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Fake news antiga sobre Maria do Rosário e motorista de Uber volta a circular na internet

Maria do Rosário criticou motorista de Uber que reagiu a assalto e matou três bandidos, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – A deputada Maria do Rosário criticou o motorista do Uber (policial aposentado) que reagiu a um assalto e matou três bandidos.

Análise

Houve um tempo em que uma das maiores vítimas de fake news na internet era a deputada federal Maria do Rosário. O fato de ela ser candidata à Prefeitura de Porto Alegre está fazendo com que uma destas histórias volte a circular.

Um vídeo de Cabo Júlio, ex-deputado, está voltando a circular na internet. Nele, ele relata que Maria do Rosário teria se posicionado contra um motorista de Uber que teria reagido a um assalto e matado três bandidos.

No vídeo, o deputado alega que Maria do Rosário teria falado que seria melhor o motorista de Uber (um ex-policial) ter morrido por “só uma família ficaria triste”. Leia a mensagem que circula na internet (e é cercada de adjetivos):

Texto: Se o motorista do UBER fosse; Seu pai, marido, filho, irmão… Concordaria com Maria do Rosário? ESSA VACA KKKKKK OLHA ELA AÍ, DEFENSORA DE BANDIDOS

Transcrição: Só pra repudiar aqui, e até pra gente constar se for o caso na APA, repudiar a fala de uma deputada, e aí faço uma ressalva aqui entre as colegas deputadas, que não é questão de gênero, mas questão da atitude. Para que os colegas, deputado João Leite, fiquem cientes, aconteceu um assalto em São Paulo. Um motorista do Uber pegou três clientes, e no meio do esses três clientes eram três assaltantes que tentaram matar esse motorista, que era um policial aposentado. Esse policial reagiu ao assalto, colocando a sua vida em risco e matou os três assaltantes.

E aí me veio a deputada Maria do Rosário, lá do Rio Grande do Sul, e soltou esse absurdo que deve ser repudiado por todos. Diz ela o seguinte, era bom que a sociedade parasse para pensar, tá aqui no Facebook dela. Hoje temos três famílias chorando em razão desse PM opressor. Caso ele não tivesse reagido, apenas uma família choraria, assim o prejuízo seria melhor para a sociedade. O que que essa, me perdoe, essa vaca estava dizendo? Tava dizendo assim, que não era para o policial vítima do assalto ter reagido, que se ele não tivesse reagido, ele morreria e somente a família dele iria chorar. Uma vez que ele reagiu aos assaltantes que colocaram a vida dele em risco e trocou tiro com os bandidos e os três bandidos morreram, serão três famílias para chorar e não um. Ora, presidente, isso é um absurdo uma deputada do Rio Grande do Sul soltar uma pérola dessa, ainda chamar o pressou porque ele reagiu a um assalto. Ora, eu acho que essa deputada que só fala bobagem, não é a primeira vez que ela fala desse tipo de absurdo, que ela fizesse algumas coisas. Primeiro que ela calasse a boca, porque para falar uma bobeira dessa era melhor essa vaca calar a boca.

E segunda coisa, se ela está com pena leva esses bandidos ou quem quer para casa dela, porque ela dizer que o bandido não podia ter morrido, porque a conta dela Por três assaltantes morrer, é melhor um policial morrer? Gente, eu acho que essa deputada merece o repúdio de todos nós, de toda a sociedade, de toda a polícia, e a deputada Maria do Rosário do Rio Grande do Sul. E enfia sua língua onde você quiser, mas não fala-se tanto de bobagem não, sua vaca! Tá com pena?

Checagem

O conteúdo não demorou a circular novamente na internet. Porém, se trata de uma fake news que foi desmentida no Boatos.org em 2016. Para fazer a “versão 2024” da checagem, vamos responder às seguintes questões: 1) É verdade que Maria do Rosário condenou a forma que um motorista de Uber, ex-policial, reagiu a um assalto e matou três assaltantes? 2) Qual é o contexto do vídeo do deputado criticando Maria do Rosário? 3) Um motorista de Uber, de fato, reagiu a um assalto e matou três assaltantes?

É verdade que Maria do Rosário condenou a forma que um motorista de Uber, ex-policial, reagiu a um assalto e matou três assaltantes?

