Boato – Amélia Teles, mulher que aparece na propaganda eleitoral de Fernando Haddad, esquartejou militares durante a Ditadura.
A três dias das eleições presidenciais brasileiras, as fake news não param de chegar (e o clima de tensão aumenta entre os eleitores). E um dos assuntos que mais se fez presente durante as discussões dessas eleições foi a questão da Ditadura.
E se você anda acompanhando a propaganda eleitoral, já deve ter visto o rosto de Amélia (ou Amelinha) Teles por aí. Amélia participou da propaganda eleitoral de Fernando Haddad (PT). Ela deu um depoimento sobre a tortura do general Ustra. Claro que a participação fez ela virar alvo.
E, segundo uma história que anda circulando nas redes sociais, Amélia teria sido presa por ter matado e esquartejado militares no período da Ditadura. “Essa senhora que aparece na propaganda de Haddad chorando. É Amelinha Teles, que junto com seu marido matou e esquartejou militares em nome da ditadura do proletariado”, diz a publicação.
Amélia Teles matou e esquartejou militares durante a Ditadura?
Próximo do dia da votação, é óbvio que uma história dessas iria causar o maior frisson na internet. Ainda mais se tratando de uma pessoa presente na propaganda eleitoral de um dos candidatos à Presidência da República. A família de Amelinha, inclusive, começou a receber ameaças após a divulgação dessa história. Mas será que Amélia Teles foi realmente presa por ser uma assassina (e mais, por ter esquartejado militares durante a Ditadura)? A resposta é não. E se você quer mais detalhes, então continua lendo.
Vamos lá! Para começo de história, a publicação apresenta as principais características de boatos online: é vaga (apenas “joga” a informação e não dá nenhum detalhe), alarmista e não cita fontes confiáveis (na realidade, não cita nenhuma fonte).
Ao buscarmos sobre a biografia de Amélia Teles, não encontramos nada que sugerisse que ela tenha matado militares. O Projeto Comprova também fez uma busca sobre o tema na Ação Penal nº 866/73. A acusação, na época, era de “agrupamentos prejudiciais e perigosos à segurança nacional” e estava relacionada ao que foi classificado como “propaganda escrita” do partido PC do B (edição de jornais, panfletos e artigos com conteúdo subversivo). O processo é de março de 1973 e Amélia foi condenada a 7 meses de reclusão.
A Agência Lupa também desmentiu a história. Em sua reportagem, a Lupa destacou que Ustra sequer falou em seu livro sobre esse tipo de crime de Amelinha. Vale ressaltar que o próprio TSE mandou retirar de circulação a propaganda do PT que mostra Bolsonaro elogiando o general Ustra. Por fim, a própria família de Amelinha também já desmentiu a história.
Em resumo: a história que diz que Amélia Teles matou e esquartejou militares durante a Ditadura é falsa! No processo contra ela não recai nenhuma acusação de assassinato. No livro escrito por Ustra também não. Ou seja, é só mais um boato! Até a próxima.
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