Boato – É um absurdo. Projeto da deputada Juju Pimenta (PMB) prevê o fim do ultrassom para saber o sexo do bebê foi aprovado. É a nova lei do ventre livre.
Houve um tempo em que sites de notícias satíricas (e, na maioria das vezes, fictícias) eram o “hype” do jornalismo/humor no Brasil. O grande problema desse tipo de conteúdo (que ficou um pouco “fora de moda”) é que nem todos estavam preparados para receber esse tipo de publicação e, em alguns casos, acabavam compartilhando como uma “notícia real” algo que não é. Isso tem sido mais raro de ocorrer, mas a história de hoje prova que é um movimento que não se extinguiu.
Em meio a diversas fake news óbvias que tentam “esquentar” as manifestações de 7 de setembro a favor de Bolsonaro, tem circulado na internet uma suposta notícia que aponta que, por causa de manifestantes que militam pelo “gênero neutro”, a Câmara dos Deputados aprovou a chamada “nova lei do ventre livre”. A partir de agora, exames de ultrassom para que pais saibam o sexo do bebê estariam proibidos. Leia duas versões da mensagem que circula online (uma delas um tanto quanto indignada):
Confira o desmentido em vídeo:
Versão 1: Proibido exame de ultrassom para saber sexo do bebê. A autora da lei apelidada de “Nova Lei do Ventre Livre”, deputada Juju Pimenta, do Partido da Mulher Brasileira (PMB), comemora a aprovação. Ela afirma que a lei é voltada para a população em geral, pois é errado pagar por um exame cujo objetivo é enganar o consumidor dizendo que vai descobrir algo que não existe, afinal, bebês nascem sem gênero. ‘Elus’ são ‘neutres’.”
Versão 2: A deputada Juju Pimenta, do Partido da Mulher Brasileira (PMB), é autora da “Nova Lei do Ventre Livre”, onde a idéia é ACABAR COM O ULTRASSOM, para que os pais não saibam o sexo do bebê, assim como também proibir que se fabriquem brinquedos na cor rosas e azuis. Por quê? PORQUE CASO SEU FILHO SEJA CONVERTIDO NO FUTURO EM VIADO OU LÉSBICA, POR PAIS CRIMINOSOS, ESTES, COMO TODOS DEMAIS (OS NOSSOS!), NÃO SOFRA DE “HETEONORMATIVIDADE” ANTES E PÓS PARTO. Olha só. .
Dia 7 eu não vou às ruas manifestar apoio à presidente algum, muito menos pedir para “jogar dentro das quatro linhas da constituição”. ESSA BABAQUICE JÁ DEU NO SACO! Dia 7 eu vou às ruas para perguntar a porra das Forças Armadas se mais uma vez pretendem repetir o O GOLPE MILITAR DE 64 —> CONTRA ADHEMAR DE BARROS (SP), CARLOS LACERDA (RIO), E MAGALHÃES PINTO (MG). Golpe Militar, existiu, sim, contra o povo brasileiro. Minha questão é se ESSA SERÁ NOVAMENTE A FUNÇÃO DO EXÉRCITO ???
Projeto que proíbe ultrassom (nova Lei do ventre livre) para saber sexo de bebê foi aprovado?
Como foi possível de ver, a tal notícia da aprovação da tal lei causou muita indignação entre “os patriotas”. Só há um “detalhezinho”: a notícia da aprovação da tal “nova lei do ventre livre” é falsa e não existe “deputada Juju Pimenta”.
Não é de hoje que fake news do tipo “Congresso aprovou ou vai aprovar alguma coisa” tem circulado na internet. Já desmentimos, na história do Boatos.org, histórias que apontavam, por exemplo, para “Memorial do Funk”, lei que “permite quebrar celular de quem não presta atenção”, que proíbe cultos religiosos ou que prevê licença menstrual.
Em todos os casos, não há qualquer registro de que a lei foi aprovada ou que havia qualquer projeto do tipo tramitando no Congresso. No caso de hoje, não é diferente: ao buscar por sistemas no Congresso, nada encontramos sobre a proposta de proibição do ultrassom.
Além disso, não existe nenhuma deputada que se chama Juju Pimenta. Além de não existir registros no site da Câmara dos Deputados de qualquer parlamentar com esse nome, uma rápida busca no Google não registra qualquer deputada com esse nome (encontramos personagens de filmes, uma cantora e perfis em redes sociais).
Ao buscar sobre a história, descobrimos que ela foi publicada no site R7 em uma seção chamada “Melhor Não Ler”. E aí está: o slogan da seção é o seguinte: “Crônicas fictícias que mais parecem verdade”. Por sinal, no final do conteúdo que está circulando em redes sociais há o seguinte “disclaimer” (devidamente ocultado nos conteúdos que circulam em redes sociais): “Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser…”.
Resumindo: apesar de muita gente estar indignada em redes sociais, não é verdade que o Congresso aprovou um projeto de que lei que prevê a proibição de exames de ultrassom para que se saiba o sexo do bebê. Na realidade, é um conteúdo publicado em uma página fictícia que está sendo levado mais a sério do que se deveria.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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