Boato – João Batista Marchesini, médico que operou Bolsonaro, defende decisão de candidato não comparecer aos debates e cita bolsa de colostomia em texto.
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil deixou os ânimos dos brasileiros bastante exaltados. E, bem, o resultado também prometeu muita repercussão no segundo turno, especialmente por conta dos debates entre Jair Bolsonaro (candidato do PSL) e Fernando Haddad (candidato do PT).
Mas, se você estava esperando pelo início dos debates entre os presidenciáveis, terá que esperar mais um pouco. Isso porque os debates foram cancelados devido a uma orientação médica para Bolsonaro não realizar grandes esforços devido a facada sofrida em 6 de setembro.
A notícia, claro, fez com que muita gente começasse a questionar a real condição de saúde do candidato (algo que não pretendemos discutir isso aqui, afinal, ele deve saber de sua saúde mais do que ninguém). E, segundo publicações que estão circulando na internet, o fato fez com que até o médico de Bolsonaro saísse em sua defesa em um “textão”. Confira:
Olhem o que diz o médico que operou Bolsonaro: compartilhando: “Como médico e como cristão condoído pelo sofrimento de Jair Messias Bolsonaro gostaria de esclarecer alguns pontos que foram esquecidos nestes últimos dias. Há um mês Jair sofreu um grave ferimento por arma branca que custou-lhe uma severa hemorragia interna, contaminação peritoneal com fezes devido lesão de seus intestinos delgado e grosso e consequente peritonite fecal. Foi realizada uma colostomia temporária que aguarda alguns poucos meses para ser fechada. No seu pós-operatório imediato teve uma deiscência de sutura bloqueada com oclusão intestinal. Foi novamente operado. Agora se recupera graças aos seus excelentes profissionais e ao bom Deus.
Neste período tem sido vitima de impropérios e acusações tais como: o ferimento não teve gravidade, não compareceu a debates com atestado médico falso, amarelou entre outros adjetivos. Qualquer trabalhador afastado de suas atividades pelo SUS por tais lesões gozaria de afastamento de suas funções por dois ou três meses. Bolsonaro completa agora o seu primeiro mês do trauma, ainda não completou um mês de sua última cirurgia. Para esclarecer ao leitor leigo, seu estado geral ainda é muito precário o que pode ser visto na sua última entrevista em seu domicílio. A colostomia que é uma saída artificial de gases e fezes em uma bolsa plástica é muito inconveniente. Fezes e gases saem independente da vontade o paciente. Os gases fazem ruídos altos, audíveis no ambiente que está o paciente e as fezes, exalam um odor desagradável que pode ser sentido por quem está próximo.
O constrangimento de um colostomisado é muito grande. Imaginem num ambiente como os Estúdios da Globo e com um público de milhões de expectadores. Acredito que ninguém gostaria de se expor desta maneira. Acho injusto chama-lo de covarde, que correu do debate, que amarelou, que usou atestado frio, etc. etc. Ignorância extrema e falta de caridade cristã. Fico revoltado com tanta sujeira. Por favor respeitem um ser humano independente de suas convicções políticas.” João Batista Marchesini, CRM/Pr.1551.
Médico que operou Bolsonaro publicou texto em defesa de candidato do PSL?
A carta, é claro, viralizou nas redes sociais e deixou muitas pessoas em choque (e inclusive começou a ser usada como respaldo para aqueles que defendem a não participação de Bolsonaro nos debates). Mas será que o médico de Jair Bolsonaro foi realmente quem escreveu a carta? A resposta é não. Vamos aos fatos.
De fato, existe uma orientação médica para que Bolsonaro não participe dos primeiros debates, uma vez que sua condição de saúde ainda inspira cuidados. A previsão inicial é de que ele não compareça a 5 dos 7 debates marcados. E, assim como citado no texto, Bolsonaro também está usando uma bolsa de colostomia. Porém, a carta não é do “médico que operou Bolsonaro”.
Em Juiz de Fora (MG), a equipe responsável pela cirurgia de emergência de Bolsonaro contou com a participação dos médicos Luiz Henrique Borsato (da Santa Casa de Juiz de Fora), Eduardo Borato (Santa Casa de Juiz de Fora), Filomena Galas (do hospital Sírio Libanês), Juliano Pinheiro de Almeida (Sírio Libanês) e Ludmilla Abraão Hajjar (Sírio Libanês). Já no hospital Albert Einstein, a cirurgia foi realizada pelos médicos Antônio Luiz Macedo e Leandro Echenique. O nome de Marchesini não consta em nenhum dos boletins médicos.
Investigamos mais um pouco e descobrimos que Marchesini é, de fato, médico e também o autor do texto. Entretanto, o próprio negou que tenha operado Bolsonaro, como é possível ver nessa matéria publicada no site Yahoo!.
À reportagem, o médico confirmou que escreveu o texto, que mandou para um grupo de amigos. Diferentemente do que foi dito no início da mensagem, Marchesini não operou Bolsonaro. “Não sei quem incluiu isso na mensagem. Não conheço, nem nunca estive com o candidato”, afirma o médico, que diz ser eleitor de Bolsonaro. “Escreveria o mesmo texto se o candidato esfaqueado fosse o Lula”.
Por fim, vale destacar mais um detalhe. A pessoa que aparece nas imagens em algumas versões do boato sequer é João Batista Marchesini. A imagem é do filho dele, o também médico Caetano Marchesini. Ou seja, nem nisso a pessoa que espalhou o texto acertou.
Em resumo: a história que diz que o médico que operou Bolsonaro publicou uma carta em defesa ao candidato é falsa. João Marchesini é, de fato, médico e o autor da carta, mas não fez parte de nenhuma das equipes que operou o candidato. Além disso, o próprio médico deixou claro que publicaria o texto independentemente do candidato ferido. Ou seja, #boato. Até a próxima!
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