi publicada inicialmente em maio de 2012. À época, alguns blogs de humor publicaram a informação, que acabou caindo no site “JusNotícias”, onde adquiriu um “caráter oficial” e enganou internautas Brasil afora.
Porém, uma simples análise do que tem circulado sobre o assunto na internet já denuncia o boato. O primeiro ponto está no fato de que todas as versões da histórias têm textos exatamente iguais ao inicial. Ou seja, em quase quatro anos ninguém fez uma matéria nova sobre o assunto.
Para além disso, os nomes citados acima não foram encontrados em outras ocasiões para além do próprio boato. Com exceção do “Toninho Anaconda” (nome de um candidato a vereador de Nobres (MT)), os outros nomes não foram encontrados na web em outras histórias. Ou seja, são só personagens fictícios.
Por fim e antes que mulheres do Brasil pensem em sair processando maridos por aí, p… pequeno não pode gerar processos na Justiça, por que não é considerada uma doença. Também não se trata de um problema irremediável, já que pode ser revertido por meio de tratamentos ou cirurgia. Este texto, do site Conjur, explica com mais detalhes os argumentos.
Resumindo: a história que circula na internet sobre a mulher que processou o marido por causa do “dote dele” não só é falsa como também é juridicamente inviável. Não passa de mais um boato bizarro que circula pela internet.