Boato – A China acabou de divulgar a compra de 70% da rede Globo. Grupo chinês já havia comprado a TV Bandeirantes e está dominando o Brasil.
Depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro e os ministros Ernesto Araújo e Abraham Weintraub postaram textos negativos em relação à China, a internet acabou inundada por um tipo de boato: o que aponta que a Covid-19 não passou de um golpe econômico da China para comprar empresas mundo afora. Todo dia aparecem boatos de empresas “compradas” pelo governo chinês. Hoje, vamos falar de duas: a rede Globo e a TV Bandeirantes.
Publicações, principalmente de youtubers simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro, dão conta de que o governo chinês fechou a compra das duas emissoras. Além de “justificar o golpe”, a compra seria o motivo de a “mídia esquerdista insistir em atacar o presidente”. Não vamos colocar os vídeos aqui (vamos poupar vocês), mas leia algumas mensagens que circulam online:
Atenção! Desconfie de textos que falam em “compras de empresas” por parte da China
Versão 1: Após comprar a Band, Estatal Chinesa compra a Rede Globo para produzir material para televisão, jornais, revistas e sites ALÉM de entrarem ainda mais no setor de telecomunicações através do 5G. Versão 2: ACONTECEU !! CHINA COMPRA GLOBO E BAND ISSO É INACREDITAVEL Grupo Bandeirantes e China Media Group fecham acordo de cooperação Grupo de Mídia da China assina memorando de cooperação com Grupo Globo Versão 3: CHINA 🇨🇳 COMPRA A GLOBO E BAND PARA SALVA -LAS DA FALÊNCIA E ASSIM VAI FAZER COM MUITAS EMPRESAS NO BRASIL 🇧🇷!!!! Versão 4: CHINA ACABA DE COMPRAR 70% DO CONGLOMERADO ORGANIZAÇÕES GLOBO,TV GLOBO AGORA É CHINESA
China comprou a rede Globo, a TV Bandeirantes e está dominando o Brasil?
Essas e outras versões da denúncia se espalharam com muita força na internet. Mas será mesmo que a China comprou a rede Globo e a TV Bandeirantes? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.
As mensagens já nos deixam desconfiados. Isso porque elas têm algumas das principais características de boatos online: são vagas, alarmistas, com erros de português e não citam fontes confiáveis. Além disso (como falamos lá no início do texto), boatos que falam de “compras da China” são comuns na internet. Um dos exemplos, inclusive, é de um dos “objetos de checagem de hoje”.
Quando a Band publicou um editorial atacando a fala de Eduardo Bolsonaro e Abraham Weintraub começou a circular na internet e informação de que a China havia comprado o grupo Bandeirantes. Como o que falamos na época vale para hoje, relembre o que foi escrito:
Ao analisar o conteúdo que estaria sendo usado como “prova”, é possível perceber que, de fato, a TV Bandeirantes firmou uma parceria com a rede China Media Group (CCTV). A história entre as duas emissoras é de longa data e começou em 2011. Entretanto, essa parceria não tem nada a ver com compra de ações, mas sim com produção de conteúdo. De acordo com a Band, o contrato prevê produções conjuntas e compartilhamento de conteúdo, visando o desenvolvimento da relação entre os dois países. O acordo entre as duas emissoras não envolve dinheiro e muito menos participação acionária.
Além disso, não existe a menor possibilidade da China ser dona da TV Band (ou de qualquer outra empresa jornalística ou de radiodifusão no Brasil). Isso porque a lei nº 10.610/02 limita a participação de capital estrangeiro em empresas jornalísticas ou de radiodifusão em até 30% do capital total e volante. Mas, como dito anteriormente, a parceria entre as duas emissoras é apenas de conteúdo (e não financeira). Portanto, tudo está dentro da lei.
A situação em relação à tese de que a China “comprou a Globo” é muito parecida com a da Bandeirante. Há uma confusão entre “parceria de conteúdo” e “compra”. Assim como no caso da Bandeirantes, a Globo (assim como a EBC e a TV Cultura, empresas públicas de comunicação) assinou um termo de parceria de cooperação para produção de conteúdo. Não há nada de “venda de ativos” ou compra de parte da empresa.
Vale relembrar que a “regra dos 30%” citada no “caso Bandeirantes” também é válida para o caso da TV Globo. Nem se o grupo chinês quisesse, conseguiria “comprar a TV Globo” ou qualquer outro canal de televisão aberta do Brasil.
Resumindo: a história que aponta que a China comprou a TV Globo depois de comprar a TV Bandeirantes é falsa. O que há é um termo de cooperação (algo que foi feito também com empresas públicas) e não uma negociação de compra e venda de ativos das empresas em questão.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164.
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