Boato – Na Argentina, BNDES financiou obra da Odebrecht de soterramento do Ferrocarril Sarmiento no valor de US$1,5 bilhão.
Não faz muito tempo, o presidente da República Jair Bolsonaro prometeu que passaria um pente fino nas operações antigas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apelidado de “caixa preta do BNDES”, a promessa era investigar operações antigas no exterior.
E em três meses de trabalho, a CPI da Câmara (que foi criada para investigar esses processos) já reuniu dados que indicam possíveis falhas do banco em financiamentos de obras em Cuba, Venezuela, Moçambique e outros países. Todas as operações teriam sido realizadas durante o governo PT.
E, em meio a tantas informações, uma história ganhou força na internet. De acordo com a publicação, o BNDES teria financiado as obras de soterramento da Ferrocarril Sarmiento, na Argentina, realizadas pela Odebrecht. “Valor – US$ 1,5 bilhões do BNDES. Empresa responsável – Odebrecht-Soterramento do Ferrocarril Sarmiento (Argentina)– GOVERNO DO PT”, afirma a mensagem.
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BNDES financiou soterramento do Ferrocarril Sarmiento, na Argentina, de US$1,5 bilhão?
A informação gerou bastante descontentamento nas redes sociais, principalmente entre os críticos do governo PT e, especialmente, por conta dos indícios apresentados pela CPI na Câmara que investiga o caso. Mas será que essa história de financiamento de uma obra de US$1,5 bilhão na Argentina é real? A resposta é não!
Vamos aos fatos! Assim como apontamos no início do texto, de fato, o BNDES ajudou a financiar obras de construtoras brasileiras no exterior. E todas essas operações antigas estão sendo alvos de investigações (inclusive, houve até a criação de uma CPI na Câmara para reunir informações sobre os casos).
Porém, a obra em questão não tem nada a ver com o BNDES. De fato, ela foi executada pela empresa Odebrecht. A obra, iniciada em 2016, previa a modernização da Linha Sarmiento, que liga a capital Buenos Aires ao oeste da cidade. A execução da obra, inclusive, é alvo de investigações na própria Argentina, por indícios de superfaturamento.
Entretanto, assim como aponta o perfil do BNDES no Twitter, a obra não teve financiamento do Banco. Vale ressaltar que todas as operações financiadas pelo BNDES no exterior podem ser conferidas na própria página da instituição. No caso de financiamentos na Argentina, podemos observar que eles ocorreram em adequações no gasoduto San Martín (Gasoduto Cammesa Módulo III), no Aqueduto del Chaco e um projeto de engenharia básica e execução de galeria de exploração do Túnel Água Negra e seus acessos. Ou seja, nada de soterramento da Linha Sarmiento.
Em resumo: a história que diz que o BNDES financiou a obra de soterramento do Ferrocarril Sarmiento, na Argentina, no valor de US$1,5 bilhão é falsa! É fato que financiamentos antigos do BNDES em obras no exterior estão sendo investigados. Porém, uma consulta na própria página da instituição é suficiente para comprovar que o Banco não financiou nenhuma obra de US$1,5 bilhão na Argentina e não tem nenhuma relação com as obras na Linha Sarmiento. Sendo assim, a história é apenas balela. Não compartilhe!
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