Boato – O professor não tem que se curvar perante ao imperador no Japão. Afinal, em uma terra onde não há professores, não há imperadores.
Há certas informações que circulam na internet há tanto tempo, que já são tomadas como verdade sem nem ao menos uma pesquisa prévia e confirmação da sua veracidade. Um exemplo disso é a informação de que o professor é o único profissional que não tem o dever de se curvar perante o imperador do Japão.
Normalmente, em dias festivos para professores a mensagem tende a circular pela internet. Segundo a imagem, isso acontece porque ‘numa terra onde não há professores, não pode haver imperadores’. Leia a versão de um texto que circula no Facebook:
No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra em que não há professores, não pode haver imperadores.
A questão é que tudo isso não passa de balela. A profissão de professor (sensei) é muito valorizada no Japão, tanto pelas pessoas comuns quanto pelo próprio imperador. Apesar disso, todas as pessoas se curvam perante ao imperador. Vale lembrar que o imperador é a autoridade soberana no país.
Além disso, os japoneses têm o ato de se curvar já instituído em sua cultura. Eles se curvam para tudo (tudo mesmo!) e não veem a atitude como uma obrigação ou um dever. Para os japoneses, o ato de se curvar demonstra respeito e humildade.
Em uma rápida pesquisa na internet, você pode encontrar dois blogs que desmentem a história dos professores não se curvarem. Um deles é da psicóloga Fabiana, que mora em Nagoya, no Japão. Em seu blog, ela desmistifica o boato.
Conversei com algumas japonesas, com o tradutor, claro, e elas disseram que realmente o respeito do imperador com o professor é muito grande, porém, todas as pessoas se curvam para o imperador, independente da profissão. O imperador é o soberano, não teria como alguém chegar perto dele sem se curvar, principalmente o professor (os outros morreriam de vergonha).
O criador do blog Japão 25, que fala sobre a cultura japonesa, também explica que a informação não passa de mentira, apesar de bonita.
Agora, uma vez que se conhece como é o povo e como é sua veneração com o imperador, fica bem claro que ninguém que more naquela ilha pode se dar ao luxo (ou desrespeito) de não fazer odigui, que é o nome do característico cumprimento japonês/chinês, por mais importante que seja o professor, pois nada é mais importante que o imperador.
Resumindo: apesar de ser uma bela informação, ela é falsa. Professores ou não, todos os japoneses se curvam se estiverem diante do imperador do país. Essa é mais um lenda urbana.