A escolha do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara deu margem a boatos envolvendo a nomeação de outros nomes para “cuidar” se assuntos de importância nacional. Entre as histórias que mais se espalharam nas internet estão a nomeação de Fernandinho Beira-Mar para a Comissão de Meio Ambiente e de Suzane Richthofen para a Comissão de Seguridade Social e Família.
O boato começou com o site de notícias falsas Diário Pernambucano (não confunda com o jornal Diário de Pernambuco), que em abril (dias após a escolha de Feliciano para a CDHM) publicou a nota contando que Suzane Richthofen havia conseguido liberdade condicional do presídio de Tremembé (SP), havia sido filiada “compulsoriamente” aos PSC (partido de Feliciano) e conseguido a presidência da comissão na Câmara.
Apesar da história absurda sobre Suzane Richthofen, muitas pessoas acreditaram no (ou quiseram espalhar o) boato e compartilharam a notícia em redes sociais. Em três meses, a notícia do Diário Pernambucano registra 118 mil compartilhamentos.
Simples fatos desmentem a história de Suzane Richthofen na Comissão
Dois fatos utilizados na notícia publicada são verdadeiros. Suzane realmente está presa em Tremembé (SP), virou pastora evangélica na prisão (de acordo com informações da Rede Globo) e a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara existe.
Por outro lado, o habeas corpus pedido por ela foi negado no início desse ano. Mas mesmo que isso tivesse acontecido, ela não poderia ser filiada compulsoriamente a nenhum partido, tampouco ser indicada para dirigir uma comissão no Congresso. As comissões da Câmara e Senado são compostas e dirigidas por parlamentares. Por fim, um presidente de comissão não pode indicar cargos para outra comissão.
Sendo assim, a forma mais simples de Suzane Richthofen chegar à presidência da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara seria terminando de cumprir a pena na prisão de 39 anos (o que aconteceria em 2045), esperar oito anos (prazo da Lei da Ficha Limpa), se candidatando a deputada em 2054 e, com acordos políticos, chegar à presidência da Comissão em 2055, com nada menos do que 72 anos.
Confira a mensagem que é compartilhada em redes sociais
Suzane Richthofen, personalidade brasileira que adquiriu seu status após decidir assassinar os próprios pais, parece ter dado outro rumo à sua existência. Presa desde 2002 em regime fechado na Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé (SP), Suzane acaba de se tornar pastora evangélica. Além do mais, devido à sua conduta impecável, logrou, junto à Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mudar o regime de fechado para semiaberto, quando é possível deixar o presídio durante o dia para trabalhar. E, de fato, conseguiu um trabalho junto a outros criminosos que laboram poucas horas por dia. Devido à intercessão do Deputado Marco Feliciano, Suzane foi compulsoriamente filiada ao PSC (Partido Social Cristão) e, de quebra, foi nomeada para a presidência da CSSF (Comissão de Seguridade Social e Família), mais uma entre as controversas Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados.