Boato – Está comprovada a fraude nas eleições de 2022. Um site chamado Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info) mostra em quem você votou e revela que votos para Bolsonaro foram contabilizados para Lula.
Por mais que as eleições já tenham passado há mais de um mês, ainda há gente que insiste que houve fraude por parte do TSE, que Bolsonaro foi roubado e que a solução seria uma intervenção militar.
Para reforçar o discurso golpista, mais uma live bomba de um argentino (que já publicou acusações contra as eleições sem provas e que já foram refutadas) revelou que “um grupo” descobriu em quem as pessoas votaram. O site seria o Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info).
Para saber em quem a pessoa votou, só seria preciso entrar na página em questão, digitar o CPF e o voto da pessoa apareceria. Detalhe: nas redes sociais há diversas mensagens de bolsonaristas apontando que os votos deles foram contabilizados para Lula. Leia algumas das mensagens que estão circulando no WhatsApp:
Versão 1: www.vejaseuvoto.inf Este site mostra em quem você votou Confere? Versão 2: B O M B A QUEBRARAM O SIGILO DO VOTO!! Veja: http://www.vejaseuvoto.info/
Versão 3: http://vejaseuvoto.info/ Meu deu certo gente viram isso … vc digita seu CPF e aparece o seu voto … Versão 4: Argentino acabou de vazar o voto presidencial de todos os brasileiros no TSE. Confira nesse site se o seu voto caiu certinho na urna. O meu caiu, da minha esposa não http://www.vejaseuvoto.info/
Site Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info) mostra em quem você votou e revela fraude nas eleições de 2022?
Já neste final de domingo (11 de dezembro de 2022), a tal informação explodiu em redes sociais. Não faltaram pessoas apontando que o site seria a prova da fraude nas eleições e que realmente revelaria em quem a pessoa votou. Porém, não há qualquer prova que o site revela, de fato, em quem a pessoa votou.
O discurso por trás de toda história que aponta para o Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info) revela uma narrativa, no mínimo, estranha. Para começar, ao contrário do que apontam algumas das mensagens, o site não foi “criado pelo argentino” que insiste (sem provas, cita-se) que as eleições foram fraudadas.
O discurso da pessoa é o seguinte: “ATENCION: Enquanto transmitíamos a live, um grupo de anônimos enviou um link e confirmou que conseguiu cruzar os dados e visualizar os votos. Não tenho certeza de quem são ou da veracidade, mas aparentemente eles usaram dados confidenciais. http://vejaseuvoto.info”. Você percebeu o trecho “não tenho certeza da veracidade”? Ou seja: nem sequer o argentino banca a veracidade da página.
Ao analisar o site, a situação não ajuda muito. O site vejaseuvoto.info foi registrado há três dias (08/12/2022) e não tem o nome da pessoa que o registrou. O site também não tem nenhuma identificação.
A navegação do site denota uma fórmula básica para enganar: o uso de dados públicos + uma fórmula de aleatoriedade que claramente coloca mais votos no “13” do que no “22”.
Seja com dados vazados de CPF (não foram poucos as notícias de vazamentos), é possível “colocar o nome da pessoa” em uma busca. Este dado (que não é relacionado a dados do TSE) acaba sendo ligado a uma cidade. E aí encontramos os primeiros erros.
Para “provar” que houve fraude, há publicações de bolsonaristas em redes sociais que apontam para figuras públicas como Carla Zambelli, Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes. Carla Zambelli (que votou na Zona Norte de São Paulo) aparece como se tivesse votado em Uberlândia (cidade em que morou em algum momento da vida).
Alexandre de Moraes também votou na capital paulista. Porém, o voto dele aparece como se tivesse sido dado na cidade de São Roque. Com Bolsonaro foi pior ainda: ele votou no Rio de Janeiro, mas aparece como se tivesse votado em Barlavento. Detalhe: a cidade fica em Portugal (caramba!).
