Na quinta parte da nossa retrospectiva 2017, Kyene Becker conta quais foram os cinco boatos marcantes de 2017. Tem papa, raio no rio, Baleia Azul e outros na lista.
Voltei a fazer parte da maior equipe de desvendadores de mentiras da internet nesse ano de 2017. E, assim como nos anos passados, quando contribui para esclarecer muitos mal entendidos, o ano de 2017 não foi fácil. A quantidade de boatos aumentou. Da mesma forma, a complexidade das histórias inventadas. E pra completar, a velocidade em que elas foram e são compartilhadas nas redes sociais também não colaboram muito, mas nada disso foi empecilho pra nossa equipe. Por isso, trago hoje os 5 boatos que mais marcaram o meu 2017. Confira:
Assista: Equipe do Boatos.org escolhe em vídeo, os dez principais boatos de 2017
5) Fúria da natureza (05/08)
Bom, eu adoro natureza e a possibilidade de ver um fenômeno desses, pra mim, era demais. A história contava que um raio caiu do céu e atingiu um lago. O resultado? Uma explosão digna de filme de ação. O mais engraçado é que, na época, o vídeo tinha 150 mil compartilhamentos, o que fez com que muita gente acreditasse na mentira (e também um dos motivos pro boato entrar na minha lista de 2017). Mas o que ninguém percebeu foi o equívoco. Na verdade, o tal raio era uma explosão controlada de uma empresa de engenharia. O vídeo impressionou, convenceu e não poderia estar de fora dessa lista.
4) Primo de Marcelo Freixo é preso (25/10)
2017 foi um ano forte para a invenção e divulgação de boatos sobre política nas redes sociais. Não foram uma, nem duas, muito menos três. A realidade é que perdemos as contas. E tão loucas quanto as histórias inventadas sobre políticos foram as histórias que falavam sobre familiares de políticos. E, nesse caso, não foi qualquer político e muito menos qualquer situação. O boato falava que o primo de Marcelo Freixo (PSOL/RJ), ex-deputado e candidato à prefeitura do Rio, havia sido preso acusado de ter dado LSD aos seus alunos e estuprado uma adolescente. Novamente, vemos até onde o ódio pela esquerda chegou. Gustavo Freixo, o investigado, não possui parentesco com o ex-deputado. E a história, claro, não poderia ficar de fora daqui.
3) Criador do jogo Baleia Azul odeia brasileiros (19/05)
O jogo da Baleia Azul fez muito sucesso no ano de 2017. Infelizmente, por conta de histórias tristes ou trágicas. O jogo consiste em completar 50 desafios, que vão da automutilação até o suicídio. E com um histórico desses, é claro que um boato envolvendo o jogo não poderia ficar de fora da minha lista. A história falava que o criador do jogo Baleia Azul havia escrito uma carta na prisão, confessando seu ódio pelos brasileiros. Nesse trabalho, tive ajuda dos alunos de russo da Unicamp, que logo identificaram que a tal carta, na verdade, se tratava de um poema clássico e não tinha nada a ver com o jogo. Mas a histeria que esse boato causou não poderia deixá-lo de fora do top 5.
2) Papa dançando merengue (18/11)
Acredito que tanto argentinos quanto brasileiros ficaram felizes quando o Vaticano anunciou um papa latino-americano para estar à frente dos cristãos. Particularmente, sou muito fã do “seu” Francisco. Ele dissemina mensagens bacanas e tem promovido mudanças na Igreja católica com sua visão de mundo. E nem ele foi poupado dos boatos. Segundo a história, em uma viagem à Colômbia no final de outubro deste ano, o papa Francisco mostrou para o que veio e arriscou uns passos de merengue com uma mulher em festa. Pra mim, foi a história mais engraçada de 2017. E, claro, não passou de boato. O tal papa, na verdade, era apenas uma fantasia de Halloween (e enganou muita gente, viu?).
1) Cheirar pum prolonga a vida (09/12)
Se tem uma coisa que eu gosto, é falar sobre pesquisas científicas inusitadas. E 2017 não deixou barato. Foram inúmeras histórias envolvendo ciência e pesquisas nada ortodoxas. E uma delas, com certeza, marcou meu 2017. De acordo com essa história, cheirar o pum do parceiro combate diversas doenças, inclusive o câncer, e pode prolongar a vida. E o texto também garantia que quanto mais mal-cheiroso, melhor para a saúde. Eu dei muita risada quando recebi essa pauta e fiquei tão chocada quanto os responsáveis pela pesquisa original. O que aconteceu foi uma sucessão de erros de divulgação científica, que deixou até os pesquisadores de boca aberta. Ou seja, a história que dizia que cheirar o pum do parceiro poderia prolongar a vida não tem nenhum embasamento científico.