Se você subestima os boatos da internet saiba que rumores sempre ajudaram na escolha do eleitor. Seja em pleitos para presidente ou representante de turma. Relembre casos.
Olá. Como vocês podem ver, esse é um artigo um pouco diferente dos outros escritos pelo Boatos.org. Desta vez, não vamos desvendar nenhum mistério. E como vocês vão perceber, este é o primeiro de uma série artigos opinativos que vamos colocar aqui no site. Os textos vão analisar algum boato, falar de situações criadas por eles ou dar dicas para não cair na boataria na web. Sem mais delongas, vamos falar do artigo de hoje.
Faltam cerca de dois meses para as eleições e, daqui para frente, há uma grande tendência do debate eleitoral se acirrar. E, assim como a mídia está exaustivamente repetindo, esta será a eleições com maior participação das redes sociais na história dos pleitos.
Naturalmente e infelizmente, a boataria deve se acirrar pela internet até outubro (ou novembro) se tivermos segundo turno. Mas fica a dúvida no ar: será que a boataria realmente pode decidir uma eleição? Será possível eleger ou derrubar um presidente apenas com notícias falsas?
Em um cenário onde (desculpem se você é fã de algum político em especial) o menos ruim se sobressai, é natural que as pessoas criem critérios eliminatórios para escolher o seu candidato. Ou seja, o debate político está mais pautado nos aspectos negativos de um candidato do que nos positivos de outro.
Eu lhe pergunto, quantas vezes você votou em alguém para derrubar o adversário natural? Provavelmente, a resposta é mais de uma vez. E claro, a rejeição não veio apenas por você achar o candidato bonito ou feio. Vem de alguma informação que “estraga a imagem dele para você”. E é aí que a boataria entra arrasando candidatos.
Nas eleições deste ano, todos os candidatos já tiveram histórias mirabolantes publicadas na internet. Teve candidato com a filha milionária, candidato que é viciado em drogas, candidato que é filho de celebridade. E o que vimos até agora é só a ponta do iceberg. A história mostra que quanto mais próxima a data de uma eleição maior é a probabilidade de boatos aparecerem na web. Para tanto, vou contar três histórias para vocês:
Em 2010, foi apontado que a candidata Dilma iria legalizar o aborto no Brasil caso fosse eleita presidente (ou presidenta como ele gosta de ser chamada). À época, a história se tornou o centro do debate eleitoral. Dilma caiu nas pesquisas. Já na reta final da campanha apareceu uma denúncia de que a esposa do candidato José Serra já havia abortado. O “escândalo” ajudou na vitória de Dilma ainda no primeiro turno.
Em 2008, o município de Ponta Grossa (PR) vivia uma disputa eleitoral intensa no segundo turno. Um dos candidatos era o então prefeito, do PSDB. Na oposição, um candidato do PPS que era radialista na cidade. Na semana anterior às eleições, começou a circular a informação de que o opositor era gay. Em uma cidade com eleitorado conservador, esse foi o elemento decisivo para garantir a reeleição do tucano.
Em 2002, minha turma de escola estava escolhendo o seu representante de turma. Recém-chegado e representante de turma minha antiga escola, eu tinha vontade de chegar ao cargo. Eu tinha grandes chances de ganhar. Até alguém me “acusar de ser quieto demais”. Na época, não rebati a acusação e isso reforçou a ideia que eu era quieto (quem me conhece sabe que é mentira). Como era de se esperar, perdi a eleição para representante e (ainda bem) minha carreira política se encerrou por lá.
É caros. A história mostra que os boatos podem decidir diversos tipos de eleições. Desde a de representante de turma de escola (que não vale quase nada para quem ganha) até uma eleição presidencial. Por isso, fique de olho no que você lê. Não decida seu voto na primeira informação que você vê online e offline. E não subestime um boato de internet. #ficaadica.