Boato – O ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou que pretende regulamentar 15 mil casas de prostituição para o governo federal arrecadar fundos.
A decisão recente do Ministério da Fazenda do governo Lula de taxar compras em sites estrangeiros e regulamentar as apostas esportivas no Brasil está gerando reações das mais diversas. A última que vimos aponta para uma suposta notícia sobre uma “nova decisão” que o ministro Fernando Haddad teria tomado.
De acordo com a mensagem, Haddad teria afirmado que o governo iria passar a regulamentar cerca de 15 mil casas de prostituição no Brasil. Isso ocorreria para que o governo arrecadasse mais impostos. Leia a mensagem que está circulando online:
Versão 1: Segundo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conhecido como Poste, o governo comunista quer regulamentar casas noturnas de prostituição. No Brasil há cerca de 15 mil casas clandestinas, com isso, lucro para o governo através de taxações poderia ser de até R$2 bilhões ao ano. Para os esquerdistas vale tudo para aumentar a arrecadação, até o incentivo a prostituição.
Versão 2: Essa gana por $ de impostos é algo surreal. 💰💰💰💰💰Segundo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, governo analisa proposta de regulamentar casas noturnas de prostituição. No Brasil há cerca de 15 mil casas clandestinas, com isso, lucro para o governo através de taxações poderia ser de até R$2 bilhões ao ano.
Haddad quer regulamentar casas de prostituição no Brasil?
Não demorou para a suposta notícia se espalhar com todas as forças na internet e chamar atenção. Só tem um detalhe: é falso que o ministro da Fazenda Fernando Haddad resolveu regulamentar as casas de prostituição no Brasil.
Uma análise inicial na mensagem já nos começa a entregar a farsa. O texto tem algumas características comuns no mundo da desinformação. O texto visa fomentar a polarização política ao atacar o ministro Fernando Haddad e o governo federal e tem um caráter sensacionalista (ao citar temas como a prostituição e tecer críticas ao governo).
O texto cita como fonte primária o ministro Fernando Haddad, mas não cita nenhum site confiável que confirme a informação supostamente dada por ele. Ou seja: a mensagem pode ser classificada como alarmista e que não cita fontes confiáveis que comprovem a fala em questão.
Ao olhar com mais detalhes, já percebemos que a história é falsa. A página que criou a informação (e foi printada em outras publicações) é uma paródia do Estadão. A própria página aponta que se trata de uma página de paródia (que sempre é derrubada, mas volta).
Além disso, nada encontramos em fontes confiáveis que confirmassem a suposta declaração de Fernando Haddad. Nada encontramos no Twitter do ministro da Fazenda, em sites de notícias ou mesmo fontes oficiais. Isso somado ao fato de que muitas pessoas estão citando um site de notícias “humorísticas” já nos faz ter certeza que a informação é falsa.
Mesmo sabendo que a publicação é falsa, resolvemos buscar por mais detalhes sobre propostas desta natureza. Logo descobrimos que o governo federal não está analisando nenhuma proposta que vise regulamentar as casas de prostituição. O máximo que vimos foram iniciativas em outros países e um projeto de 2012 do então deputado federal Jean Wyllys (projeto que foi arquivado).
No Brasil, a prática de trocar sexo por dinheiro não é ilegal. O que é ilegal é terceiros lucrarem com a prática. Isso é enquadrado no crime de rufianismo (artigo 230 do Código Penal). Ou seja: as tais casas se cobrarem uma porcentagem de um programa são, sim, ilegais.
Só para completar, os números citados na mensagem (15 mil casas clandestinas e R$ 2 bilhões arrecadados) não foram encontrados em nenhuma fonte confiável. Ou seja: foram mais dados tirados “do nada”.
Resumindo: a mensagem que viralizou em redes sociais é falsa. A informação surgiu em um site com viés político que se autodenomina de humor e paródia. A prática tem sido comum em estratégias de ataques e fortalecimento da polarização na internet. Fernando Haddad nada falou sobre o projeto e não há, aparentemente, qualquer plano do governo falando sobre a tal regulamentação.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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