Boato – Nasa diz, em comunicado, que queimadas na Amazônia em 2019 estão “abaixo da média” para a região e desmascara dados de ambientalistas.
O cenário na Amazônia está longe de ser bom. E a situação continua dando o que falar (tanto no Brasil quanto fora dele). Líderes de diversos países têm demonstrado preocupação com a alta taxa de desmatamento e queimadas na região amazônica. Por outro lado, o governo Bolsonaro insiste na afirmação de que as coisas estão sob controle (sobrando acusações até para as ONGs).
Em meio à crise e às trocas de farpas, as fake news sobre o assunto não param de crescer. Nos últimos dias, duas publicações têm chamado a atenção dos internautas e acabaram viralizando nas redes sociais. Ambas apontam que a Nasa teria divulgado um comunicado que atesta que o índice de queimadas na Amazônia está abaixo do normal, contrariando os ambientalistas.
Em uma das postagens, vídeo é publicado e há a seguinte mensagem “A NASA DESMENTE AMBIENTALISTAS E FALSAS “ANÁLISES”. VIROU HISTERIA NO BRASIL”. A outra aponta para mais detalhes de uma nota da Agência Espacial Norte-Americana. Confira:
Confira o desmentido em vídeo
O Earth Observatory, site oficial da agência espacial norte-americana Nasa, divulgou imagens de satélite que mostram queimadas no Brasil, informando que o fenômeno é tradicional, nesta época do ano, e que estão abaixo da média de queimadas dos últimos 15 anos. A informação da Nasa desmente notícias divulgadas no Brasil, ilustradas pelas fotos do Earth Observatory, como se os sinais de fumaça registrados pelo satélite denunciassem que a Amazônia estaria “em chamas”.
A Nasa informa, em seu site, que o satélite Aqua capturou imagens de vários incêndios em curso nos estados de Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso entre os dias 11 e 13 deste mês. “A partir de 16 de agosto de 2019, observações por satélite indicaram que a atividade total de incêndio na bacia amazônica estava ligeiramente abaixo da média em comparação com os últimos 15 anos”, informa a Nasa. “Na região amazônica, os incêndios são raros na maior parte do ano porque o clima úmido impede que eles comecem e se espalhem”, esclarece a Nasa. “No entanto, em julho e agosto, a atividade normalmente aumenta devido à chegada da estação seca.”
A Nasa explica em seu site que muitas pessoas usam o fogo para manter terras cultiváveis e pastagens ou para limpar a terra para outros fins. “Normalmente, o pico de atividade no início de setembro e principalmente pára até novembro”, diz o site. “Embora a atividade tenha sido acima da média no Amazonas e, em menor escala, em Rondônia, ela tem sido abaixo da média em Mato Grosso e Pará, de acordo com o Banco Mundial de Emissões de Incêndio, disse.
Nasa afirmou que queimadas na Amazônia estão abaixo da média e desmascarou ambientalistas?
A informação chegou como um balde de água fria para os defensores da preservação na Amazônia. A mensagem causou grande desconforto entre os ambientalistas e têm gerado críticas na internet. Mas será que essa história de comunicado da Nasa sobre o índice de queimadas na Amazônia estar “abaixo da média” é real? Não é!
Vamos aos fatos! Muita gente começou a compartilhar o suposto comunicado com o vídeo, criando uma relação que, na prática, não existe. Basta assistir o vídeo para perceber que ele não trata de queimadas na Amazônia, mas sim de um estudo da Nasa q fala sobre a área de cultivo agrícola no Brasil. A pesquisa, inclusive, foi divulgada em janeiro de 2018 e repercutiu na imprensa brasileira. Ou seja: o vídeo é antigo e não tem a ver com a questão das queimadas na Amazônia.
O segundo equívoco dessa história veio da própria Nasa. De fato, a instituição divulgou um relatório sobre a situação das queimadas na Amazônia e chegou a informar que elas estariam abaixo do normal (contradizendo até as fotos de satélite que mostravam a fumaça nos céus do Brasil).
Depois de toda a controvérsia (e todos os compartilhamentos), a Nasa editou a nota e explicou em detalhes o estudo. Segundo um gráfico apresentado pela instituição estadunidense, os estados de Rondônia e Amazonas apresentam índices de queimadas acima da média. No Amazonas, por exemplo, o número de focos de incêndio na metade de agosto de 2019 foi o maior desde 2003. Em contrapartida, os focos de incêndio no Pará e Mato Grosso permanecem abaixo da média (entretanto, ainda não se pode afirmar que eles permanecerão abaixo da média, uma vez que há mais 4 meses para o fim de 2019. Ou seja, os dados são preliminares).
A confusão toda aconteceu, de acordo com a Nasa, porque o órgão responsável pela coleta de dados sobre queimadas da Nasa parou de reunir informações em 2016. Além disso, antes, o órgão considerava toda a área da floresta amazônica (que se estende por Colômbia, Peru, Bolívia e outros países) e não apenas a porção brasileira. Devido à proporção que a história ganhou, a Nasa atualizou a nota e também os dados sobre o assunto.
Em resumo: a história que diz que a Nasa afirmou que as queimadas no Brasil estão “abaixo do normal” e a prova seria um vídeo e um comunicado é falsa! O vídeo, na realidade, é antigo e não tem nada a ver com as queimadas. Além disso, a própria Nasa já corrigiu as informações da nota, publicando previsões e dados atualizados. Ou seja, a história é apenas balela. Cuidado ao compartilhar dados. Sempre leia todas as informações! Até a próxima.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.