Boato – O PT e o MDB resolveram fazer uma aliança para as eleições em Minas Gerais. A candidata para o Senado será Dilma, que terá o apoio de Temer.
A cena ainda está fresca na cabeça de muitos. Por causa de um processo de impeachment, Dilma Rousseff teve que deixar a Presidência da República em agosto de 2016. Em seu lugar, entrou Michel Temer. O episódio fez a “história de amor” entre PT e PMDB (juntos nas eleições de 2010 e 2014) acabar. Porém, um texto que circula na internet aponta que “na política, sempre há esperança”.
De acordo com textos publicados em blogs e no Facebook, Dilma vai contar com a ajuda de Temer para voltar à vida pública. Uma mensagem (com direito a foto de Dilma e Temer abraçadinhos) aponta que o PT (partido da ex-presidente) receberá o apoio do MDB (sigla de Temer) em Minas Gerais. Detalhe: Dilma será candidata à senadora pelo estado. Leia algumas mensagens que circulam online:
Versão 1: PT E PMDB SE ALIAM EM MINAS… DILMA VAI SUBIR NO PALANQUE COM TEMER ? REPITA COMIGO, EU SOU UM IDIOTA ÚTIL… kkkk Versão 2: MDB E PT Fecham Aliança Em Minas. Agora Foi Golpe? O MDB, раrtіdо“gоlріѕtа” vаі mеѕmо fechar аlіаnçа соm o PT de Dіlmа Rоuѕѕеff em Minas Gеrаіѕ. […]
Dilma (PT) e Temer (MDB) vão fazer aliança para eleições em Minas Gerais?
Todos os conteúdos citados circularam muito na internet: as fotos de Dilma com Temer, os comentários e a notícia da aliança entre os dois. Mas será mesmo que a história é real? A resposta é não. Para você entender tudo, vamos aos fatos.
Há três informações-chave que podem ser analisadas. Uma é completamente falsa e foi uma ilação. Outra, de fato, quase se tornou real. Porém, não se concretizou na última hora. A terceira é uma constatação sobre a estrutura política do país.
A informação completamente falsa é a que aponta que Dilma se aliou a Temer. Mesmo que o MDB e PT tivessem feito uma aliança em Minas Gerais (o que, de fato, pegaria mal para quem acredita na “tese do golpe”), uma das poucas certezas que teríamos era que o atual presidente passaria longe do palanque da petista.
O primeiro motivo é estratégico. Fazer Temer e Dilma “se abraçarem” seria um tiro no pé na candidatura da ex-presidente justamente por contradizer a “tese do golpe” (que deve ser uma das principais armas para ela buscar vencer a disputa). O segundo pode ser explicado nos índices de popularidade de Temer. Com todo respeito, mas até os “emedebistas” sabem que o ter como cabo eleitoral não ajuda em nada.
Mesmo que a chance da repetição do abraço entre Dilma e Temer fosse zero, é fato que o MDB e o PT quase fecharam uma aliança para as eleições em Minas Gerais. De acordo com essa matéria da Isto É, o PT chegou a ficar dividido se aceitaria o apoio (o principal motivo era a chance de eleger mais deputados). De um lado, o governador Fernando Pimentel estava interessado na aliança. Do outro, Dilma (por motivos óbvios) era contra.
No meio desta “indefinição”, o MDB acabou fechando apoio para outra candidatura: a de Márcio Lacerda (PSB). Há, ainda, alguns empecilhos para que a candidatura de Lacerda seja 100% (a principal é uma briga entre o PSB estadual e o nacional) oficializada. Porém, a declaração da aliança fez com que a aproximação entre MDB e PT esfriasse.
A constatação: toda essa história de PT e MDB “brigando de um lado” e “se aliando de outro” (os partidos, apesar da tese do golpe, estarão, de fato, juntos em alguns estados) mostra que a estrutura político-partidária do país está mais do que falida. Em um cenário no qual “tempo de TV” e alianças para eleger “mais gente” pesam mais do que ideias e propostas, está mais do que claro que as coisas não estão certas.
Resumindo: apesar dos “pesares” e apesar dos “poréns”, a informação que aponta que Dilma e Temer vão se aliar nas eleições é falsa. Além de a aliança PT e MDB no estado ter “azedado”, a junção entre os “vencedores” das últimas eleições presidenciais em um mesmo palanque é (mesmo se a aliança tivesse decolado) mais surreal do que um conto de García Márquez.
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