Boato – Imagens mostram pai se despedindo de filhas, que foram amarradas e mortas pelo Hamas durante conflito com Israel, em 2023.
Análise
O conflito entre o grupo extremista Hamas e o governo de Israel segue causando tensão entre civis israelenses e palestinos, que temem pela segurança de suas famílias. Bombardeios e ataques com armas dos dois lados colocam em risco, principalmente, os civis que moram na Faixa de Gaza.
E de acordo com uma história que está sendo compartilhada nas redes sociais, o Hamas teria matado cruelmente crianças durante o conflito. Segundo a história, um vídeo mostraria diversas crianças mortas e com as mãos amarradas colocadas lado a lado no chão. Ainda segundo a história, um pai aparece no vídeo se despedindo de seus dois filhos que teriam sido mortos pelo Hamas. Confira:
“Atenção este vídeo deste pai com duas crianças que foram amarradas e mortas pelos terroristas do Hamas. Que seja dedicada a todos os esquerdistas do Brasil que defendem o Hamas e desprezam Israel Este vídeo está revoltando muitos jovens cristãos do Brasil e do mundo”.
A história causou comoção em toda a internet e foi amplamente compartilhada, especialmente, no X (antigo Twitter). Apesar disso, a história apresenta diversas características de fake news na internet, como o caráter vago, extremamente alarmista e a falta de fontes confiáveis.
A partir daí, vamos responder em três perguntas o motivo pelo qual você não deve acreditar na história de hoje: 1) O vídeo mostra um pai abraçando e se despedindo de crianças amarradas e mortas pelo Hamas? 2) De quando é o vídeo que mostra um pai abraçando e se despedindo de crianças amarradas e mortas pelo Hamas? 3) Isso significa que não houve crianças mortas pelo Hamas?
Checagem
O vídeo mostra um pai abraçando e se despedindo de crianças amarradas e mortas pelo Hamas?
O vídeo é real, mas foi totalmente retirado de contexto. As imagens já circulavam na internet há anos e não têm nada a ver com o conflito entre o Hamas e o governo de Israel.
De quando é o vídeo que mostra um pai abraçando e se despedindo de crianças amarradas e mortas pelo Hamas?
O vídeo foi gravado no dia 21 de agosto de 2013, em Ghouta, na Síria. Na oportunidade, as tropas do presidente sírio Bashar al-Assad realizaram um ataque com foguetes na região de Ghouta, que fica no subúrbio de Damasco, capital da Síria, e é controlada pela oposição ao governo de Bashar al-Assad. Após avaliações no local, a Organização das Nações Unidas (ONU) constatou que os foguetes utilizados no ataque continham o agente químico sarin. Porém, ninguém foi responsabilizado pelo ataque. De acordo com estimativas, 1.429 civis morreram durante o ataque e, dentre eles, mais de 400 crianças.
O vídeo mostra o momento exato em que um pai encontra suas duas filhas mortas após o ataque. De acordo com o portal Jo24, da Jordânia, enquanto o homem chora desesperadamente, ele pede para que as crianças se levantem e implora a Deus para devolver suas filhas.
Isso significa que não houve crianças mortas pelo Hamas?
Não. Infelizmente, a guerra travada pelo Hamas e pelo governo de Israel também está vitimando crianças e adolescentes, bem como outros civis inocentes. Os ataques cometidos por ambos os lados já transformaram crianças em vítimas desse conflito. Porém, o vídeo da história de hoje não tem nada a ver com a situação vivenciada na Faixa de Gaza, nem com o Hamas e nem com Israel.
Conclusão
Fake news ❌
O vídeo que mostra um pai abraçando e chorando, enquanto se despede de duas crianças que foram amarradas, não é de 2023 e não tem nada a ver com o Hamas. Na realidade, as imagens foram gravadas no dia 21 de agosto de 2013. Na época, as tropas do presidente sírio Bashar al-Assad atacaram a região de Ghouta, na Síria, com foguetes contendo o agente químico sarin. Estima-se que 1.429 civis inocentes morreram no ataque, dentre eles, mais de 400 crianças. Isso não significa que crianças não estejam morrendo na guerra entre o Hamas e o governo de Israel. De acordo com dados, crianças estão sendo parte das vítimas do conflito. Porém, o vídeo de hoje não tem nada a ver com a guerra de 2023 entre Hamas e o governo de Israel.
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