Boato – Os caminhoneiros vão parar o Brasil mais uma vez em uma greve geral por causa do voto impresso, a favor de Bolsonaro e contra o STF no dia 7 de setembro. Estoquem alimentos.
Após a Comissão Especial da Câmara dos Deputados rejeitar a proposta de voto impresso (erroneamente apontado como o único “voto auditável”), uma ameaça começou a circular em grupos bolsonaristas (muitos deles que já espalharam diversos boatos sobre o assunto).
De acordo com mensagens que circulam em redes sociais, os caminhoneiros do Brasil decidiram tomar uma “atitude” a favor do voto impresso: fazer uma greve nacional a partir do dia 7 de setembro e “parar o Brasil” enquanto o voto impresso não for aprovado e, de acordo com algumas versões da mensagem, os 11 ministros do STF não forem depostos.
Algumas publicações na internet ajudaram a “patrocinar” a ideia. Uma delas é um vídeo no qual um caminhoneiro bolsonarista aconselha as pessoas a “estocarem alimentos em casa” e diz que a greve serviria para “acabar o com o comunismo no Brasil”. Outra publicação era uma “convocação” da greve dos caminhoneiros “a favor de Bolsonaro”. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Confira o desmentido em vídeo:
Versão 1: Grande movimento dos caminhoneiros no dia 7 de setembro, junto do Sérgio Reis e outros artistas, eles vão parar o Brasil para tirar os 11 ministros do STF e para ter o voto impresso !! Todos os caminhoneiros se uniram a causa Versão 2: PARALIZAÇÃO DOS CAMINHONEIROS EM BRASÍLIA DIA 7 DE SETEMBRO Versão 3: Dia 7 de setembro o Brasil vai parar enquanto não forem expulsos todos os ministros do STF e a implantação do voto impresso!!! Se preparem que o bicho vai pegar!!!
Caminhoneiros vão fazer greve por voto impresso em 7 de setembro e parar o Brasil?
Os vídeos, textos e imagens se espalharam com toda força na internet e em grupos a favor do presidente Jair Bolsonaro. Porém, não é verdade que haverá uma “greve de parar o Brasil” no dia 7 de setembro de 2021 por causa do voto impresso e é improvável (para não dizer impossível) que o movimento de bolsonaristas tenha adesão de toda categoria a ponto de a paralisação ser significante.
A resposta para a história está em dois elementos: 1) O histórico de ameaças falsas de greve de caminhoneiros. 2) O fato de que caminhoneiros (e quase todas outras classes profissionais) não deflagram greves por questões políticas. Sempre são por questões relacionadas à classe.
Quando houve a chamada “grande greve dos caminhoneiros” em maio de 2018, a motivação foi toda ligada a questões relacionadas aos preços dos combustíveis e dos fretes cobrados pela categoria. Ao contrário do que apontavam mensagens, não havia nada sobre “fora Temer” ou mesmo a favor de partidos (como o PT) ou políticos (como Bolsonaro). Era uma manifestação de classe.
Desde a “greve de verdade” dos caminhoneiros, não faltaram ameaças de novas paralisações por questões relacionadas à classe. Invariavelmente, as convocações vinham de grupos pequenos e, em nenhum caso, a greve acabou tendo adesão. Também houve ameaças ligadas a questões políticas. Nestes casos, a adesão era menor ainda. O enredo era sempre o mesmo: muitos compartilhamentos de uma ameaça inflamada e zero adesão no “dia da greve”.
Vamos refrescar a memória de vocês com alguns exemplos. Em 2019, mensagens apontavam que os caminhoneiros iriam fazer uma greve “a favor da reforma da Previdência”. Não fizeram. Em abril e em maio do ano passado, foi dito que seriam feitas greves contra a “quarentena” da Covid-19. Obviamente, os movimentos não tiveram adesão. Em agosto do ano passado, grupos bolsonaristas na internet apontavam que haveria uma “greve contra o STF”. Não houve.
Ou seja: esse enredo é mais do que batido. Isso porque vem de grupos pequenos e que não representam a classe toda e não tem adesão de quem tem bom senso. No fim, as convocações acabam se espalhando mais entre simpatizantes ao governo do que entre caminhoneiros em si.
Só por desencargo, resolvemos procurar mais em relação a essa suposta greve. De cara, descobrimos duas coisas. A primeira é que não há nenhuma entidade representativa dos caminhoneiros de relevância que apoie uma greve por causa do voto impresso. Há, sim, insatisfação com o preço dos combustíveis. Mas não há nada que suscite uma greve geral.
A segunda é que, em tempos de inflação puxada pelo preço dos alimentos (inclusive com alta da taxa de juros para controlar os índices), uma greve seria péssima para o próprio governo. Ou seja: nem Bolsonaro (ou pelo menos Paulo Guedes) apoiaria uma paralisação dos caminhoneiros em 7 de setembro.
Resumindo: apesar do alarde em redes sociais, não há qualquer elemento que comprove que haverá uma greve dos caminhoneiros em 7 de setembro que será capaz de “parar o Brasil”. Trata-se de um boato mais do que batido de um tipo de pauta que sabemos que não terá aderência da maior parte da classe.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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