Boato – Em evento nos Estados Unidos, hackers conseguem fraudar urnas eletrônicas brasileiras em apenas duas horas.
As eleições presidenciais de 2022 prometem um embate memorável (tanto nas urnas quanto na internet). Isso porque os disseminadores de fake news devem repetir o trabalho realizado em 2018.
E para quem achou que as informações falsas sobre as eleições só começariam a circular no próximo ano, temos uma péssima notícia. Infelizmente, as fake news sobre o assunto já estão ativas e o exemplo é a história de hoje.
De acordo com uma publicação que está circulando na internet, as urnas eletrônicas brasileiras teriam sido hackeadas em apenas duas horas em um evento nos Estados Unidos. Ainda segundo a história, isso significa que as urnas eletrônicas brasileiras são fraudáveis e isso afetaria totalmente as eleições. Confira:
“TOMA ESSA, BARROSO! MAIS UMA VEZ, FOI COMPROVADA A VUNERABILIDADE DAS URNAS ELETRÔNICAS. Portanto, as urnas eletrônicas, do que jeito que aí estão, NÃO SERVE NEM PRA VERIFICAR ENQUETE ESCOLAR, hein. Ora, as urnas eletrônicas brasileiras SÃO TOTALMENTE FRAUDÁVEIS! VÁRIOS RACKERS (A SERVIÇO DO BEM) VIOLARAM SEU SISTEMA, EM MENOS DE DUAS HORAS. Aí vem a pergunta: se esse modelo de urnas eletrônicas brasileiras SÃO TÃO VULNERÁVEIS, ENTÃO TODAS AS ELEIÇÕES PASSADAS, DESDE FHC, PODEM TER SIDO TODAS FRAUDADAS, hein?! Vide eleição, em que Dilma, supostamente, teria “vencido” Aécio Neves, por uma quantidade mínima de votos, né.
Ou então, realmente, o presidente Bolsonaro PODE TER SIDO, SIM, ELEITO AINDA EM PRIMEIRO TURNO, né. Como foi “ventilada” tal informação, naquela época… Se o TSE não apresenta condições mínimas de credibilidade e competência (digital) para realizar eleições de forma PROBA, SEGURA, E COM LISURA; então, seria de bom alvitre REALIZAR UMA SABATINA, VERIFICAÇÃO CRITERIOSA E INVESTIGAÇÃO MINUCIOSA DOS MEANDROS, TANTO DO TSE, QUANTO DO PRÓPRIO STF, hein. Ora, se houve fraudes, tem-se que punir os culpados por tais “ações e omissões” nos “trabalhos” no seio do STF. Ora, urge um “pente fino” urgentemente no STF, hein. #UrnasEletronicasImpressasUrgente”.
Urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas em duas horas nos EUA?
A informação, é claro, viralizou nas redes sociais, em especial, no Facebook e no WhatsApp e causou medo em muitos eleitores. Entretanto, a história não é nada disso do que parece. A explicação fica por conta das diferenças das urnas e dos processos eleitorais de cada país.
Basta olhar para a publicação para perceber que ela apresenta as principais características de fake news na internet, como o caráter vago, extremamente alarmista e os erros de português. Além disso, informações falsas sobre as urnas eletrônicas são uma constante na internet.
A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras dessas histórias, como a que dizia que um desenvolvedor teria provado que existe fraude no código-fonte das urnas eletrônicas. Também a que indicava que um ataque hacker revelou fraude nas urnas com chancela do TSE e, por fim, a que apontava que as urnas já estariam saindo com os votos computados de Brasília.
Diferente de outras fake news, a história de hoje utiliza um vídeo de uma fonte confiável. Resolvemos, então, buscar mais informações sobre o assunto e descobrimos que o vídeo, de fato, é real. Porém, foi retirado de contexto.
Como mostra a entrevista completa, concedida ao programa Estúdio i, da Globo News, no dia 7 de agosto de 2017, a quebra de segurança não tem nada a ver com o Brasil. O fato ocorreu durante a DEF CON, a maior convenção hacker do mundo, realizada anualmente em Las Vegas (EUA). Na ocasião, diversos modelos de urnas eletrônicas foram testados e todas elas foram hackeadas em menos de duas horas.
Apesar disso, a notícia não deve causar pânico. De acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), o sistema eleitoral estadunidense é diferente do brasileiro (o que também implica em diferenças na urna eletrônica).
No Brasil, os programas utilizados na urna eletrônica são assinados digitalmente e lacrados em cerimônia pública. Caso o programa apresente adulterações, a urna trava e não funciona. Além disso, a urna brasileira não possui conexão com a internet. Já nos Estados Unidos, os modelos utilizados permitem a impressão do voto como forma de confirmação do resultado gerado pela urna eletrônica.
Vale ressaltar também que, ao longo dos anos, o STE tem aprimorado a segurança das urnas eletrônicas. Com isso, hackatons (eventos públicos que reúnem profissionais de programação e segurança) têm sido realizados pelo próprio TSE para checar a segurança dos equipamentos e programas.
O último evento desse tipo foi realizado em 2019. Na época, 25 acadêmicos, estudantes e peritos participaram do Teste Público de Segurança. Após 5 dias de testes, o grupo conseguiu apenas acessar dados superficiais (e não conseguiu modificar os nomes dos candidatos, nem dos eleitores).
Em resumo: a história que diz que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas em menos de duas horas nos EUA é falsa! O evento, de fato, ocorreu. Mas o equipamento e o software não era o utilizado no Brasil. Além disso, o TSE realiza com frequência os chamados hackatons (eventos que reúnem especialistas em segurança cibernética) para testar a segurança das urnas eletrônicas utilizadas no Brasil. Ou seja, não dá para o eventos dos EUA como prova de fraude de urnas aqui.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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