Boato – Foi descoberto que o Esperanza, navio da ONG Greenpeace, é o responsável pelo derramamento de óleo que afeta praias do Nordeste.
Desde o final de agosto, quando manchas de óleo apareceram em Pitimbu e no Conde, na Paraíba, e em outras praias do Nordeste, diversos boatos surgiram sobre o assunto. Muitos deles buscavam “adivinhar” quem seria o culpado da tragédia. Teve acusação direta contra a Shell, Pré-Sal, empresa francesa, navio da Venezuela etc. Mas se você acha que acabou, está enganado.
A última “descoberta” que circula online aponta que um navio do Greenpeace é o responsável pelo óleo em praias do Nordeste. A prova estaria no fato de que o navio Esperanza passou pelo local no início dos vazamentos. Outras versões apontam que a ONG despejou óleo no mar para prejudicar o governo Bolsonaro. Leia o que dizem as publicações:
Versão 1: FATOS COMPROVAM QUE O RESPONSÁVEL PELO DERRAMAMENTO DE ÓLEO NO LITORAL DO NORDESTE, FOI O NAVIO DO GREENPEACE. Navio do Greenpeace esteve na área do despejo de óleo no Nordeste Versão 2: Em fim Greenpeace jogou o óleo no nordeste. Versão 3: O NAVIO DA ONG GREENPEACE, JOGOU ÓLEO CRU NO MAR PRA PREJUDICAR O GOVERNO DO BOLSONARO? PORQUE? AS ONG’S ESTÃO COM FALTA DE DINHEIRO?
Foi descoberto que o navio do Greenpeace é o responsável pela mancha de óleo no Nordeste?
A “notícia” de que o navio do Greenpeace despejou óleo no Nordeste fez sucesso na internet e até chegou a ser compartilhada por famosos, mas uma análise rápida nos fez desconfiar da história. Entenda o porquê.
Para começar, a história toda se baseia no fato de que há um navio do Greenpeace no Oceano Atlântico, o Esperanza. Ao buscar pela rota da embarcação, descobrimos que a passagem pelo litoral brasileiro só aconteceu em outubro, após o início do vazamento de óleo.
Isso mesmo. De acordo com o levantamento da Lupa (agência de fact-checking), o Esperanza só chegou no litoral nordestino no dia 8 de outubro de 2019, quando passou pela costa do Maranhão – 39 dias depois do primeiro registro de vazamento de óleo.
Em agosto, época do início dos vazamentos, o navio estava na Guiana Francesa. É possível ver, em matérias como essa, que o navio passou por expedições na região amazônica do território francês, que fica a 2,5 mil quilômetros do local onde o óleo começou a vazar.
Vale dizer que, mesmo que o navio tivesse passado pela costa brasileira na época do vazamento, há outro detalhe, apontado na nota publicada pelo Greenpeace, que elimina a hipótese de que o Esperanza seja responsável pelo vazamento de óleo: sua capacidade. A embarcação possui 72 metros de comprimento e tem capacidade de transporte de apenas 40 passageiros. Além disso, o navio não possui estrutura para fazer o transporte de óleo e tampouco autorização. Confira o trecho da nota:
Com 72 metros de comprimento, o navio não tem estrutura para fazer transporte de material como óleo, que teria, inclusive, de ser autorizado. O combustível utilizado no Esperanza é Diesel – com capacidade para carregar 400 metros cúbicos – porém na maior parte do tempo navegamos de modo elétrico.
Ou seja, nem teria como transportar o óleo derramado. Afinal, só em Pernambuco foram encontrados 1.447 toneladas de óleo.
Resumindo: além de não ter provas de que o navio do Greenpeace estava no local do vazamento de óleo, o trajeto do Esperanza não coincide com a rota de vazamentos. Além disso, o navio não possui capacidade e autorização para transportar óleo. Logo, a história não passa de #boato.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164.