Boato – O ex-Instituto Rio Branco passou a ser controlado por esquerdistas e virou Instituto Che Guevara. É por isso que Bolsonaro quer indicar Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil em Washington (EUA).
A iminente indicação do filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo, para a embaixada do Brasil em Washington (EUA) tem causado furor. Em meio a acusações de nepotismo e críticas a ação do presidente, “justificativas” têm surgido na internet. Uma delas ataca diretamente o Instituto Rio Branco.
De acordo com uma mensagem que circula online, Bolsonaro “não teve outra escolha” além de escolher o próprio filho para o cargo porque o Instituto Rio Branco virou um “local de esquerdistas”. Mais do que isso, o texto dá a entender que o local virou o “Instituto Che Guevara”.
Dois seriam os principais motivos: 1) Uma turma do Che Guevara, digo, Rio Branco, homenageou Marielle Franco. 2) As provas de admissão ficaram, de acordo com o texto, mais fáceis. Leia:
Ex-Instituto Rio Branco, atual Che Guevara Com essa gritaria da bandidagem contra a indicação de Eduardo Bolsonaro para cargo diplomático nos EUA, mais pessoas se informaram sobre o Rio Branco, outrora ambiente de aceitação e formação de nossa elite intelectual.
As pessoas estão descobrindo que o Rio Branco foi transformado, após quatro governos consecutivos da máfia esquerdista, em Instituto Che Guevara para formação de vagabundos lulalivristas e maduristas, que saem de lá disfarçados de diplomatas. É deprimente ver um Instituto que formou alguém como José Guilherme Merquior ter uma turma de formandos, por exemplo, que escolheu a psolista Marielle Franco como patrona. […]
Para acomodar os militantes esquerdistas, durante quatro governos a máfia foi destruindo o Instituto. Entre outras coisas, substituíram provas dissertativas em inglês e francês por provas com “múltiplas escolhas”, para os retardados conseguirem admissão e depois gritarem dentro do Instituto: “Marielle Vive”; “Lula, guerreiro do Brasil”; “Em defesa da nossa ‘soberania’ “.
Para transformar, os mafiosos também atacaram os sólidos planos de carreira que caracterizavam a instituição; e em muitos documentos trocaram o exigente e justo “obrigatório fluência total em inglês e espanhol” para o relativo “desejável conhecimentos de inglês e espanhol”.
Em estágios menos ou mais graves, todas as instituições importantes do Brasil continuam em processos de cubanização, os quais precisam ser interrompidos. São esses cubanizadores que são contra o Brasil ter um fortíssimo aliado em Washington.
Instituto Rio Branco mudou de nome para Instituto Che Guevara e virou esquerdista?
A tal mensagem, repleta de adjetivos, fez muito sucesso na internet. Mas será mesmo que o Instituto Rio Branco mudou de nome para Instituto Che Guevara e que é “um antro” de esquerdistas? A resposta é não. Calma que explicamos tudo para vocês.
Alguns elementos no próprio texto ajudam a expor a farsa. Ele tem um caráter alarmista (com direitos a muitos adjetivos que fomentam o sentimento político de alguns), é vago e não cita fontes confiáveis. Mais do que isso, o texto usa “provas furadas” para atestar que o Instituto Rio Branco é “esquerdista”.
Primeiro e mais importante ponto (até óbvio, mas vamos desenhar): não houve qualquer mudança de nome do Instituto Rio Branco para Instituto Che Guevara tampouco há qualquer chance de isso acontecer (ainda mais no governo Bolsonaro, de direita).
Sobre a turma “Marielle Franco”. De fato, houve uma turma (de 2018) que homenageou a vereadora do PSOL morta em fevereiro daquele ano. Porém, ao olhar outros homenageados, como a de 2019 (Aracy de Carvalho Guimarães Rosa), não é possível afirmar que só “esquerdistas” são escolhidos.
Vale lembrar que na cerimônia de formatura deste ano, o próprio Bolsonaro esteve presente e, na ocasião, o ministro das Relações Exteriores (de direita) falou, de acordo com essa matéria do Estado de Minas, que “diplomacia não é ficar em cima do muro”. Isso não existiria no “Instituto Che Guevara”.
Além disso, não procedem as informações sobre a prova do Instituto Rio Branco. A prova escrita continua existindo (na segunda fase). A exigência com os idiomas continua (como é possível ver aqui).
Só para terminar: é importante afirmar que, dentre os argumentos utilizados pelo presidente para a indicação do filho para a embaixada do Brasil em Washington, não há ataques ao Instituto Rio Branco. O principal motivo apresentado é que Eduardo Bolsonaro é próximo à família de Trump e isso estreitaria laços Brasil-EUA.
Resumindo: além de ser extremamente sensacionalista, o texto que circula online e aponta que o Instituto Rio Branco virou um “Instituto Che Guevara” é falsa. Ela não procede em sentido real tampouco em sentido figurado.
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