Boato – Escritor português Eça de Queiroz disse que políticos são como fraldas e, por isso, precisam ser trocados com frequência.
Estamos em 2019 e, ainda sim, a política é um assunto bastante comentado. É fato: a forma de fazer política não anda agradando nem gregos e muito menos troianos. Não importa o lado político, parece que todo mundo anda insatisfeito com a corrupção e, muitas vezes, com a falta de trabalho dos políticos eleitos. O que se exige é trabalho em função do povo.
Mas parece que essa insatisfação não é de hoje. De acordo com uma história que anda circulando nas redes sociais, um conto do escritor Eça de Queiroz teria demonstrado toda sua indignação. Segundo a história, em seu texto, o escritor teria afirmado que políticos são como fraldas e, por esse motivo, deveriam ser trocados com frequência.
A frase, que foi utilizada após uma fábula que envolve barbeiros que cortam o cabelo de graça e políticos folgados, é a seguinte: “Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão.Eça de Queirós”.
Eça de Queiroz disse que políticos são como fraldas e deveriam ser trocados?
A informação incendiou ainda mais o debate político e está sendo usado como referência para várias críticas aos políticos. Mas será que essa história de que Eça de Queiroz teria comparado políticos com fraldas é real? A resposta é não!
Vamos aos detalhes! Uma rápida leitura na mensagem já é o suficiente para ficarmos com o pé atrás. As publicações apresentam caráter vago e alarmista, possuem erros de português e não citam fontes confiáveis (por exemplo, de onde o conto teria sido retirado).
Além disso, a internet possui um vasto histórico de frases ou textos falsos atribuídos a famosos. A equipe do Boatos.org já desmentiu vários deles, como a história que dizia que Janaína Paschoal teria escrito um texto criticando a imprensa brasileira. Também o caso que apontava que Arnaldo Jabor teria escrito o texto “que tiro foi esse?” e, por fim, a história que dizia que Lulu Santos teria escrito uma carta falando sobre o INSS e os deputados brasileiros.
Ao procurarmos pela tal citação, não encontramos nada que indique que Eça de Queiroz tenha escrito tal frase. Pelo contrário, encontramos um texto, escrito em 2015, que fala sobre cinco frases atribuídas erroneamente a autores. E tcharãn: a suposta frase de Eça de Queiroz se encontra lá (mostrando que a mesma citação foi atribuída a diversos outros autores).
Para completar, resolvemos buscar pela frase em inglês e, para nossa surpresa descobrimos alguns desmentidos sobre a frase. Os artigos apontam que a frase também foi atribuída a Benjamin Franklin e ao escritor e humorista Mark Twain. Porém, a citação não tem nada a ver com nenhum dos dois.
De acordo com um dos sites, etimologistas tentaram encontrar a origem da frase, mas sem sucesso. Entretanto, eles conseguiram identificar que a citação já era utilizada nas décadas de 1980 e 1990. Segundo a reportagem, em 1992, o candidato ao Congresso dos EUA, John Wallner, usou a frase durante um debate. Os estudos ainda apontaram que em um obituário do apresentador Paul Harvey, no New York Times, uma frase semelhante foi atribuída a ele.
Já em 2006, no filme ‘O homem do ano’, o personagem interpretado por Robin Williams também usou a icônica frase. Em determinada passagem do filme, Williams disse: “Lembrem-se disso, senhoras e senhores. É uma frase antiga, basicamente anônima – que os políticos são muito parecidos com fraldas: devem ser trocados com frequência e pelo mesmo motivo. Lembrem-se disso na próxima vez que forem votar”.
Em resumo: a história que diz que Eça de Queiroz teria comparado políticos a fraldas é falsa! Além de não termos encontrado nenhuma referência que possa atestar a veracidade da informação, também descobrimos que a frase surgiu em inglês. Apesar dos estudiosos não terem conseguido encontrar a origem da citação, sabe-se que ela é antiga, mas não tanto por ter sido dita por Eça de Queiroz, Mark Twain e muito menos Benjamin Franklin. Ou seja, tudo não passa de boato. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
Em tempo: se você ficou curioso para saber qual é a fábula em questão (que também não é de Eça de Queiroz), confere aí:
O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo. Após o corte perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu: – Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O florista ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista.
Mais tarde no mesmo dia veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse: – Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O padeiro ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.
Naquele terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo.
Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse: – Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O deputado ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.
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