Boato – Acabou! O presidente Jair Bolsonaro apresentou as provas da fraude nas urnas eletrônicas por meio de um hacker e deu um xeque-mate no TSE e STF.
Em meio a CPI da Pandemia, a pandemia em si e Olimpíadas, outro tema está monopolizando o debate em redes sociais e suscitando fake news: trata-se do debate sobre a aprovação do voto impresso e as falsas suspeitas sobre as urnas eletrônicas.
Em mais um capítulo desta história, o próprio presidente da República apresentou o que seria a “prova” das fraudes nas urnas eletrônicas: um inquérito no qual o TSE teria admitido que um hacker teria tido acesso ao “código-fonte” das urnas eletrônicas. Não demorou muito para mensagens surgirem em redes sociais. Uma das mais proeminentes dizia o seguinte: “ACABOU!! Bolsonaro dá cheque-mate no TSE e STF – A fraude está provada”.
Bolsonaro deu xeque-mate no TSE e STF e provou fraude nas urnas eletrônicas?
Um vídeo com esse título teve nada menos do que 300 mil visualizações no YouTube e chamou muita atenção. Porém, não é verdade que a tal fala de Bolsonaro foi um “xeque-mate” (palavra que foi, inclusive, escrita erroneamente na mensagem viral) no TSE e no STF ou mesmo foi provada a “fraude” nas urnas eletrônicas.
O histórico recente de boatos sobre urnas eletrônicas já nos deixam muito desconfiados sobre o assunto. Desde quando o debate sobre o voto impresso ganhou espaço na Câmara dos Deputados, notícias falsas que tentavam descredibilizar o sistema de votação brasileiro se espalharam (o que rendeu até um A Semana em Fakes no Boatos.org). Antes de continuar, temos que fazer um aparte do desmentido.
Há um motivo claro em se descredibilizar o sistema eletrônico de votação (que nunca teve um caso de fraude comprovada) faz parte de uma estratégia retórica que mira as eleições de 2022 por parte de bolsonaristas. Um preparo para levantar “motivos” para uma possível derrota de Bolsonaro no ano que vem e, claro, tumultuar o sistema eleitoral (e democrático) brasileiro. Dito isso, voltamos à história.
Apesar de todo o alarde feito sobre a fala de Bolsonaro, mais uma vez não houve uma prova de que as urnas eletrônicas foram fraudadas. O caso da invasão de sistemas do TSE durante as eleições de 2018 (algo que foi público, notório e que já rendeu outra fake news desmentida aqui) não tem qualquer relação com fraude nas urnas eletrônicas. Tanto que o próprio TSE respondeu às acusações. Leia trechos da nota publicada no site do tribunal:
Em referência ao inquérito da Polícia Federal que apura ataque ao seu sistema interno, ocorrido em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral esclarece que: 1. O episódio de 2018 foi divulgado à época em veículos de comunicação diversos. Embora objeto de inquérito sigiloso, não se trata de informação nova.
2. O acesso indevido, objeto de investigação, não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018. Isso porque o código-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação. Nada de anormal ocorreu.
3. Cabe acrescentar que o código-fonte é acessível, a todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a outras entidades que participam do processo. Uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração. O programa simplesmente não roda se vier a ser modificado.
4. Cabe reiterar que as urnas eletrônicas jamais entram em rede. Por não serem conectadas à internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração. Por essa razão, é possível afirmar, com margem de certeza, que a invasão investigada não teve qualquer impacto sobre o resultado das eleições.
5. O próprio TSE encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e prestou as informações disponíveis. A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude. 6. De 2018 para cá, o cenário mundial de cybersegurança se alterou, sendo novos cuidados e camadas de proteção introduzidos para aumentar a segurança dos demais sistemas informatizados.
7. Por fim, e mais importante que tudo, o TSE informa que os sistemas usados nas Eleições de 2018 estão disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com precisão e lisura.
Traduzindo o que foi escrito. 1) Houve uma invasão? Sim. 2) Isso é novidade ou “xeque-mate” de Bolsonaro? Não. A denúncia é antiga e pública. 3) Acessar o código-fonte significa fraudar urnas? Não. Tanto que o código-fonte é público e a urna não funciona se ele foi alterado. 4) Houve prova de fraudes? Mais uma vez não houve.
Vale apontar que, recentemente, o próprio presidente Jair Bolsonaro foi incluído no inquérito do STF que investiga fake news justamente por falar em uma “live” sobre supostas provas de fraudes sobre urnas eletrônicas, mas não provar nada.
Resumindo: não é verdade que Bolsonaro deu um “xeque-mate” no judiciário e provou fraude nas urnas eletrônicas. O que ele apresentou não é uma “prova” e isso está mais para um “xeque-nada” sobre o processo eleitoral brasileiro.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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