Boato – Durante a Ditadura, jornalista Miriam Leitão segurou um fuzil (furadeira) e foto tirada na guerrilha é a prova.
A vida da jornalista Miriam Leitão anda bastante conturbada nos últimos dias. O motivo? Fake news. Após declarações do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, o nome da jornalista está em evidência nas redes sociais.
Nos últimos meses, Miriam Leitão já foi acusada de participar da guerrilha (inclusive, do assalto ao banco Banespa, em 1968) e até de ter sido demitida da Rede Globo após críticas de Bolsonaro.
E parece que as histórias não vão parar por aí. De acordo com uma publicação que está sendo compartilhada nas redes sociais, a jornalista Miriam Leitão teria sido fotografada segurando um fuzil durante guerrilha. Em algumas mensagens, o texto aponta que seria uma furadeira. “Será a inocente MIRIAM LEITÃO segurando uma FURADEIRA?…”, diz uma das publicações.
Miriam Leitão segurou um fuzil (furadeira) em foto tirada pela guerrilha?
A foto foi bastante compartilhada nas redes sociais e causou indignação em muita gente, especialmente entre os críticos da Rede Globo e da esquerda. Porém, será que a imagem realmente mostra a jornalista Miriam Leitão? Bem, o fato é que a história não tem nada a ver com a jornalista.
Vamos aos fatos! Uma rápida observação nas mensagens e alguns detalhes chamam a atenção. O primeiro deles é o fato das publicações não apresentarem muitas informações sobre o momento do registro (onde e quando a foto foi feita, por exemplo). Depois disso, as mensagens ainda apresentam caráter alarmista e não citam fontes confiáveis. Ou seja, um combo de características de boatos online.
Vale ressaltar que, assim como citamos anteriormente, o nome da jornalista Miriam Leitão ganhou evidência após as declarações do presidente Jair Bolsonaro no dia 19 de julho de 2019, se tornando um alvo para boatos. Mas, antes disso, o nome da jornalista também já foi usado em outras fake news, como o suposto texto que ela teria escrito sobre a aposentadoria e o reajuste do Bolsa Família. Também a história do áudio onde a jornalista teria denunciado a compra de deputados e, por fim, a história de que Miriam teria se desculpado por lutar contra a ditadura.
Ao buscar pela origem da foto, descobrimos que, na verdade, as pessoas que aparecem na imagem são Carlos Lamarca e Iara Iavelberg. Iara era filha de judeus e nasceu em São Paulo, em 1944. Com cerca de 20 anos, Iara separou-se e iniciou sua vida na militância política, conhecendo Carlos Lamarca em 1969 e tornando-se sua companheira. Em 1971, foi morta em um cerco de agentes de segurança da ditadura, em Salvador (BA).
Por fim, é importante destacar que Miriam Leitão nunca pegou em armas durante guerrilhas. De acordo com a própria jornalista, em 1972, ela foi presa em Vitória (ES), acusada de subversão (ao tentar organizar o PCdoB no Espírito Santo). Depois de torturada e presa, Miriam foi absolvida e liberada.
Em resumo: a história que diz que Miriam Leitão foi fotografada pela guerrilha com um fuzil (furadeira) na mão é falsa! A imagem, na verdade, mostra o treinamento armado de Carlos Lamarca e Iara Iavelberg durante a ditadura militar e não tem nada a ver com a jornalista Miriam Leitão. Ou seja, a publicação é apenas #boato. Até a próxima!
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