Às vésperas das eleições municipais, as pessoas já estão se preparando para votar. Antes de apertar o verde na urna eletrônica, confira a lista que o Boatos.org fez sobre as balelas “eleitorais” que já rolaram e que você provavelmente acreditou.
As eleições municipais vêm aí e para muitas cidades a corrida pela prefeitura termina no domingo, 02 de outubro. Canais de televisão divulgam pesquisas de intenção de votos a todo momento, os debates se acirraram e para ganhar, os candidatos do país todo já estão na fase do tudo ou nada.
Enquanto isso, os boatos seguem sem trégua, como geralmente acontece durante (e às vésperas) de grandes eventos. Nós do Boatos.org listamos balelas clássicas que aparecem em períodos eleitorais e outras bem específicas sobre as Eleições 2016. Confira aí:
1 – Vote nulo e anule as eleições
As pessoas andam insatisfeitas com os candidatos do momento. A rejeição de governos país afora é cada vez maior e as pessoas buscam formas de concretizar essa insatisfação. Pois faz tempo se diz que se votarmos nulo e a quantidade de votos desse tipo chegar a 51% dos totais a eleição é anulada e os candidatos têm que ser trocados. Bom seria se essa história fosse verdade, mas ela não é.
Trata-se de um boato recorrente que aparece sempre na internet quando as eleições se aproximam. Em 2013 o Boatos.org desmentiu uma versão semelhante e muito provavelmente desmentiremos nas próximas eleições presidenciais. De tão comum que é essa história, até mesmo as autoridades aparecem esclarecendo tudo.
A confusão acontece porque pouca gente entende de fato o que é feito do voto nulo – anula o voto e ponto. O que decide um pleito são os votos válidos, logo os nulos são apenas uma opção para quem não queira votar em ninguém e só cumprir a obrigação do voto. Simples assim. Leia mais sobre o boato aqui.
Assista ao desmentido em vídeo
2 – Não dá para confiar nas urnas
O sistema de votação no Brasil é singular. Diferente das grandes potências e, basicamente, do resto do mundo, aqui os votos são feitos por meio das urnas eletrônicas. Acontece que o abandono dos tradicionais votos de papel (facilmente fraudáveis, diga-se de passagem) ainda é um tema tabu e as histórias que pairam sobre a urnas eletrônicas deixa o caminho mais fácil para boatos sobre isso.
Em 2014, por exemplo, às vésperas, durante e depois das eleições presidenciais supostos casos de fraudes incendiaram as redes sociais. Teve o caso de uma urna fraudada que teria dado 400 votos para Dilma fazendo com que ela ganhasse as eleições. Assim como circularam um vídeo que aparentemente comprovava que não era possível votar em Aécio, as urnas teriam sido programadas para não registrar os votos destinados ao candidato do PSDB.
Desmentimos os dois casos aqui no site e de quebra fizemos um apanhado das várias teorias sobre a segurança e insegurança das urnas eletrônicas. Leia mais sobre isso aqui, aqui, e aqui.
3 – A culpa é do software livre
Ainda sobre possíveis fraudes das urnas eletrônicas, também em 2014 uma história ganhou muita força na internet e causou revolta generalizada. Segundo um texto que circulou na web, o Partido dos Trabalhadores (PT) estaria fraudando as eleições com a ajuda de hackers e do software livre Linux.
A história fez muita gente crer que a mudança do sistema operacional Windows para o Linux feita em 2008 era razão mais do que válida para justificar fraudes nas votações desde então. O caso ainda nomeava os especialistas contratados pelo PT para fazer o trabalho “sujo”.
No entanto, claro que tudo não passou de balela, esclarecida inclusive em sites de tecnologia que bateram o martelo – o Linux não deixa as urnas mais vulneráveis, o software livre não facilita fraude alguma. Leia mais sobre o boato aqui.
