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7 boatos sobre a reforma da Previdência e aposentadoria no Brasil

Com as propostas de mudanças nas regras da Previdência no Brasil uma onda de manifestações  tomou conta do país. E de boatos também.

Desde que a reforma da Previdência começou a circular como tema nos corredores do Congresso brasileiro, insatisfação, incerteza e disputa de opiniões se espalharam pelo país. Uma parcela da população até foi às ruas para protestar contra a reforma que muda as regras da aposentadoria no país.

Cidades como São Paulo e Curitiba, por exemplo, literalmente pararam quando motoristas, metrô e ferroviários fizeram uma greve como forma de protesto contra as mudanças da previdência. E junto com a onda de manifestações que tomou o país, os boatos sobre o tema também invadiram a internet.

Separamos uma lista de histórias falsas envolvendo Previdência e aposentadoria no Brasil para você não cair quando aparecer na sua timeline:

1 – Nos outros países se aposenta mais cedo

Apenas um dia após as manifestações contra a Previdência ocorrerem no país, uma história se espalhou feito pólvora na internet. Uma imagem mostrando o período de contribuição e a idade mínima para aposentar-se em vários países deixou muita gente mais revoltada ainda sobre as mudanças no Brasil.

A foto afirmava que nos Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Argentina e Chile as pessoas podem se aposentar mais cedo. Apesar do sucesso que a foto fez no Facebook, por exemplo, bastava uma busca em órgãos confiáveis para saber que lá fora não é assim que a banda toca não.

Pesquisamos e em todos os países divulgados a idade mínima para se aposentar é muito próxima da proposta brasileira. Aliás, sobre a origem da imagem, ela teria sido primeiramente compartilhada por policiais civis para contextualizar como esses países definem a aposentadoria dessa classe específica. Alguém se apropriou da foto e deu a entender que rolava assim com todo mundo.

Ou seja, fizeram um “auê” totalmente baseados em informação errada. A dica é: assim não dá pra debater um tema sério. Leia mais sobre o boato aqui.

2 – “Mas o déficit da Previdência é falso e podemos provar”

Entre os principais argumentos para justificar a reforma da Previdência brasileira está o fato de que o governo não será capaz de pagar os salários dos aposentados.

Para “quebrar” essa “desculpa” uma história no WhatsApp afirma que os cálculos reais foram feitos e que na verdade o brasileiro utiliza muito menos do que contribui na vida. Cheia de erros de cálculo e com informações dadas pela metade, o boato correu o app de mensagem afirmando que R$422 mil são pagos e apenas R$158mil são recebidos de volta. O governo ficaria com o resto.

Cálculos bem simples (porque não somos contadores) foram feitos com os próprios valores da mensagem (que não batem com os reais) e ainda assim a conta não batia de forma alguma. Algum fez uma maluquice matemática para colocar mais lenha na fogueira. De novo, com argumentos baseados em boatos, não adianta protestar. Leia mais sobre o boato aqui.

3 – Aposentados com um ano de trabalho

Uma das histórias mais revoltantes que apareceu com essa onda de boatos sobre a Previdência foi a suposta aprovação de aposentadorias de um ano para congressistas. E os culpados seriam o PSDB e o PMDB.

Segundo se espalhou na internet, os dois partidos aprovaram aposentadoria de deputados a partir de um ano de trabalho. Ou seja, depois de um ano já se poderia entrar com o pedido e ficar “na aba” do governo.

O boato foi gerado a partir de uma informação truncada de um político que de fato cumpriu apenas dois anos como deputado federal, mas foi vereador por 8 anos, prefeito e colaborou por 26 anos com a previdência. O fato é que ele pode, porque já está aprovado desde 1999 como funciona a previdência de congressistas, se aposentar após um ano, mas ganhando 1/35 do salário integral.

Também não foi o PMDB e o PSDB que criaram sozinhos essa possibilidade. A previdência de deputados foi aprovada pela Câmara toda ainda nos anos 90. Revoltante mesmo assim? Bom, não será inventando mentiras que a coisa toda vai mudar. Leia mais sobre o boato aqui.

