Boato – Para satisfazer a população muçulmana, a Inglaterra retirou todas as menções ao Holocausto do currículo escolar do país.
De fato, as questões que envolvem geopolítica nos tempos de hoje são complexas. Só falando de Oriente Médio, temos a briga entre Israel (que na 2ª Guerra Mundial teve a população de judeus como principal vítima do Holocausto) e Palestina. Ainda sobre muçulmanos, temos a questão das guerras que têm feito a migração para países da Europa aumentar e receber críticas de mais conservadores.
Sabe o que essas três questões (Holocausto, Israel e Palestina e imigração) têm em comum com a história de hoje? Tudo. Circula na internet a informação de que a Inglaterra havia cedido ao desejo dos muçulmanos e retirado menções ao Holocausto na 2ª Guerra Mundial do currículo das escolas. Leia a mensagem que circula online:
Para o avô, a avó, nossos pais e suas famílias Esta semana, na Inglaterra, todas as menções ao Holocausto foram removidas do currículo escolar, Afirmando que prejudica a população muçulmana, que nega a existência do Holocausto. Este é um sinal da chegada da catástrofe, que pouco a pouco se aproxima do mundo, uma evidência surpreendente da facilidade inconcebível com a qual as nações se rendem. Cerca de 70 anos se passaram desde o final da Segunda Guerra Mundial na Europa.
Este email foi enviado para criar uma cadeia de memória Na sua memória !!! De 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos, 1.900 padres católicos, Que foram assassinados, estuprados, queimados, esfomeados e humilhados por aqueles que procuraram outro caminho! Agora mais do que nunca, no contexto dos esforços do Irã e outros, que declararam o Holocausto uma “lenda”! É absolutamente necessário fazer todo o possível para que o mundo nunca se esqueça …
Esta mensagem deve atingir pelo menos 40 milhões de pessoas em todo o mundo. Junte-se a nós e participe da cadeia de memória, ajude a espalhá-la pelo mundo. Por favor, envie a mensagem para 10 ou mais conhecidos e peça-lhes que continuem com a corrente. Não apague a mensagem, apenas tire um minuto para transmiti-la!
Inglaterra remove menções ao Holocausto do currículo escolar?
A tal mensagem está se espalhando muito pelo WhatsApp e afins. Mas será mesmo que é real que a Inglaterra (ou o Reino Unido) está retirando as menções ao Holocausto do currículo escolar para satisfazer muçulmanos? A resposta é não. Para você entender tudo, vamos aos fatos.
Ao bater o olho na mensagem, já ficamos desconfiados. Ela tem todas as principais características de boatos na internet. É vaga (não diz quando, como e por quem se deu a retirada da menção), alarmista, com erros de português, pedido de compartilhamento e não cita fontes confiáveis.
Na falta de fontes, fomos procurar mais detalhes sobre o caso. Quando procuramos pelo assunto em português, não encontramos nenhuma notícia que confirmasse o caso. Imagina só: proíbem o ensino do Holocausto nas escolas e ninguém fala nada na mídia. Impossível, certo? Certo.
A prova de que a história é falsa veio na primeira busca em inglês. Descobrimos que a fake news (ou hoax, se preferir) surgiu em 2007 (quando o termo fake news nem era popularizado). O boato se espalhou por e-mail por causa de uma interpretação errada da aprovação de uma lei no Reino Unido.
A coisa foi tão escandalosa que ganhou um artigo na Wikipédia (em inglês). De acordo com relatos publicados no site, o New York Post chegou a cair no boato e publicar a informação. Na realidade, a lei aprovada, de acordo com essa matéria da BBC, tornava obrigatório o ensino do Holocausto para crianças entre 11 e 14 anos. Como é de se imaginar, nada (pelo menos em termo do ensino do tema) mudou na Inglaterra.
Resumindo: a informação que aponta que a Inglaterra acabou de aprovar o fim das menções ao Holocausto nas escolas do país é falsa. Trata-se de um boato antigo que começou a circular a partir de uma interpretação errada das leis do Reino Unido. Não caia nessa.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.