Diante da crise política na Venezuela e da dificuldade de se obter informações confiáveis sobre o que se passa por lá, separamos 7 histórias falsas a respeito do país que já circularam na internet.
A situação na Venezuela está bastante complicada, a imprensa internacional bem mostra isso. A crise da imigração que atinge o estado de Roraima, na Região Norte do Brasil, é a prova irrefutável de que o povo venezuelano já não encontra muitas saídas se não a de sair suas casas.
Com o posicionamento político do governo de lá e a ausência de informações fidedignas sobre a crise, a internet acaba se tornando o espaço mais do que perfeito para que diversas mentiras envolvendo a Venezuela se espalhem por aí. Histórias e vídeos tirados do contexto são o principal método para difundir essas mentiras e, para que você saiba identifica-las, separamos 7 delas muito famosas na rede. Confira a lista:
1 – Assaltos e invasões por causa da fome
O vídeo de jovens venezuelanos escalando prédios para furtar comida se espalhou feito pólvora nas redes sociais brasileiras. As imagens que recentemente começaram a ser compartilhadas junto com uma mensagem alarmante de que adolescentes em Caracas estavam subindo em prédios para invadir apartamentos em busca de comida chocou todo mundo, mas ainda assim era mentira. Quando verificamos a origem do vídeo, descobrimos que as imagens não eram de Caracas – e sim de uma cidade a 80 km da capital venezuelana – e que o motivo das invasões não era a fome. Leia mais sobre o boato aqui.
2 – A mulher que Maduro mandou matar
Outra história bastante bizarra sobre o contexto venezuelano que (infelizmente) se espalhou na internet foi a do assassinato de uma suposta opositora ao presidente Nicolás Maduro. O vídeo da mulher morta foi compartilhado nas redes sociais sem qualquer pudor e gerou comoção para todo lado. Quando fomos investigar, descobrimos que, na verdade, Rosa del Carmen Castillo, moradora da cidade de Simón Bolívar, foi assassinada por vingança depois de ter denunciado um assalto a sua casa que havia levado a polícia a matar um dos bandidos. Até a imprensa contrária a Maduro repercutiu o caso sem acusar o presidente pela morte de Rosa. Leia mais sobre o boato aqui.
3 – O vírus Marburg no Dipirona/500
Mais um boato clássico envolvendo a Venezuela foi a história compartilhada na segunda metade de 2017 sobre o Dipirona/500 que vinha do país vizinho contaminado com o vírus Marburg. Como com saúde não se brinca, esse aviso, muito compartilhado no WhatsApp, ganhou bastante força até que percebemos que se tratava de balela pura. A mensagem com todas as características de histórias falsas que nós já bem conhecemos era praticamente uma cópia de outra balela – a do Paracetamol/500 contaminado com o vírus Machupo. Mudaram o vírus, o remédio e o país de origem, mas no fim o mecanismo da mentira era o mesmo. Leia mais sobre o boato aqui ou confira o desmentido no vídeo abaixo.
4 – A Venezuela está nas ruas
Outro vídeo muito difundido durante o ano de 2017 mostrava uma multidão de venezuelanos nas ruas protestando contra Nicolás Maduro e, segundo o texto que o acompanhava, os manifestantes estavam há um mês nas ruas. As imagens circularam nas redes sociais como um clamor para que a população brasileira se movimentasse contra o presidente Michel Temer. Isso não aconteceu e o vídeo, como mencionamos na abertura, foi um clássico exemplo de “história fora do contexto”.
Acontece que as imagens realmente mostravam uma manifestação contra o governo de Nicolás Maduro, mas que tinha ocorrido em 2016, não em novembro de 2017 quando circulou a balela. Além do que, obviamente, mesmo durante o evento original os manifestantes não ficaram um mês na rua. Leia mais sobre o boato aqui.
5 – Finalmente “comunizaram” a Venezuela
Um texto gigante com inúmeras informações sobre o governo venezuelano começou a se espalhar com força sob a afirmação de que o país tinha sido oficialmente comunizado. Segundo o material que as pessoas compartilharam sem mal ter o trabalho de ler direito, a Venezuela passava a partir do decreto a extinguir a iniciativa privada, confiscar bens das pessoas, instaurar milícias pró-governo para controlar a população, entre outras coisas.
O texto que também fazia várias comparações do país com o Brasil na tentativa de fazer parecer que o nosso país caminhava para o mesmo destino, não tinha uma informação sequer que fosse verdadeira e nós esclarecemos uma a uma. Leia mais sobre o boato aqui.
6 – Lula apoiou o genocídio venezuelano
Quem pensa que estas histórias falsas sobre o país vizinho são todas mais recentes está errado. Já faz um bom tempo que informação falsa sobre o que se passa na Venezuela corre pela internet e este caso é um dos mais antigos. Em 2014 um texto acompanhado de um vídeo mostrava o ex-presidente Lula fazendo uma declaração de apoio a Maduro e, por consequência, ao genocídio do povo venezuelano que então protestava contra o governo dele.
Acontece que, embora tenha havido violência por parte do governo contra manifestantes que saíram as ruas naquele ano, o texto que trazia informações sobre o tal genocídio aumentou bastante as estatísticas. Enquanto se dizia que 3 mil pessoas morreram, a imprensa internacional contou 3 mortes e 100 feridos. Sobre Lula, o político de fato visitou a Venezuela um ano antes, em 2013, e disse apoiar o governo de Maduro mas, não havia genocídio. Leia mais sobre o boato aqui.
7 – Jesus apareceu nas nuvens da Venezuela
Para finalizar, nem só sobre política são os boatos envolvendo nossos vizinhos venezuelanos. Outra história que circulou com força na internet afirmava que Jesus Cristo e anjos tinham aparecido nas nuvens da Venezuela. O causo rendeu tanto que virou notícia até nos tabloides britânicos.
Junto com a informação de que a aparição era sinal de que Jesus estava voltando, foram compartilhadas duas fotos que nós analisamos na época. Uma delas, mostrava o que seria Jesus sozinho, mas que como sempre acontece quando se trata de “interpretação” das nuvens, tinha a ver com pareidolia não com milagre. A outra foto era puro photoshop. Ou seja, balela 100%. Leia mais sobre o boato aqui.