4 – Dilma queria que fosse pior

Quem acha que as polêmicas sobre aposentadoria e previdência começaram só este ano, está enganado. As discussões sobre o tema já apareciam em debates para a presidência da República em 2014. Aécio e Dilma falaram disso em um debate na rede Globo aquele ano e a então presidente usou duas expressões muito equivocadas que deixou todo mundo incomodado: 85 anos para mulheres e 95 anos para homens.

As pessoas fizeram questão de entender que a presidente falava sobre a idade mínima ideal para se aposentar se houvesse reforma, mas, como em muitos casos, não era isso que ela tentou dizer.

De uma forma bem simplificada, um projeto de Lei proposto em 2008 previa que o cálculo da previdência fosse feito a partir de pontos de acordo com a somatória dos anos trabalhados (anos de contribuição) e a idade da pessoa em um sistema de pontos. Os números 85 e 95 seriam os pontos que homens e mulheres deveriam atingir para se aposentar.

Ou seja, pegaram uma fala fora de contexto e mal interpretada (e mal proferida) e utilizaram como bem entenderam. Coisa típica de boato. Leia mais sobre aqui.

5 – Até a polícia soltou a voz

Enquanto movimentos sociais e trabalhistas ganharam as ruas realizando manifestações contra a reforma da Previdência, as polícias civil, militar e federal invadiram o Congresso para fazerem-se ouvir, mas a imprensa fez questão de esconder o ocorrido. Pelo menos foi isso que um texto revoltoso junto com um vídeo deu a entender na internet.

Acontece que a coisa toda não foi bem assim. As imagens eram verdadeiras, mas a manifestação não ocorreu no mesmo dia dos protestos de 15/03. As imagens, na verdade, foram gravadas em fevereiro, quando apenas policiais civis estiveram protestando no Congresso por causa da reforma.

O outro “crime” – o silêncio da imprensa – também não aconteceu. Com uma busca básica no Google diversas matérias e reportagens sobre o assunto apareceram. Leia mais sobre o boato aqui.

6 – As celebridades também estão revoltadas

Como não poderia faltar uma história envolvendo “famosos”, cá estamos com os casos de revolta das celebridades brasileiras. Segundo uma história que circulou as redes sociais, Sérgio Reis teria escrito uma carta de crítica a reforma e denunciando os absurdos que deputados recebem.

No texto, o cantor teria falado sobre os auxílios do Congresso, a verba para manutenção de gabinetes e até o famosos auxílio paletó. Acontece que não só o Sérgio Reis nada disse como as informações divulgadas na tal carta também não batiam com a realidade.

A suposta manifestação de revolta do cantor sertanejo era uma releitura muito parecida com um boato (desmentido por nós, inclusive) em que ele teria escrito a favor do Regime Militar.

Ah, uma versão praticamente idêntica da carta apareceu semanas depois, desta vez tendo Tiririca como remente. Até Orestes Quércia que já faleceu apareceu nessa bagunça. Leia mais sobre os boatos aqui e aqui.

7 – E os cubanos?

E se você achou que as balelas envolvendo os cubanos ficaria de fora dessa lista, estão por fora do feeling do Boatos.org. É claro que apareceram casos afirmando que os cubanos, de alguma maneira, tem culpa ou relação com a Previdência. E aqui estamos nós.

Em uma das histórias que ganhou força na internet em 2014, a viúva de Che Guevara, Aleida March, estaria ganhando pensão de mais de R$9 mil no Brasil. A balela divulgada através de um texto maluco afirmava que o dinheiro chegava com o conhecimento do ex-presidente Lula e que a denúncia tinha sido feita pelo gato (isso mesmo) de Aleida. Até a foto utilizada na divulgação do boato era errada – a imagem que repassaram por aí era da filha de Che Guevara e não se sua esposa.

Para fechar, nem Fidel Castro escapou de uma história semelhante. Também em 2014 uma balela afirmando que o ex-comandante cubano estaria ganhando R$50 mil do INSS brasileiro foi circulada por aí.

Assim como com Aleida March, tudo não passou de uma notícia irônica postada em um site chamado “Conversa mole pra boi dormir” que se reconhece com um provedor de zoeiras. Leia mais sobre os boatos aqui e aqui.