Boato – Clarence Thomas foi acusado de abuso, de bater na mulher e foi chamado de gay por Joe Biden em 1991. À época, Biden o humilhou.
As eleições presidenciais americanas continuam repercutindo em todos os veículos de imprensa e, obviamente, nas redes sociais. Após a vitória do democrata Joe Biden contra Donald Trump, o resultado das urnas virou assunto na internet, já que, mesmo sem qualquer indício de irregularidades na contagem de votos, pediu investigação para a ocorrência de suposta fraude eleitoral.
E com a certeza de que o caso pode realmente ir parar na Suprema Corte americana, já tem gente espalhando fakes por aí para tentar adivinhar o que aconteceria no julgamento das eleições caso o presidente eleito tivesse “desavenças”, digamos assim, com o juiz responsável pelo processo.
Uma publicação que está circulando principalmente no Facebook dá conta de que Clarence Thomas, suposto atual juiz da Suprema Corte americana, teria sido acusado de abuso, de bater na mulher e chamado de gay por Joe Biden, em 1991.
À época, de acordo com a postagem, Biden era presidente da Comissão Judiciária do Senado e teria humilhado Clarence, o que levou muitos internautas a compartilharem a história apontando para uma possível “lei do retorno” caso ocorra um julgamento das eleições americanas, o que poderia reverter a vitória de Biden. “E agora o que vai pesar e valer é a lei da reciprocidade!”, escreveu um deles. Confira, a seguir, o texto original da publicação:
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O pau que tentou bater em chico vai bater em francisco, que é a chamada lei do retorno. Em 1991 Joe Biden presidiu a comissão do Senado que sabatinou Clarence Thomas homem honesto e honrado e que foi indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. A comissão sob liderança de Joe Biden que humilhou, difamou e acusou, Clarence Thomas de abuso sexual, de ser gay, de ter espancado sua esposa…dentre outras. Acusações infundadas, que nunca foram provadas e que só serviram de narrativa para colocar em dúvida o carácter e conduta do magistrado. Hoje Clarence Thomas é Juiz que preside a Scotus – Supreme Court of the United States, a Suprema Corte dos Estados Unidos, que julgará as fraudes das eleições do pretensioso e prepotente Joe Biden. E agora o que vai pesar e valer é a lei da reciprocidade!
Clarence Thomas foi acusado de abuso, bater na mulher e chamado de gay por Biden em 1991?
A publicação com o vídeo do discurso de defesa de Thomas sobre as acusações viralizou rapidamente, chegando a alcançar 1,5 mil compartilhamentos em cerca de dois dias. Porém, essa história não foi bem assim como está sendo contada.
Para começo de conversa, a mensagem da publicação que está compartilhando a informação carrega todas as características de fake news: é vaga, alarmista (visa acirrar debates sobre supostas fraudes eleitorais nos EUA), possui erros de português e, é claro, não cita fontes confiáveis de notícias que possam confirmar o que está sendo dito.
Em segundo lugar, descobrimos que, na realidade, quem inventou o boato misturou as histórias, justamente para confundir a opinião dos internautas. Isso porque, de fato, Joe Biden deu umas “escorregadas” em um processo julgado pela Comissão de Justiça do Senado envolvendo Clarence Thomas, em 1991. Porém, não foram contra ele, mas sim, contra a suposta vítima do caso.
Na ocasião, o juiz foi acusado de assédio sexual por Anita Hill, professora de Direito, na época, com 35 anos, e que era sua subordinada no Departamento de Educação e na Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego. Durante a sessão de julgamento, realizada por um painel formado só por homens brancos, houve um interrogatório machista e de culpabilização da vítima, com algumas perguntas e insinuações corrosivas contra Hill, e que foram permitidas pelo então presidente da Comissão, Joe Biden.
Ou seja, diferente do que aponta o boato, o comportamento de Biden foi, de certa forma, de defesa em relação a Clarence, e não de acusação. Ao contrário disso, Anita Hill foi quem sofreu acusações “inoportunas” no episódio. Tanto é que, no ano passado, já como pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, Biden pediu “meias desculpas” à Anita, que hoje é considerada um símbolo da luta contra o assédio sexual pelos americanos.
Por fim, não encontramos quaisquer indícios de “desavenças” antigas ou atuais entre Clarence Thomas e Joe Biden em fontes confiáveis de notícias. Inclusive, o mesmo assunto também foi verificado pela Agência Lupa, que apontou outra informação errada na publicação que está sendo compartilhada: Thomas tampouco é o presidente da Suprema Corte americana. Quem ocupa o cargo atualmente é o juiz John G. Roberts. Além disso, não há registros de que ele tenha sido acusado por Biden de ser gay ou de espancar a esposa.
Resumindo: A publicação que dá conta de que Clarence Thomas foi acusado de abuso, bater na mulher e chamado de gay por Joe Biden em 1991 não é verdadeira. Ao contrário disso, em julgamento envolvendo o juiz na Comissão de Justiça do Senado naquela época, Biden saiu quase que em sua defesa. Também não há registros de que Biden tenha o acusado de ser gay ou de ter espancado a esposa. Mais que isso, Thomas tampouco é o atual presidente da Suprema Corte Americana.
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