4 – Suplicy, pedófilo
Entre os casos que mais acirraram opiniões nas redes sociais nas eleições municipais de 2016, está a história de que Eduardo Suplicy, ex-senador e candidato a vereador em São Paulo teria beijado uma adolescente durante um protesto na capital paulistana. A foto de Suplicy claramente beijando uma mulher bem mais baixa se espalhou muito rápido e deixou as pessoas boquiabertas.
No entanto, a equipe do Boatos.org entrou em contato com a fotógrafa que captou o momento do beijo e foi ela, testemunha ocular da situação, quem esclareceu que o ex-senador não beijou uma adolescente. O beijo de fato aconteceu, mas foi uma iniciativa da mulher – adulta, aparentemente muito bêbada – que se dirigiu à boca de Suplicy.
Conforme explicou a fotógrafa Gabriela Biló, não teve nada de pedófilo no ocorrido. Você pode ler tudo sobre essa mentira aqui.
5 – Envenenaram um Bolsonaro
Em tempos de eleições também é muito comum que surjam inúmeras histórias envolvendo os candidatos aos cargos. Durante a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro, o fato de um dos candidatos ser o Flávio Bolsonaro (filho do Jair Bolsonaro, sim, aquele das polêmicas) deu o que falar e rendeu um boato muito sério.
Durante um debate entre os candidatos em que Flávio Bolsonaro participava, o político do PSC passou mal e teve que ser encaminhado ao hospital. Logo no dia seguinte começou a circular a história de que ele teria sido envenenado com Rophynol, por isso o mal-estar.
Acontece que Bolsonaro filho não foi envenenado. O texto original com essa versão “dramática” foi postado no site Pensa Brasil, que já cansamos de desmentir aqui. O próprio partido de Flávio Bolsonaro sequer mencionou envenenamento, muito menos o candidato que bem poderia usar isso para causar um reboliço, caso fosse verdade. A mídia também não deu a mínima para essa afirmação, fechando o ciclo de provas de que tudo não passou de uma balela da internet. Leia mais sobre o boato aqui.
6 – Russomanno, o fraudador de urnas eletrônicas
Não foi só no Rio de Janeiro que a disputa pela prefeitura fez render histórias duvidosas na internet. Em São Paulo, os candidatos a prefeito também tiveram seu nomes relacionados a vários casos e denúncias preocupantes. No caso de Celso Russomanno, candidato pelo PRB, um vídeo foi ressuscitado na internet afirmando que ele teria ajudado a fraudar as últimas eleições municipais paulistanas para favorecer seu concorrente, Fernando Haddad.
No vídeo, um cidadão aparecia acusando Russomanno de ter utilizado um esquema de fraude das urnas para dar seus votos a Haddad em 2012. Além de não apresentar provas, o vídeo já tinha ciraculado em 2015 e foi totalmente ignorado, tanto pela mídia, quanto pelos concorrentes políticos de Russomanno (ou do Haddad) que bem poderiam usar a tal denúncia para benefícios próprios.
Nada, nadinha foi repercutido sobre o tema mesmo agora tão próximo das votações. Isso por que, claro, a história é balela de internet. Leia mais sobre o boato aqui.
7 – Marcelo Crivella e a fala racista
Para finalizar, porém ainda no bloco “vale tudo para detonar um candidato”, a internet não perdoou Marcelo Crivella, do PRB-RJ quando começou a circular a história de que o candidato proferiu falas racistas.
Segundo texto replicado na web, Crivella teria dito que “os negros só gostam de cachaça, prostíbulo e macumba”. Acontece que a fala do candidato à prefeitura do Rio de Janeiro foi tirada do contexto, foi tirada de uma história que ele contou, um causo em que não tinha sido ele a dizer a frase.
O próprio Marcelo Crivella publicou o vídeo original em que ele mencionava essa frase para desmentir a história. Apesar de muita gente ter acreditado, tudo não passou de mais uma artimanha para fazer politicagem na web, como bem acontece em períodos eleitorais. Leia mais sobre o boato aqui.