Atualizado em 06/10/2020: No dia 6 de outubro de 2020, a Justiça aceitou um pedido da defesa e arquivou o caso que envolve o padre Robson de Oliveira. O MP ainda pode recorrer. Vale apontar que a decisão de outubro de 2020 nada tem a ver com a nota que estava circulando em setembro de 2020 e foi checada no arquivo abaixo. Leia o texto escrito na época:
Boato – Nota da Afipe de 2020 mostra que Justiça decidiu inocentar padre Robson de acusações de desvio de dinheiro de doações de fiéis na associação.
Nas últimas semanas, uma investigação do Ministério Público colocou o nome do padre Robson de Oliveira, de Goiás, na boca do povo. E não foi por um bom motivo. De acordo com investigações das autoridades, padre Robson é suspeito de ter desviado mais de R$120 milhões de doações de fiéis e comprado bens e imóveis de luxo.
Nas redes sociais, uma suposta nota da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) sobre o caso começou a ser compartilhada e causou burburinho entre alguns fiéis. Segundo a declaração, assim que padre Robson foi vítima de extorsão, acionou a polícia. A nota ainda destaca que a entrega de dinheiro nesse episódio teria sido supervisiona pela polícia e a Afipe não teve nenhum prejuízo financeiro, uma vez que o dinheiro foi devolvido. O comunicado ainda cita que as mensagens usadas na extorsão são falsas.
A partir daí, muita gente começou a achar que padre Robson teria sido inocentado das acusações de desvio de dinheiro de doações de fiéis. De acordo com uma publicação, a Justiça teria apurado os fatos e decidido pela inocência do eclesiástico. Segundo as postagens, o Ministério Público teria descoberto que as assinaturas do padre Robson teriam sido falsificadas e a nota da Afipe mostraria o desfecho do caso. Confira:
Versão 1: “Quantos pra julgar mais verdade prevalece nosso padre é inocente tapar boca dos próprios católicos querem crucisfcar padre Robson”. Versão 2: “Justiça apura e Padre Robson é INOCENTE. E agora? Vão pedir perdão pelas acusações? Com a palavra a senhora Rede Globo e pessoas que destilaram seu veneno na rede! E agora hein?”. Versão 3: “Agora sim me manifesto…. O padre é inocente e a justiça foi feita! Quem julgou o padre se confesse e peça perdão a Deus! A verdade sempre prevalece!”.
Justiça decidiu que padre Robson é inocente de acusações de desvios na Afipe?
A informação animou os fiéis que apostavam na inocência do padre Robson. A curiosidade sobre o caso foi tamanha que as publicações, no YouTube e no Facebook, já registram mais de 90 mil visualizações e 7 mil interações. Apesar de muita gente ter chegado à conclusão de que padre Robson foi inocentado, a verdade é que a história é falsa!
Para que você entenda, vamos relembrar o caso. No dia 21 de agosto de 2020, o Ministério Público deflagrou a Operação Vendilhões (o nome faz alusão a uma passagem da Bíblia onde Jesus expulsa os cambistas inescrupulosos do Templo de Jerusalém, no episódio conhecido como limpeza do Templo) contra o padre Robson, então presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). O Ministério Público investiga supostos desvios de dinheiro de doações de fiéis.
De acordo com informações das autoridades, a Afipe teria movimentado cerca de R$2 bilhões na última década. O MP investiga o desvio de R$120 milhões de doações de fiéis para a compra de bens e imóveis luxuosos não ligados a atividades religiosas. Após a deflagração da operação, padre Robson pediu o afastamento de suas atividades e, até o momento, segue afastado de suas funções.
Segundo informações mais recentes, o Ministério Público teria suspeitas de que a Afipe, criada pelo padre Robson, usaria postos de combustíveis para lavar dinheiro. Além disso, o MP também investiga o pagamento irregular de servidores públicos para destruir arquivos comprometedores. Como é possível ver, o caso segue em investigação e, até o momento, padre Robson não foi indiciado e, muito menos, inocentado. Ou seja: tudo está em aberto.
Na realidade, a nota da Afipe que está circulando não é nova e não tem nada a ver com as acusações recentes. O comunicado foi publicado no dia 14 de março de 2019. A nota fazia menção a outro caso, onde padre Robson não era acusado, mas sim vítima. Em 2017, uma quadrilha invadiu o celular e o computador pessoal do eclesiástico e exigiu dinheiro para que fotos e mensagens pessoais do padre não fossem divulgadas. A quadrilha conseguiu extorquir cerca de R$2 milhões do sacerdote. Cinco pessoas acabaram presas em 2019.
A nota em questão apontava que a entrega do dinheiro foi feita sob monitoramento da Polícia Civil de Goiás, que a polícia apontou que as mensagens usadas pelos hackers foram, na realidade, forjadas e que os criminosos acabaram condenados.
Vale ressaltar que a Operação Vendilhões se iniciou logo após o caso, quando investigações policiais identificaram irregularidades em movimentações financeiras da Afipe durante pagamentos do padre Robson aos hackers. De acordo com o MP, apesar da Afipe garantir que não teve prejuízo financeiro e todo o dinheiro ter sido devolvido à instituição, investigações mostram que quase metade do dinheiro não foi recuperado.
Em resumo: a história que diz que o padre Robson foi inocentado das acusações de desvio de dinheiro na Afipe é falsa! A nota usada como base para a história, na verdade, é antiga e faz menção a outro caso. O comunicado foi publicado no dia 14 de março de 2019 e falava sobre o caso onde padre Robson foi extorquido por hackers. Vale ressaltar que as investigações do Ministério Público seguem a todo o vapor e, até o momento, padre Robson ainda não foi condenado e muito menos inocentado. No momento, o sacerdote é considerado suspeito. Ou seja: antes de tomar qualquer decisão, é de bom grado esperar a decisão da Justiça.
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