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Notícia falsa: Jean Wyllys propõe licença maternidade para quem realizar aborto

Boato – Deputado Jean Wyllys propõe projeto de lei que garante licença maternidade para mulheres que realizarem abortos.

O dia 24 de março marcou o Congresso brasileiro. Mesmo com a pressão de uma bancada evangélica poderosa, o deputado Jean Wyllys do PSOL protocolou um projeto de lei que garante à mulher brasileira o direito de interromper a gravidez até 12ª semana voluntariamente no SUS (Sistema Único de Saúde).

Jean Wyllys propõe que licença maternidade se estenda para mulheres que realizarem aborto.
Jean Wyllys propõe que licença maternidade se estenda para mulheres que realizarem aborto.

O assunto é um tabu e não é difícil imaginar que seria diferente em um país em que 123 milhões de pessoas são católicos e 22% da população (42,3 milhões) são evangélicos. Com uma realidade assim, se pensarmos bem, não surpreende muito que boatos pipoquem por aí sobre isso.

E é o que está acontecendo. O deputado Jean Wyllys mal apresentou um projeto que vai balançar os pilares do Congresso e já estão inventando conversa fiada pela rede. Ao que parece junto à proposta do projeto que legaliza o aborto, Jean Wyllys também quer garantir licença maternidade para mulheres que interromperem a gestação voluntariamente.

Confira o texto na íntegra:

‘Brasília – O ex BBB e deputado federal Jean Willys, apresentou nesta terça-feira dois projetos de lei. Um dos projetos pretende legalizar o aborto, e o segundo projeto prevê o direito a licença maternidade para mulheres que realizarem o procedimento do aborto.

[…]

Jean Wyllys também informou que este projeto quer acabar com a morte de milhões de mulheres inocentes que morrem devido ao aborto. O projeto de lei também inclui um kit aborto, uma espécie de boas vindas ao sistema SUS, no qual a mulher que der entrada para a realização do aborto automaticamente garante seis meses de licença maternidade, a ser pago integralmente pelos empregadores.

[…]

O deputado também sugeriu que no Kit Aborto a mulher receba um cartão do Bolsa-Família. Segundo o deputado, é uma tentativa de acabar com essa discriminação contra pessoas que não tem família para sustentar.

A medida foi recebida com alegria pela comunidade LGBT e pela banda Putinhas aborteiras, que não quiseram comentar sobre o caso’.

Primeiro vamos esclarecer que praticamente tudo o que vem disposto nessa notícia é mentira. Depois temos que reconhecer, independentemente da opinião que se tenha sobre o assunto, o texto é pejorativo.

Sim, o deputado Jean Wyllys apresentou um projeto de lei que garanta a interrupção da gravidez, como já mencionamos. Sim, o deputado afirmou que o assunto deve ser visto como o direito da mulher sobre seu corpo.

Do restante, tudo é invenção do autor. Não há kit aborto, não há sugestão de licença maternidade para mulheres que realizarem o procedimento, não há argumento de que o mercado do trabalho será fomentado.

Para os céticos, basta conferir as notícias verdadeiras sobre o projeto de lei do deputado aqui, aqui e aqui. Ou ir mais a fundo e ler o projeto protocolado na íntegra. Quem ainda assim tiver dúvidas sobre a questão da licença maternidade, que tal reler as condições em que o benefício é aplicado?

E se isso for insuficiente, talvez importe saber que essa notícia falsa apareceu no blog Joselito Muller, já conhecido por textos de tom ‘humorístico’ (e as aspas são para enfatizar que humor é bem pessoal nesse caso) com informações inventadas. As notícias fictícias do blog já viraram assunto na mídia tradicional e crível, inclusive.

Não estenderemos a esse texto o debate mais do que válido sobre a importância do projeto proposto por Jean Wyllys. Também não discutiremos aqui quem é contra, quem é a favor e por que. Esse texto é o esclarecimento de uma mentira e como tal, acreditamos que cumpriu seu papel. As reflexões pertinentes ficam a cargo de cada leitor.