Não é verdade. Como falamos, a história falsa surgiu na internet em 2016. O que estava circulando na internet era um print falso de uma suposta publicação dela. Na ocasião, a própria Maria do Rosário desmentiu a fake news. Relembre o que foi escrito:

MAIS UMA MENTIRA A dignidade e a justiça de nosso trabalho seguidamente são atacadas por notícias falsas que rolam pela internet. Falsificar tweets e postagens se tornou fácil com programas de computador. Tentam atacar nosso mandato com cards falsos, como este, que caluniosamente afirmam que a deputada Maria do Rosário declarou posicionamentos aos quais ela nunca proferiu. Aliás, é tão grosseira a montagem que imputa a declaração dois dias antes do fato acontecer. O caso ocorreu em 6 de novembro e o pronunciamento teria ocorrido no dia 4.

Ao contrário do que as calúnias falam, defendemos uma segurança pública com cidadania e defendemos os policiais das mais diferentes áreas. Entre os projetos de lei apresentados pela deputada na Câmara, está o projeto 7478 de 2014, que aumenta a pena nos crimes de homicídio e lesão corporal quando praticados contra agentes públicos, em especial, policiais civis e militares. Este projeto já se tornou a Lei de número 13.142, de 6 de julho de 2015. Não compartilhe calúnias na rede! Isso é crime! #EquipeMR Ver menos

Qual é o contexto do vídeo do deputado criticando Maria do Rosário?

No mesmo dia em que a história (falsa) circulou na internet, o então deputado estadual Cabo Júlio (MDB-MG), usou a fake news como tema para um discurso e proferimento de xingamentos misóginos a Maria do Rosário. Posteriormente, ele foi notificado pelo Ministério Público e fez uma retratação pública. Veja o que foi dito:

O deputado Cabo Júlio – Boa tarde, presidente e demais colegas deputados e deputadas, gostaria de fazer um esclarecimento rápido. Há algum tempo, dois menores tentaram assaltar um Uber dirigido por um policial militar de São Paulo. Houve uma troca de tiros e o policial, defendendo a própria vida, matou os dois bandidos. Logo após foi feita uma postagem no Facebook, supostamente pela deputada Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos Humanos, em que ela teria dito que teria sido melhor que o policial não tivesse atirado, porque, ele morrendo, era uma vida só que se perdia e não a de dois menores.

Essa afirmação foi muito criticada por todos os policiais e associações de policiais do Brasil, mesmo por este parlamentar, que neste Plenário fez a seguinte afirmação: “Essa vaca deveria levar esses menores para sua casa”. Logo após, a deputada Maria do Rosário veio a público dizer que a postagem não era real, que não era dela. Embora ela tenha suas posições, e cada um de nós defenda o que acha melhor, ela veio a público dizer que a postagem não era dela, era fake: alguém teria falsificado ou reproduzido criminalmente a sua página e feito a postagem como se dela fosse. Diante desse esclarecimento, presidente, embora o deputado estadual ou federal, no uso de suas atribuições, tenha inviolabilidade civil e penal, uma vez que a deputada disse que a postagem não foi dela, que foi fake – e realmente se verificou que não era real –, acho que cabe a este parlamentar, como cristão, mesmo sendo um policial apresentar um pedido de desculpas.

Se ela vem a público afirmar que a postagem não foi dela, cabe um pedido de desculpas feito deste Parlamento, do mesmo lugar de onde eu a teria ofendido por entender que ela falou contra os policiais. Se ela veio a público dizer que a fala não foi dela, acho que não me diminui em nada vir a público pedir desculpas, porque termos como “vaca”, além de ofendê-la, ofende o Parlamento com o mesmo clamor – sou policial há 30 anos e sei como é isso. Então, se ela vem a público dizer que essa mensagem não é dela, que é fake, tenho a obrigação formal de vir aqui também pedir desculpas. Então, presidente, é esse o pedido de desculpas que faço à deputada Maria do Rosário, por ela não ter feito a afirmação que lhe foi imputada. Obrigado, presidente.

Um motorista de Uber, de fato, reagiu a um assalto e matou três assaltantes?

Sim. O print do G1 utilizado na primeira versão da fake news (lá de 2016), é relativo a um caso do dia 6 de novembro de 2016 em que um policial militar que fazia uma corrida como motorista de Uber reagiu a um assalto e matou os três assaltantes. 

Conclusão

Fake news ❌

É falso que Maria do Rosário tenha condenado um motorista do Uber em postagens relacionadas a uma reação de um assalto. A história que está viralizando é uma fake news de 2016 que foi reverberada por um político e voltou a circular no contexto das eleições no Rio Grande do Sul.

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610).