Boato – Denúncia aponta que Bolsonaro e Michelle já teriam gastado R$ 6,1 milhões em cartão corporativo e impõem sigilo sobre os dados.
Se existe um assunto que anda bastante em alta nas redes sociais nas últimas semanas, esse é o presidente Jair Bolsonaro. Declarações e atitudes de Bolsonaro têm sido alvo de crítica (e também apoio) dos usuários.
Dentre as situações que têm gerado polêmica, uma em especial tem chamado a atenção nos últimos dias: os gastos do cartão corporativo. Os números, segundo a imprensa, são os maiores desde o governo Dilma.
E, de acordo com uma história que anda circulando nas redes sociais, a conta nos sete meses de governo Bolsonaro teria sido bastante salgada. Segundo as mensagens, o presidente e Michelle Bolsonaro, primeira-dama, teriam gastado o total de R$ 6,1 milhões no cartão corporativo. “Em apenas 07 meses, Bolsonaro e esposa gastaram 61 milhões com o cartão corporativo e impõe sigilo nos gastos”, diz uma das publicações.
Bolsonaro e Michelle gastaram R$ 6,1 milhões de cartão corporativo em sete meses?
A informação, claro, causou bastante indignação, especialmente pelo país estar passando por um momento delicado em relação à economia. Na internet, os críticos do governo produziram uma enxurrada de comentários a respeito do assunto. Mas será que Bolsonaro e Michelle teriam gastado sozinhos o valor de R$ 6,1 milhões no cartão corporativo em apenas sete meses? A verdade é que a história não é bem assim!
Vamos aos fatos! Como citado anteriormente, os gastos com cartão corporativo no governo Bolsonaro foram motivo de alarde na imprensa nos últimos dias. De fato, o valor de R$ 6,1 milhões foi divulgado pela mídia. Entretanto, as notícias falam em “gastos da Presidência da República” e não detalham as contas. Após a divulgação da informação, Bolsonaro prometeu, durante uma live, especificar seus gastos pessoais com o cartão.
Mas o que seria esse tão famoso cartão corporativo? Instituído em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ele passou a funcionar em 2002. O objetivo era gerar uma maior rapidez e transparência em gastos emergenciais. Dessa forma, o governo pode pagar despesas pequenas e urgentes sem a necessidade de um processo licitatório.
O que acontece é que, os dados divulgados como gastos de Bolsonaro e Michelle, na realidade, estão errados e inflados. O valor de R$ 6,1 milhões diz respeito aos gastos de órgãos da Presidência. A informação, inclusive, pode ser consultada no próprio Portal da Transparência.
A história, inclusive, já foi desmentida por um serviço de fact-checking brasileiro, o Aos Fatos. De acordo com o site, o valor não inclui apenas os gastos do presidente e da primeira-dama, mas também da Secretaria de Administração, da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), da vice-presidência, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) e de outros órgãos.
Vale ressaltar que, segundo o Portal da Transparência, dentre todas as despesas até o mês de junho de 2019, as maiores são da Secretaria de Administração, que totalizou o valor de R$ 3,253 milhões. Em seguida, estão gastos da Abin, somando mais R$ 2,088 milhões e do GSI, que chegou a R$ 534 mil. Já a vice-presidência usou R$ 261 mil, enquanto a EBC despendeu o valor de R$ 43 mil e, por fim, o ITI, com R$ 30 mil.
É importante destacar também que não é possível saber, até o momento, quais foram os gastos diretos de Bolsonaro e Michelle. Porém, durante a última live gravada pelo presidente, ele afirmou que esse valor é “bem menos do que R$ 1 milhão”.
Em resumo: a história que diz que Bolsonaro e Michelle gastaram R$ 6,1 milhões com o cartão corporativo em apenas sete meses é falsa! O valor, de fato, existe, porém, não são dos gastos diretos de Bolsonaro e Michelle. O número, na verdade, representa o valor gasto pelos órgãos da Presidência da República. Por fim, não se sabe, de fato, quanto Bolsonaro despendeu em gastos pessoais, mas, de acordo com os números divulgados pelo Portal da Transparência, sabemos que esse valor é bem menor do que R$ 6,1 milhões. Ou seja, a história é apenas balela. Não compartilhe!
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