Boato – Um escândalo foi revelado. Sérgio Moro, na realidade, foi colocado no caso Banestado para inocentar políticos. O prêmio dele foi a entrega da administração da Apae para Rosângela Moro.
Quem pensa que as fake news só têm como alvo polos opostos (ex: bolsonaristas atacando petistas e vice-versa), se engana. Muitas das notícias falsas visam atingir políticos que atingem um grupo parecido do eleitorado. Tanto que hoje a história que circula entre bolsonaristas ataca Sérgio Moro.
De acordo com um texto que circula online, Moro participou de uma tramoia no caso Banestado (escândalo de corrupção no Parána). Ele teria sido colocado no caso para “inocentar políticos”. O prêmio seria a entrega das Apaes para administração da esposa Rosângela Moro, que seria uma esquerdista. Leia trechos do texto que circula por aí:
Circulando no whatsapp:Era uma vez …… os idos de 1980!!!!! Havia em Londrina/PR um sujeito chamado JOSÉ JANENE. Preste atenção neste nome Havia outro também que se chamava JOSÉ RICHA, guardem este nome também. E um terceiro, muito jovem, professor de ensino fundamental, de nome ALVARO FERNANDES DIAS, anotem mais este nome também. […]JOSÉ JANENE, um libanês muito esperto, montou um sistema para transferir dinheiro do Brasil ao exterior. JOSÉ RICHA, que mandava no BANESTADO, autorizou a criação das contas CC5, pelas quais o correntista depositava em moeda nacional e podia sacar o dinheiro em qualquer agência do BANESTADO mesmo fora do país. […]
Os três libaneses amigos eram hábeis em negociatas. O rolo ficou tão grande que chamou a atenção do Ministério Público e da Justiça, pois muitos políticos passaram a participar do esquema. Os criadores do ESQUEMA, tiveram então que fazer um ACORDÃO, pois muitos desses políticos, altamente influentes, estavam em vias de irem pra cadeia. Então escolheram a dedo um juiz jovem, recém-concursado, para julgar todos os casos. O ESQUEMA envolvia MUITOS BILHÕES DE DÓLARES, fruto de roubos e desvios de dinheiro público de todos os Governos – Estaduais e Federal, Deputados, Senadores, financiadores de campanha, etc. O nome do jovem juiz? SÉRGIO MORO. Todo este grupo saiu do antigo MDB velho de guerra que virou PMDB e outras origens mais obscuras. Resumo da ópera: do julgamento que Moro fez, nenhum dos envolvidos foi preso. Aliás, ALBERTO YOUSSEF ou qualquer outro envolvido no escândalo do Banestado, não ficou um dia sequer preso !!!
Nesta altura o Governo do Estado do Paraná criou como fachada, um serviço assistencial com a desculpa de amparar as APAES. Enormes volumes de dinheiro eram entregues a esta entidade, que não prestava conta a ninguém – para lavar a propina!!! A APAE era uma escola privada para excepcionais, com mensalidades altíssimas, em LONDRINA. A APAE recebia uma fortuna dessa turma, mas não tinha uma criança deficiente sequer em atendimento, pois era altamente seletiva. Quem administrava mais de 900.000.000 de dólares todos os anos deste órgão do governo estadual? Nada mais, nada menos que uma advogada recém-formada que se tornou de alta confiança dos criadores do ESQUEMA. DRA. ROSANGELA MORO! Sabe com quem é casada essa esquerdista? Pois é!!!! Com SERGIO MORO !!! […]
JANENE morreu sem ser punido; RICHA morreu sem ser punido e deixou o filho BETO RICHA pra continuar roubando; YOUSSEF está solto e nunca foi punido; ÁLVARO DIAS nunca ficou sem cargo público e nunca foi punido!!!! E SERGIO MORO se travestiu de santo e acha que tem direito a ser presidente da República. Entendeu agora porque ÁLVARO DIAS apoiou MORO desde o primeiro momento, pagando a ele um salário de 24 mil reais por mês, para o ex-juiz se filiar ao partido PODEMOS? Tudo explicado. Com a Lava-jato, programaram outro esquema para transformar SERGIO MORO em herói e preparar o retorno desse “bando de lacaios” – com o bonito nome de “TERCEIRA VIA”, para que todos eles possam continuar mandando!!! Aliás, como sempre fizeram! Dá um bom filme de gangasters !!! O GOLPE TA AI! CAI QUEM QUER!!!!
Moro foi escolhido para inocentar políticos no caso Banestado em troca de Apae para Rosângela Moro?
O final do texto aponta que a história dá um bom filme de gansters. Não sabemos se é bom, mas, de fato, é uma ficção. Falamos porque a mensagem não passa de uma história distorcida dentro do caso Banestado.
Há dois pontos centrais de toda essa história que precisa ser desmentido: 1) Sérgio Moro foi colocado para julgar os políticos dentro de um esquema para inocentar todas as pessoas. 2) O prêmio foi a doação da gestão das Apaes do Paraná para Rosângela Moro.
A primeira acusação não se sustenta. É fato que nenhum político citado no texto acabou sendo preso no Caso Banestado. Porém, Moro não é responsável por isso. Na realidade, houve fatos que fugiram da competência do juiz. Álvaro Dias sequer chegou a ser indiciado. Não achamos, por sinal, informações que apontavam como suspeito no caso Banestado.
José Richa, ex-governador do Paraná, morreu em 2003. Detalhe: ele foi governador do Paraná entre 1983 e 1986. Já o escândalo do Banestado ocorreu entre 1996 e 2002. Ou seja: não há qualquer prova de relação direta dele com o caso. José Janene chegou a ser citado no caso (e, posteriormente, foi citado no Mensalão). Porém, ele morreu em 2010 (antes de qualquer condenação). Vale apontar que os três seriam políticos com foro privilegiado. Logo não seria Moro (juiz de primeira instância) que os julgaria.
Anos depois, em Youssef, de fato, foi julgado por Moro. Inicialmente, ele não foi para a prisão por conta de um acordo de delação premiada. Porém, por ter descumprido o acordo (e ter se envolvido no caso da Lava Jato), ele foi condenado pelo próprio Moro a quatro anos de prisão.
A tese de que Moro foi “frouxo” no Caso Banestado é desmentida, inclusive, por ações contra o juiz. Alguns réus foram, inclusive, inocentados no caso por, de acordo com acusações, Moro ter sido rígido. Ou seja: a acusação não se sustenta.
A segunda acusação, que aponta que as Apaes foram um “prêmio” para Rosângela Moro pela atuação do marido no caso também não se sustenta. Essa acusação teve uma versão de boato muito parecida desmentida pelo nosso site em 2017. Como apontamos, não há qualquer acusação que recai à esposa de Sérgio Moro (que, por sinal, passa longe de ser “esquerdista”) em relação à atuação na Apae.
Ela sequer ocupava um cargo que permitisse alocar o orçamento da Apae. Rosângela Moro era, na realidade, do setor jurídico da entidade. Por sinal, quando ela entrou na Apae, o governador do Paraná era Roberto Requião. Nem era Álvaro Dias tampouco alguém da família Richa.
Resumindo: a narrativa que aponta que Moro é responsável por nenhum político ter sido preso no caso Banestado é falsa. Assim como também é falsa a informação que aponta que, como prêmio, a esposa de Moro ganhou um cargo na Apae para administrar milhões de reais.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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