Boato – Mais de cem pesquisadores estavam no voo MH17, da Malaysian Airlines. Eles iam descobrir a cura da aids.
Cinco meses após o desaparecimento de uma aeronave da Malaysian Airlines, a companhia aérea sofreu outra perda. E, dessa vez, os economistas até comentam em falência nos próximos meses. Além Disso, e agora, José? Como é que vamos viajar de avião sem medo depois dessa?
E como se não bastasse o desastre, os boatos começaram a correr. E com força. Até a Revista Galileu, da editora Globo, chegou a divulgar esta. Mas partindo do começo, vamos explicar todo o ocorrido e contar como a informação falsa chegou pra muita gente.
No dia 17 de julho de 2014, o Boeing 777, da Malaysian Airlines decolou de Amsterdã, na Holanda, e tinha como destino a cidade de Kuala Lumpur, na Malásia. Quando sobrevoava a fronteira da Ucrânia com a Rússia, o avião foi abatido e todas as 298 pessoas a bordo morreram.
Logo após o desastre, a notícia de que 100 cientistas estariam no voo, viralizou a rede. A informação ganhou mais impacto, porque segundo a publicação, os cientistas estariam indo para um congresso sobre a AIDS e naquele voo poderia conter a cura para a AIDS. Não demorou muito e as teorias da conspiração começaram a surgir. Muitas pessoas cogitaram que a indústria farmacêutica teria sido a mandante do crime. E tudo isso não passou de queima de arquivo.
Com muitas empresas jornalísticas renomadas difundindo a informação, como O Globo e o The Guardian, muitas pessoas chegaram a acreditar na notícia. Mas como qualquer outro boato que circula a rede, alguns podem tardar, mas nenhum passam batido pelo Boatos.org. Dito e feito. Dois dias após o desastre, a notícia verdadeira chegou à imprensa.
A notícia veio da International AIDS Society, a organizadora do congresso citado nas matérias. Em comunicado oficial, a instituição lamenta a perda dos colegas, que inclui o co-diretor das pesquisas da International AIDS Society, Joep Lange. Confira abaixo um trecho do comunicado oficial:
“Nossos colegas estavam viajando por causa da dedicação para trazer fim à AIDS”, disse Owen Ryan, diretor executivo da International AIDS Society. “Nós honraremos a dedicação de cada um e teremos eles em nossos corações na abertura do congresso, no domingo”. O nome dos mortos confirmados até o momento, por amigos e colegas, que estavam no voo MH 17 são:
Pim de Kuijer, da ONG STOP AIDS NOW!
Joep Lange, co-diretor de Colaboração de Pesquisas em HIV Holanda-Austrália (HIV-NAT)
Lucie van Mens, Diretora de Suporte no The Female Health Company
Martine de Schutter, Gerente do Programa Aids Fonds / STOP AIDS NOW!
Glenn Thomas, da Organização Mundial da Saúde
Jacqueline van Tongeren, do Instituto de Amesterdã para a Saúde e Desenvolvimento Global [SIC]
Ou seja, o número reduzido de cientistas só colabora para acabarmos com o mito. Ao que parece, o avião foi abatido por engano pelos rebeldes que estão na fronteira da Ucrânia com a Rússia. Durante a semana, alguns veículos de comunicação chegaram a veicular que os rebeldes queriam abater caças ucranianos.