Boato – ONU e OMS divulgam documento com diretrizes para escolas primárias e orientam que crianças devem ter parceiros sexuais.
Apesar da questão da educação sexual ter se tornado o centro do debate de grupos conservadores nos últimos anos, ela sempre esteve presente em todas as escolas. O objetivo desses programas é fornecer informações suficientes para adolescentes e jovens conseguirem identificar situações de abuso e entenderem sobre seus corpos e sua sexualidade.
Entretanto, grupos conservadores defendem que esse tipo de conversa não deveria ocorrer na escola, afirmando que todo o trabalho realizado pelos profissionais de saúde e de educação serve apenas para ensinar crianças e adolescentes a terem relações sexuais.
Com isso, o número de fake news sobre o assunto disparou nos últimos anos e a história de hoje é um exemplo disso. De acordo com ela, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) teriam publicado um documento onde defendem que crianças devem ter parceiros sexuais. Segundo a história, o documento seria uma diretriz oficial para escolas primárias do mundo todo e a passagem em questão estaria na página 16. Confira:
Versão 1: “As Nações Unidas e a OMS emitiram o documento “International Technical Guidance on Sexual Education”. É a diretriz oficial para escolas primárias em todo o mundo. O objetivo deste documento está descrito na página 16: Em suas próprias palavras: “Seu objetivo é equipar as crianças…para desenvolver relações sexuais”.
Versão 2: “As crianças devem ter parceiros sexuais”, dizem a ONU e a OMS”. Versão 3: “As crianças devem ter parceiros sexuais” Segundo a ONU e a OMS”. Versão 4: “As escolas devem equipar as crianças para ter parceiros sexuais” diz a ONU e a OMS”.
ONU e OMS dizem que crianças devem ter parceiros sexuais?
A informação causou um verdadeiro tumulto nas redes sociais, em especial, no Twitter e viralizou em grupos conservadores. Apesar disso, a história não é real. A explicação está na origem da informação e no próprio documento citado pela história.
Logo de cara, a mensagem nos deixou desconfiados. Ela apresenta caráter vago, extremamente alarmista e não existem notícias sobre o assunto em veículos de comunicação confiáveis. Como já explicamos por aqui, todas essas são características comuns em fake news na internet.
Além disso, histórias falsas envolvendo a ONU, a OMS e as crianças não são novidade por aqui. A equipe do Boatos.org já desmentiu diversas delas, como a que dizia que a ONU teria se declarado inimiga da Igreja cristã e a criação de uma nova religião mundial, o onuísmo. Também a que indicava que a OMS teria alertado os pais para manter suas crianças longe da “vacina perigosa contra a Covid-19” e, por fim, a que apontava que a ONU teria dito que levar crianças a cultos violaria os direitos humanos.
Ao analisar a história de hoje, observamos que as fontes de informação que estão compartilhando a história já são velhas conhecidas dos checadores. Elas compartilham com frequência fake news e teorias da conspiração.
E diferente de outras histórias falsas, a publicação de hoje cita fontes confiáveis: a ONU e a OMS. Em específico, um documento que as organizações teriam compartilhado. Ao procurar pelo documento em questão, descobrimos que o material foi retirado de contexto e distorcido. O material é um relatório que foi publicado em 2018 (e, portanto, não é novo) para orientar profissionais das áreas da saúde e da educação sobre como trabalhar o tema com jovens e adolescentes nas escolas. E é óbvio que a suposta passagem que aponta a história não existe. Na realidade, o documento aponta que a educação sexual deve ser orientada para que jovens e adolescentes possam desenvolver conhecimento sobre suas habilidades, valores e atitudes, aprendendo a cuidar de sua saúde, bem-estar e dignidade.
Por fim, toda a história acabou sendo desmentida por sites de fact-checking. De acordo com a agência Reuters, o chefe do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva do UNFPA informou que a passagem que está circulando na internet é falsa. Já o serviço Checamos, da AFP, explicou que o documento de educação sexual foi totalmente deturpado.
Em resumo: a história que diz que a ONU e a OMS recomendaram que todas as crianças devem ter parceiros sexuais é falsa! A história surgiu a partir de um documento publicado pelas duas organizações que orientavam profissionais da saúde e da educação sobre o ensino da educação sexual em escolas. O documento foi retirado de contexto e deturpado. A passagem que acompanha a história de hoje é falsa. A citação não existe no documento. Além disso, as fontes de informação de toda essa história já são velhas conhecidas dos checadores, justamente por compartilharem histórias falsas com frequência.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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