Boato – Após afirmar que uma de suas propostas é implementar o ensino à distância (EAD), Jair Bolsonaro (PSL) diz que vai demitir professores brasileiros “em massa”.
As eleições 2018 estão pegando fogo. Os debates entre os presidenciáveis e as entrevistas individuais dos candidatos têm sido “eita atrás de eita”, principalmente no que diz respeito aos temas considerados polêmicos.
E assim caminha a campanha presidencial no Brasil. E é a partir dela que os eleitores vão decidindo a melhor opção de candidato para a Presidência do país (além de senadores, governadores e deputados, não podemos esquecer). Mas não é só: a partir das notícias nas redes sociais também é possível decidir o voto.
E, segundo uma dessas notícias, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) teria sugerido uma ideia um tanto quanto inusitada. De acordo com a proposta, Bolsonaro pretende demitir diversos professores de todo o país e implementar o ensino à distância (EAD) para todos os níveis no Brasil. Confira:
“BOLSONARO PROPÕE DEMISSÃO EM MASSA DE PROFESSORES E ENSINO À DISTÂNCIA PARA TODOS OS NÍVEIS Sem nenhum conhecimento técnico do sistema de educação, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) prometeu demitir professores em massa e acabar com a escola presencial e instituir o ensino à distância para combater o marxismo nos estabelecimentos de ensino.
Com essa desculpa, Bolsonaro diz defender o ensino à distância para todos os níveis (fundamental, médio e superior) e também reduzir custos. Na prática, o candidato do PSL pretende demitir os professores de todo o país para abrir espaço para as empresas privadas tomarem conta da educação brasileira, ganhando muito dinheiro à custa do povo”.
Jair Bolsonaro propõe demissão em massa de professores do Brasil?
Bem, sabemos que a rede já começou a ser inundada por boatos sobre os candidatos. Nas últimas semanas, nossa equipe já desmentiu vários deles. Sabemos que, em algumas áreas (inclusive educação), Jair Bolsonaro defende medidas um tanto quanto extremas. Mas será mesmo que ele teria proposto uma demissão em massa de professores em todo o país? A resposta é não! Se você quiser mais detalhes, continua lendo.
De fato, essa relação “político x professor” é uma constante no mundo das fake news. No passado, temos a história de que Geraldo Alckmin teria afirmado que os professores devem trabalhar por amor, não por dinheiro. Também o caso de Aécio Neves que teria dito que não precisava dos votos dos professores. E, por fim, a história de que Michel Temer teria anunciado jornada de 60h semanais para os professores.
No caso de Bolsonaro, a “ameaça” (pelo menos por enquanto) não é diferente. O que aconteceu, na realidade, foi um verdadeiro telefone sem fio. No dia 7 de agosto de 2018, o candidato teria afirmado que a solução para combater o marxismo e reduzir os custos da Educação seria implementar o ensino à distância.
Durante a declaração, Bolsonaro afirmou que esse tipo de educação poderia ser implementada do ensino fundamental ao superior, mas dependeria de muita avaliação, da disciplina, etc. Enfim, não estamos aqui para julgar, mas o fato é que ele deixou tudo no ar. Só que, em nenhum momento, ele cogitou a demissão em massa dos professores (ele, inclusive, falou que provas e aulas práticas deveriam ser feitas presencialmente).
A partir dessa declaração, muitos artigos de opinião começaram a apontar problemas sobre essa ideia. Dentre os problemas citados, está a possibilidade de uma demissão em massa de vários professores (já que, de acordo com a opinião de quem escreveu, eles não seriam mais “úteis” nas instituições). E foi a partir dessa mistura (da declaração de Bolsonaro e dos artigos de opinião) que a história surgiu. Um site uniu as duas coisas e as transformou em uma notícia (falsa).
Vale ressaltar que, além do site que inventou a história, nenhum outro site noticiou que Bolsonaro pretendia demitir professores. E convenhamos, se ele realmente tivesse dito isso, seria assunto para a semana inteira na mídia toda (inclusive aos veículos que não são muito simpáticos a ele).
Além disso, também não podemos saber, na prática, se essa modificação na forma de ensino pode acarretar na perda de empregos (uma vez que precisariam de professores para gerar o conteúdo de estudo, para elaborar provas, para as aulas práticas). É necessário um estudo muito mais detalhado. Isso sem contar que professores, em sua grande maioria, são ligados a estados e municípios. Logo, Bolsonaro sequer teria esse “poder” de demitir.
Por fim, no plano de governo de Jair Bolsonaro não consta, em nenhum momento, a demissão de professores (ou readequar as vagas à nova realidade ou qualquer eufemismo do tipo). Vale aponta que no documento das 81 páginas também não há qualquer menção (ou pelo menos não encontramos) sobre modalidades de ensino à distância.
Em resumo: a história que diz que Jair Bolsonaro pretende demitir em massa os professores brasileiros é falsa. Apesar do candidato ter sugerido o ensino à distância para alguns níveis de educação, ele não sugeriu a demissão de professores. Essa última parte ficou por conta da interpretação de alguns. Ou seja, #boato. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.