A partir daí, é que começa a ser utilizada a aleatoriedade: obviamente, há colocando o voto das pessoas como se fosse um “sorteio”. Alguns votos vão cair para o “22”, mas a maioria vai cair como se fosse “13”. Como o site foi divulgado por uma pessoa pró-Bolsonaro, já dá para imaginar que o escândalo está armado.
Quando acessamos a primeira vez a página (não colocamos o nosso CPF por motivos óbvios de segurança), colocamos o CPF de uma figura pública. A cidade apareceu errada e o voto sem congruência com seu posicionamento. Da segunda vez que acessamos, o site estava fora do ar (talvez pelo excesso de acessos).
Não é possível dizer que a página é de phishing. Porém, não é recomendado que você coloque dados pessoais em páginas como essa. De qualquer forma, não há como comprovar de que a página, de fato, “sabe o voto das pessoas”. Pelo contrário: a narrativa e os erros na página deixam claro que não passa de mais uma tentativa de tumultuar o pleito eleitoral.
Atualização: o TSE se pronunciou a respeito do assunto e também desmentiu a fake news. Confira o que foi escrito em um artigo publicado no site da Justiça Eleitoral:
Mais um boato circula na internet para tentar manchar a legitimidade e a lisura das Eleições 2022. Desta vez, tem sido amplamente divulgado um link de um site chamado Veja Seu Voto que, segundo afirmam nas redes sociais, revelaria em quem a pessoa teria votado nas eleições. A simulação afirma que supostos votos dados ao candidato Jair Bolsonaro (PL) teriam sido contabilizados para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a mensagem que circula nas redes sociais, para saber o candidato no qual a pessoa votou, bastaria entrar na página e digitar o CPF e o voto apareceria em seguida. Ocorre que aparece um voto qualquer, uma vez que a página não utiliza nenhum tipo de informação proveniente da Justiça Eleitoral.
Antes de tudo, é preciso destacar que o voto digitado na urna eletrônica, além de sigiloso, é inviolável, conforme prevê a Constituição Federal. Além disso, não há como vincular a autoria de um voto registrado na urna a um eleitor específico.
Conforme já explicado em esclarecimento anterior feito pela Justiça Eleitoral, não é possível conhecer o voto de cada eleitora ou eleitor. O log da urna – registro das atividades de funcionamento dentro da urna – pode ser acessado pelo Portal de Dados Abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo aplicativo Resultados. Apesar de ser um arquivo público, não registra informações como número do título de eleitor e nem revela voto. O armazenamento dos votos é feito de modo que ninguém, nem mesmo a Justiça Eleitoral, possa saber em que candidato cada eleitor votou.
Portanto, os supostos votos que o site divulga são falsos, inventados, inexistentes. A mensagem é mais uma “fake news”, entre tantas outras, disseminadas para desacreditar a Justiça Eleitoral e as urnas eletrônicas, bem como a própria democracia. O site é tão falso que retorna informações com qualquer número que se insira, mesmo não sendo de CPF válido. Ou seja, qualquer número aleatório que seja digitado, mesmo que não seja o CPF, indicará a mensagem “você votou 13”.
A Justiça Eleitoral alerta para que as pessoas tenham cuidado ao digitar seus dados pessoais, como CPF, título de eleitor ou qualquer outra informação nesse ou em qualquer outro site, pois pode haver risco de uso indevido dos dados dos eleitores.
Passados mais de um mês das eleições, ainda há pessoas que insistem que houve fraude no pleito. Isso acontece mesmo quando todas as informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – verificadas, inclusive, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e diversas Missões de Observação Eleitorais (MOEs) nacionais e internacionais – mostram taxativamente que todo o processo de apuração e totalização dos resultados ocorreu de maneira segura e transparente.
Resumindo: é boato que o site Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info) revela em quem você votou e revela a fraude nas eleições. Não há provas de que a página tenha dados do TSE (tanto que até locais de votação estão errados) e a sua estrutura denota um truque não lá muito elaborado (pelo menos para quem conhece ferramentas como Python) para enganar algumas pessoas.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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