Boato – Em Israel, pessoas que tomaram vacina contra a Covid-19 lotam hospitais após apresentarem efeitos colaterais graves.
Eu poderia começar esse texto dizendo que, com 3 pautas sobre o mesmo tema, a gente teria chance de pedir música no Fantástico. Porém, quando o assunto é vacina, a equipe do Boatos.org já deve estar na marca do 3 vezes 30. E claro que a história de hoje tem relação com as vacinas contra a Covid-19 e supostas consequências maléficas causadas pelo imunizante.
De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, israelenses que teriam tomado a vacina contra a Covid-19 estariam lotando hospitais por causa de efeitos colaterais. Ainda segundo a publicação, os vacinados estariam enfrentando efeitos colaterais graves e a vacina estaria infectando mais pessoas do que o próprio SARS-CoV-2. Confira:
Versão 1: “Os vacinados lotam os pronto-socorros de hospitais israelenses”. Versão 2: “HOSPITAL LOTADO DE PACIENTES QUE TOMARAM A VACINA DO COVID 19 COM EFEITOS ADVERSOS GRAVES. O EXPOSITOR DO SISTEMA. Ou seja, as venenocinas estão infectando MAIS AINDA as pessoas, do que o próprio virus”.
Israelenses que tomaram a vacina lotam hospitais por causa de efeitos colaterais?
A informação causou um verdadeiro burburinho nas redes sociais (em especial, no Facebook) e alimentou ainda mais o negacionismo daqueles que já atacavam as vacinas. Entretanto, a história não passa de balela.
Ao procurar por mais informações na internet, descobrimos que essa história, na realidade, surgiu a partir de uma distorção de um evento real. Nas últimas semanas, o Estado de Israel conseguiu vacinar milhares de pessoas e se tornou uma referência em campanhas de vacinação. Cerca de 2 milhões de habitantes (de um total de 9 milhões) já receberam a primeira dose do imunizante da Pfizer/BioNTech.
Entretanto, a dose de esperança e felicidade fez com que muitos israelenses simplesmente descuidassem das medidas de proteção contra a Covid-19. E apesar das infecções pela Covid-19 terem reduzido cerca de 30% no país após a administração da primeira dose da vacina, uma dose não é o suficiente para evitar a doença.
Infelizmente, foi o que ocorreu em Israel. Felizes com o recebimento da primeira dose do imunizante da Pfizer/BioNTech, diversos israelenses deixaram os cuidados de lado e resolveram se expor ao risco. A ousadia custou caro. Cerca de 4.500 pessoas foram infectadas pelo SARS-CoV-2 mesmo depois de serem vacinadas. Quase 400 delas precisaram ser hospitalizadas.
Entretanto, o ocorrido não tem relação com a vacina, mas sim com a falta de cuidado dos vacinados. O imunizante é dividido em duas doses e apenas as duas doses são capazes de conferir a proteção indicada pelo fabricante. Além disso, a vacina não concede imunidade imediata, o que significa que os vacinados precisam adotar medidas de proteção por semanas após a vacinação.
De acordo com o site The Times of Israel, a proteção de 95% (estipulada pelo fabricante) só é alcançada cerca de uma semana após a administração da segunda dose. E quase um mês após a primeira dose.
Ainda sim, nenhuma vacina protege 100% contra as infecções. Sabendo que existem pessoas que não podem se vacinar, que novas mutações do SARS-CoV-2 estão circulando por aí e que as campanhas de vacinação podem ser suspensas por falta de insumos para a produção dos imunizantes, a atitude mais sensata é continuar adotando as medidas protetivas até que a situação melhore.
Em resumo: a história que diz que israelenses que tomaram a vacina contra a Covid-19 foram internados por efeitos colaterais graves é falsa! Toda a história, na verdade, é uma distorção de um evento real. Cerca de 4.500 israelenses que foram vacinados contra a Covid-19 se infectaram com o SARS-CoV-2. Quase 400 foram internados. Entretanto, tudo isso ocorreu por falta de cuidado. Todas as pessoas infectadas receberam apenas uma dose e relaxaram nas medidas de proteção. Com apenas uma dose, o nível de proteção é de menos de 50%. A história não tem nada a ver com efeitos colaterais da vacina, mas sim com falta de cuidados por parte dos vacinados. Ou seja, a história não passa de balela.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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