Boato – PMDB e PSDB votam pelo fim da CLT na Câmara dos Deputados. Acabou o FGTS, 13º e Férias.
Que o clima político no Brasil está bem dividido, isto é fato. No meio do fogo cruzado, a imprensa acaba com papel de informar o cidadão da forma mais fidedigna possível. Mas nem sempre isso acontece, tanto para um lado como para o outro. E é o caso do nosso texto de hoje.
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Tem circulado com força nas redes sociais uma reportagem publicada em 2015 pelo jornal goiano Diário da Manhã (um dos maiores do estado) que aponta que o “PSDB e o PMDB votaram pelo fim da CLT”. A reportagem se refere à votação da PL 4330/2004, que trata da terceirização. Leia a matéria e a gente explica depois:
PMDB e PSDB votam pelo fim da CLT
Os deputados federais goianos do PMDB, PSDB, PP, PPS, PTB, PSD e PDT votaram na noite de quarta-feira, em Brasília, pelo fim da CLT – a Consolidação das Leis do Trabalho –, criadas em 1934 pelo presidente Getúlio Vargas (PTB). Com o voto dos peemedebistas e da bancada marconista, os trabalhadores goianos ficam agora sem direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), 13º salário e férias. Pois é disto que trata o Projeto de Lei (PL) 4330/2004, que foi aprovado em primeira votação por 324 votos a favor, contra 137, duas abstenções, totalizando 463 votantes. Entre os deputados federais goianos, apenas Rubens Otoni (PT) não votou pelo fim da CLT.
Apresentado como projeto para “regulamentar a contratação de trabalhadores terceirizados”, a PL 4330 é o maior golpe já dado contra o trababalhador brasileiro. Nem mesmo a ditadura militar, instalada no Brasil em 1º d eabril de 1964, ousou acabar com a CLT. O fim das garantias ao trabalhador foi orquestrada pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que havia se comprometido com empresários em colocar a matéria em votação em regime de urgência. O PL 4330/2004 é de autoria do ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO). Concidentemente, Mabel foi um dos coordenadores da campanha de Eduardo Campos à presidência da Câmara dos Deputados.
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Fim da CLT foi aprovado?
Não precisamos dizer que a fonte confiável e o título bélico serviram de munição aos defensores do governo em redes sociais. Só há um probleminha, a matéria do DM está totalmente errada. Vamos aos fatos.
Para quem não lembra, a PL da Terceirização realmente foi muito polêmica em 2015. O grande X da questão seria a abertura da possibilidade de se contratar trabalhadores terceirizados para atividades-fim (que são o objetivo da empresa). Além disso, permitiria a “terceirização da terceirização”. Ou seja, uma empresa poderia contratar outro que contrataria outro para prestar serviços.
À época que a PL foi aprovada, eu fiz uma matéria para o Portal EBC para levantar a opinião dos trabalhadores em relação ao projeto. As opiniões foram divididas. E a grande crítica ao projeto é que normalmente trabalhadores terceirizados têm piores condições de trabalho do que contratados. Assista:
Agora um detalhe: mesmo os mais críticos ao projeto não falam em “fim da CLT” como prevê a tal matéria. Mesmo que é trabalhador terceirizado tem direito a férias, 13º e fundo de garantia. Ele pode não estar prestando serviço a empresa beneficiada, mas está prestando serviço a uma empresa (que cuida do serviço terceirizado).
Para ficar mais claro, vamos dar um exemplo. Um banco contrata uma empresa para cuidar do telemarketing e esta empresa contrata trabalhadores. Pela lógica da matéria, esses funcionários terceirizados não receberiam nenhum direito da CLT. Isso é errado. Eles recebem sim.
Vale lembrar que a PL da Terceirização está parada no Senado desde que foi aprovada na Câmara. Por ser polêmica e gerar divergências, deve ficar parada por mais um bom tempo na Casa.
Resumindo: há sim uma votação que foi apoiada em peso por deputados de partidos como PSDB e PMDB e ela é polêmica. Porém, em nada a PL da Terceirização fala em fim da CLT. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.