Boato – O mexicano Carlos Slim é co-proprietário da Globo e determinou, em reunião no Rio de Janeiro, que a emissora pare de perseguir o presidente Jair Bolsonaro.
Dia vem, dia vai, e a guerra entre simpatizantes de Bolsonaro e a TV Globo segue firme. A prova disso está na quantidade de informações falsas sobre a emissora que circulam nos feeds dos fãs do presidente. E a última delas fala de uma “ordem daquelas”.
De acordo com um texto que viralizou na internet, principalmente no WhatsApp, Carlos Slim (que seria um dos donos do Grupo Globo de Comunicações) determinou que a Globo pare de “perseguir Bolsonaro”. Tudo isso teria acontecido em uma reunião do filho dele “Carlos Slim Júnior” com executivos da emissora. Leia:
A GLOBO NA CORDA BAMBA! Falando sério, o mundo dá voltas e, às vezes, não nos percebemos desse fato. Na semana passada, foi muito marcante a quantidade de coincidências ocorridas com relação ao momento político que vivemos. A saber. o filho de Carlos Slim, o mexicano mais rico do mundo, dono da Claro e co-proprietário do Grupo Globo de Comunicações, esteve no Rio de Janeiro e em Brasília.
Em terras cariocas reuniu a direção do Grupo Globo e determinou que parassem de perseguir o governo Bolsonaro pois tal fato acarretaria na perda da concessão do canal de tv no próximo ano ou, em hipótese mais suave, no pagamento de um débito gigantesco que o grupo brasileiro tem com o governo federal em diversas áreas. O que o filho de Carlos Slim estava dizendo é que não está sua família disposta a desembolsar bilhões de reais para cobrir posições políticas brasileiras provocadas pelos ataques a Bolsonaro e seu governo. Imediatamente, e na noite seguinte, o Jornal Nacional começou a divulgar notícias positivas do governo federal, fato que surpreendeu a todos quantos prestam atenção no noticiário de todas as empresas atualmente em atividade.
Após a visita ao Rio, Slim Júnior foi a Brasília e reuniu-se com Bolsonaro, – que não sorriu uma só vez, – e seus assessores, quando foi informado que Slim pai havia determinado ao grupo Globo o fim dos ataques. Bolsonaro ouviu e calado ficou. Logo após, os visitantes foram ao encontro do Rodrigo Maia e em reunião coletiva, na Câmara dos Deputados, em torno de uma grande mesa, onde estavam cerca de 16 pessoas, informou que tomara providências para que as relações do Grupo Globo com o poder federal seriam amanciadas e que, se não fosse atendido, cabeças rolariam não apenas na emissora de televisão mas, também em outras áreas do conglomerado do qual são sócios através de uma gigantesca introdução de capital ocorrida recentemente. Para finalizar, o Jornal Nacional está sob observação e seus editores sob vigilância. A conferir.
Carlos Slim determinou que Globo pare de perseguir Bolsonaro?
A mensagem, como falamos antes, se espalhou muito por aí e deixou muita gente empolgada contra a “Globo lixo” (como eles chamam). Mas será mesmo que a mensagem procede? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.
A mensagem, por si só, já não merece muito crédito. O primeiro motivo está nas características dela: é vaga, alarmista (muito, por sinal), com erros de português e não cita fontes confiáveis. Só isso já a faria merecer uma segunda checagem.
O segundo motivo é que ela parte de pressupostos errados para se sustentar. Além de ter erros como chamar o filho de Carlos Slim de “Carlos Slim Júnior” (na realidade, o nome é Carlos Slim Domit), o texto aponta que o mexicano é “co-proprietário do Grupo Globo de Comunicações” (o nome do “grupo” está, inclusive, errado). Essa informação não procede.
Como é possível ver no site oficial do mexicano, Slim não é dono da Globo. O mais “próximo” que ele tem de relações com a emissora é a compra da NET em 2012 (que se deu para cumprir uma resolução da Anatel que não permitia empresas de radiodifusão gerir redes de telecomunicações). Em 2017, surgiu um boato que Slim compraria a Globo. Algo que foi desmentido no Boatos.org na época. No desmentido, lembramos de um ponto importante:
Para além disso, não existe nenhuma declaração por parte do Grupo Globo, Slim, Claro ou qualquer outra fonte citada no texto sobre as supostas negociações de venda. E outra, o bilionário não pode comprar a Globo. Isso porque o artigo 222 da Constituição Federal, não permite que estrangeiros sejam donos de concessões de rádio e TV. Confira:
Apenas brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos e empresas brasileiras que tenham sede no país podem ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão (TV e rádio).
Bom, mas aí tem aquela velha história, “mas a lei pode ser mudada”. Sim, pode. Porém, não há sequer um movimento nesse sentido. Em tempo, essa história de “Globo vai ser vendida” já é velha. Em 2015, uma balela da internet indicava negociações com a rede britânica BBC. Só um detalhe: até hoje nunca foi vendida.
Vale dizer que há relatos de visitas do filho de Carlos Slim ao presidente Jair Bolsonaro (onde ele anunciou um investimento de R$ 30 bilhões) e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (onde defendeu a reforma tributária). Em nenhuma das ocasiões, há relatos de intervenção de Slim na programação da Globo.
Resumindo: a história que aponta que Carlos Slim mandou a Globo parar “de perseguir” o presidente Jair Bolsonaro é falsa. Além de a mensagem ter diversos erros, ela parte de um pressuposto falso: a de que o mexicano é dono da emissora.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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