Falta de notícias falsas sobre o 7 de setembro em 2022 mostra, mais uma vez, como as fake news políticas não se sustentam sem uma orquestração.
Há pouco mais de um ano, o Brasil vivia um dos momentos mais tensos em relação à política. Movidas por informações falsas e campanhas de ódio, muitas pessoas “saíram do armário” e foram às ruas pedir por um golpe militar com o presidente Jair Bolsonaro no poder.
A realidade mostrou que, mesmo com essa mobilização, Bolsonaro não tinha poder político ou popular para aplicar um golpe. O resultado foi, depois de uma campanha massiva de mentiras, o 7 de setembro sendo coroado com a cena pitoresca de militantes chorando ao comemorar um estado de sítio que nunca ocorreu e com o recuo de Bolsonaro (após escrever, com Temer, uma carta).
Em 2022, viveu-se uma expectativa de reprodução deste tipo de ação. Porém, a realidade mostrou o contrário. No lado de Bolsonaro, os eventos do Dia da Independência não passaram de comícios eleitorais (criticados pela oposição). Na internet, 7 de setembro se notabilizou pela falta de fake news sobre “patriotismo”, “golpe”, “ataques ao STF” e afins.
Tivemos uma fake news sobre o evento e ela sequer foi espalhada por bolsonaristas. Trata-se de um vídeo de Bolsonaro com um áudio falsamente inserido em que ele estaria xingando a primeira-dama Michelle Bolsonaro. A ausência de fake news sobre o 7 de setembro tem uma causa e serve como prova cabal para uma teoria.
A causa é estratégica. Em 2021, as fake news tinham como objetivo incendiar uma minoria radical para que as manifestações pró-Bolsonaro fossem infladas. Em 2022, o objetivo de Bolsonaro é angariar votos para vencer as eleições. A radicalização (algo que é alcançado com algumas fake news) de alguns poderia resultar no afugentamento da maioria das pessoas. Logo, poderia resultar em perda de votos.
Mais importante do que olhar para a causa é olhar para uma conclusão lógica: mais uma vez, temos a prova de que há uma orquestração de grupos políticos na criação de disseminação de fake news. Não é possível que o fato do fluxo de fake news seguir exatamente a estratégia de Bolsonaro seja mera coincidência. A questão é: até quando a disseminação (ou a não disseminação) da desinformação vai favorecer alguns grupos políticos?
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